Após município registrar segunda inundação em período de um ano, forças da natureza começam a tomar conta de bairros como Cidade Verde e Chácara
Não há pontos de inundação neste sábado em Eldorado do Sul, na região Metropolitana. A cidade ainda se recupera da última cheia do Rio Jacuí, entre o final de junho e o início deste mês, quando mais de 5 mil moradores chegaram a sair de casa. Após ter sido inundado duas vezes em pouco mais de um ano, o município soma bairros cada vez menos habitados e já começa a ser invadido por forças da natureza no entorno.
Quem caminha por ruas no bairro Cidade Verde encontra residências vazias, acúmulo de lixo e até mesmo roupas que foram abandonadas em varais. Algumas vias fazem divisa com áreas de preservação ambiental, onde quase não é mais possível separar o asfalto de elementos da fauna e flora.
Não é incomum observar pássaros silvestres no entorno da rua São Miguel. Também ali, a vegetação sobre por muros e cercas e entra no pátio de casas sem moradores. Em meio ao canto das aves, é possível ouvir o ranger de portões entreabertos com a força do vento.
O pescador Paulo Ribeiro, 61 anos, está em busca de outra moradia. Ele conta que a estrutura de sua casa ficou comprometida devido à força da água. “Em breve, serei mais morador a deixar o Cidade Verde. Não precisei sair de casa durante a última enchente, mas meu imóvel está condenado e preciso ir para outro lugar. Por outro lado, sei que os transtornos são consequência de termos invadido uma área que pertence à natureza”, pondera o morador.
O mesmo cenário vigora no bairro Chácara. Entre a rua Edmundo Schwuchow e a avenida Nestor Jardim Filho onde galhos retorcidos envolvem construções em destroços. Um terreno com duas casas de alto padrão, ambas desabitadas, está tomado por ervas daninhas. A vizinhança diz que um casal morava na propriedade, mas a família foi embora e aguarda o ressarcimento do seguro imobiliário. O prejuízo é estimado em mais de R$ 500 mil.
"Quem tem condições, procura outro lugar para morar. A vontade de sair do bairro é tanta que os moradores relevam os investimentos deixados para trás. Moro e trabalho aqui há quase duas décadas, e estou determinado a permanecer mais tempo”, considerou Júlio Prestes, 53 anos, que é dono de uma oficina mecânica.
Correio do Povo


Nenhum comentário:
Postar um comentário