100 anos depois, enterro de fios e cabos em Porto Alegre ainda enfrenta impasse

 Primeira tentativa de intervenção do tipo na Capital ocorreu em julho de 1925

Fiação elétrica em Porto Alegre | Foto: Camila Cunha

Um decreto da Prefeitura de Porto Alegre determinou que, dentro de determinado perímetro da área central, “fica imposta a obrigação de condutores subterrâneos, quer para transmissão, quer para a distribuição de energia elétrica aplicada aos diversos fins industriais”. Poderia ser informação de um dia recente qualquer, mas este texto foi publicado no Correio do Povo do dia 3 de julho de 1925, ou seja, há mais de um século, quando o prefeito, na época denominado intendente, era Otávio Rocha.

De lá para cá, a chegada da Internet e outros avanços, somados à explosão populacional, demandaram melhoria nas comunicações, mas os cabos aéreos nos postes permanecem praticamente insubstituíveis nas ruas da Capital. Com efeito, afetam a estética da paisagem urbana, são suscetíveis a furtos e podem cair durante chuvas mais fortes, prejudicando serviços da população.

Em 2023, o prefeito Sebastião Melo sancionou a lei 13.402, que obriga novos cabeamentos subterrâneos para as redes de infraestrutura telefônica, fibra ótica e energia, e estabelece um prazo de 15 anos para o enterro dos antigos em construções consolidadas. O projeto de lei veio da Câmara, dos então vereadores Cassiá Carpes e Fernanda Barth, esta última hoje secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos (SMDETE).

Fiação elétrica em Porto Alegre Camila Cunha

“Sabemos que esta mudança representa um desafio técnico e logístico muito importante, por isso, entendemos que as operadoras e concessionárias devem estruturar um planejamento estratégico consistente para este fim, mas estamos abertos ao diálogo. Esta fragilidade nos serviços essenciais precisam ser superados”, afirmou a secretária-adjunta da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Júlia Zardo.

Diante da situação, o novo Plano Diretor de Porto Alegre, a ser apresentado nos próximos dias, segundo ela, deverá apresentar estratégias para que este processo seja facilitado, entre elas, mínimos de 4 metros para a largura do passeio em calçadas, ante 2,75 metros atualmente, e dos atuais 12,5 metros para 17,5 metros no chamado gabarito viário, ou seja, a largura de ruas.

Esta não é a única novidade: conforme a pasta de Parcerias (SMP), um projeto de parceria público-privada (PPP) para viabilizar este enterramento está em desenvolvimento na secretaria, pela primeira vez na Capital. A empresa escolhida ficaria responsável por implementar a fiação subterrânea. “O modelo do projeto está em fase inicial de estudos, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por se tratar de projeto em fase incipiente de elaboração, ainda não há definição quanto à prazo e aporte de recursos financeiros”, disse a SMP, em nota. A CEEE Equatorial também foi contatada, mas não enviou um retorno até o fechamento desta reportagem.


Correio do Povo

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