Área no Extremo Sul da Capital se desenvolveu a partir de 1970, com a criação de estradas e da Reserva Biológica José Lutzenberger
Em contraste com o ritmo acelerado da área mais urbana de Porto Alegre, o Lami preserva um cotidiano em que a natureza ainda é protagonista. No Extremo Sul da Capital, o bairro reúne áreas verdes conservadas, produção rural e a praia de água doce do Guaíba, onde é possível até tomar banho durante o veraneio.
Os elementos, que hoje fazem do Lami um refúgio diante da vida agitada da cidade, sempre acompanharam sua história. Até os anos 1970, o bairro era habitado principalmente por pescadores e permanecia bastante isolado do restante da cidade.
Nesse período, o Guaíba oferecia sustento aos moradores, que encontravam em suas águas uma fonte de alimento e de trabalho, ainda sem as restrições impostas pela poluição que viria mais tarde.
Sem vias de ligação diretas com o Centro, os pescadores enfrentavam dificuldades para levar a produção até os pontos de venda da Capital. Mas o cenário começaria a mudar a partir da década de 1970, com dois fatores que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do local: a criação de uma estrada de asfalto entre o Belém Novo e o Lami, e a constituição da Reserva Biológica do Lami.
O acesso facilitou a integração entre os bairros e o escoamento dos produtos, enquanto a reserva se tornou um marco na história ambiental de Porto Alegre pela importância na preservação da biodiversidade local. Com o tempo, o Lami também passou a se consolidar como um espaço de lazer, atraindo moradores de diferentes regiões que buscavam nas águas do Guaíba e no ambiente preservado um refúgio.
A oficialização do Lami como bairro aconteceu somente em 12 de setembro de 1991, por meio da Lei Municipal 6893.
🌳 Preservação, educação e pesquisa na Reserva Biológica do Lami
A história da Reserva Biológica do Lami começa em 1975, quando foi criada para proteger a Ephedra tweediana, uma planta rara e ameaçada das restingas no Sul de Porto Alegre.
O local de 204,04 hectares representou uma das primeiras iniciativas ambientais implantadas e geridas por um município no Brasil e recebeu o nome do ambientalista José Lutzenberger, em reconhecimento à importância de sua luta ambiental.
A reserva desempenha papel fundamental na conservação da biodiversidade local. Abriga ecossistemas típicos de restinga, com solos arenosos e vegetação adaptada a condições de salinidade e umidade, além de diversas espécies da fauna silvestre.
Também se tornou referência em pesquisa científica e educação ambiental, funcionando como espaço de estudo e de conscientização da importância da preservação.
📍 Território indígena e presença ancestral
A história do Lami também está diretamente ligada à presença ancestral de povos indígenas, especialmente os Guarani Mbya, que ocupam a região há muito antes da fundação da cidade. Existem também vestígios arqueológicos de grupos ainda mais antigos, ligados à Tradição Umbu, de caçadores, coletores e pescadores.
Hoje, a comunidade Guarani que permanece no Lami enfrenta dificuldades, como a paralisação da demarcação de seu território e os impactos das enchentes recorrentes no Rio Grande do Sul.
As informações que a ajudam a contar sobre a origem do bairro estão disponíveis nos registros do Centro de Pesquisa Histórica vinculado à Coordenação de Memória Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, criada em 1989.
📖 As possíveis origens do nome Lami
A origem do nome “Lami” não é consenso e conta com diferentes interpretações. Uma delas aponta que o termo estaria ligado ao sobrenome de uma família proprietária de grandes áreas de terra na região. Outra versão associa a palavra a Lahmi (ou Lami), personagem bíblico citado como irmão de Golias. Há ainda a hipótese de que seja uma adaptação de beit-ha’lahmi, expressão hebraica que significa “o de Belém”.
🥬 Da terra para a mesa da cidade
Além de ser lembrado pela praia de água doce e por ser destino de lazer e veraneio, o Lami é também um importante polo de produção rural em Porto Alegre. Com cerca de 4 mil hectares – o equivalente a 8,28% do território do município – concentra propriedades voltadas à agricultura, pecuária e turismo rural.
No campo, agricultores cultivam hortaliças, frutas e grãos que abastecem feiras e mercados da cidade. O turismo rural, oferece experiências ligadas à produção agrícola e ao contato direto com a natureza, fortalecendo a economia local e ampliando a integração entre a área rural e a urbana da Capital.
🏡 A história dos bairros
Desde março, o Redescobrir a Cidade está contando a história dos bairros de Porto Alegre e a origem de seus nomes. Além da história do bairro Lami, você também pode ler:
Correio do Povo
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