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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Dólar sobe 1,57%, a R$ 5,11, maior valorização em quatro semanas

 Moeda fica acima de média móvel de 100 dias, abaixo da qual havia fechado na véspera pela primeira vez desde junho



O dólar deu um salto nesta terça-feira e fechou na maior alta diária em quatro semanas, com o real liderando as perdas entre pares globais, conforme o mau humor externo ditou uma realização de lucros no mercado local de câmbio, após o dólar flertar mais cedo com o piso psicológico de R$ 5.

A sessão foi particularmente influenciada pela tradicional "briga" entre comprados e vendidos em torno da taxa Ptax de fim de mês, que será definida nesta quarta-feira, movimento que costuma adicionar volatilidade aos negócios. O dólar à vista subiu 1,57%, a R$ 5,112, maior valorização percentual diária desde 2 de agosto (1,93%). Voltou, assim, a operar acima de sua média móvel de 100 dias, abaixo da qual havia fechado na véspera pela primeira vez desde junho.

Na mínima do dia, a cotação marcou R$ 5,008, queda de 0,50% no dia e menor patamar desde meados de junho, antes de recobrar forças e bater um pico de R$ 5,122, alta de 1,77%. O real liderou o bonde das moedas em depreciação nesta terça-feira, numa lista encabeçada sobretudo por divisas correlacionadas às commodities e que nos últimos dias haviam tido performance superior ao mercado geral na esteira do rali das matérias-primas.

Mas nesta sessão o petróleo, por exemplo, desabou mais de 5% nos mercados internacionais, e o minério de ferro, um dos principais produtos da pauta de exportação brasileira, caiu abaixo de 100 dólares a tonelada nas bolsas de Dalian e Cingapura, em meio a temores relacionados à Covid-19.

"Hoje é uma reavaliação do movimento exuberante que a gente (o real) teve nos últimos pregões. Faz sentido, acho que é salutar", disse Fábio Guarda, sócio-gestor da Galapagos Capital, segundo o qual a defesa por investidores de uma série de estruturas no mercado de opções relacionadas à Ptax de fim de mês impediu que o dólar rompesse o piso psicológico dos R$ 5.

O real é tido como uma moeda de "beta" alto, ou seja, tende a variar mais em comparação a uma referência, o que em parte explica os movimentos mais dilatados da taxa de câmbio doméstica. Mais recentemente, contudo, houve um descolamento da moeda brasileira em relação a seus rivais, o que fez surgir uma "boca de jacaré" quando em comparação ao índice MSCI para moedas emergentes, por exemplo.

Entre 17 de agosto e a véspera, enquanto o índice caiu 1,22%, a taxa de câmbio brasileira dólar/real valorizou 2,69%. Para Guarda, apesar do movimento negativo desta terça, a conjuntura é favorável ao real. Ele cita perspectiva de mais demanda por produtos agrícolas exportados pelo Brasil, elevado diferencial de juros e sinais de inflação cadente no país.

"Em nem todo concurso de feiura o Brasil se destaca", disse o gestor, pontuando ainda que, a despeito de preocupações com mais despesas públicas a partir de 2023, o mercado entende que não haverá ruptura da política macrofiscal e que algum sinal de controle de gastos poderá ser emitido por qualquer um dos dois principais postulantes ao Palácio do Planalto que se sair vitorioso nas eleições.

A queda recente do dólar no Brasil levou estrategistas do Morgan Stanley a considerar que a moeda norte-americana entrou em "bear market" (mercado em baixa) também numa abordagem estratégica semanal, um "bear market" diário já era considerado. Mas em termos mensais os profissionais seguem vendo "bull market" (mercado em alta) para o dólar.

Guarda, da Galapagos Capital, se diz comprador de real nos patamares atuais. "O preço mais juro, dado o 'carry' (retorno) seria perto de R$ 4,5. É muito factível a gente operar nesses patamares", disse, não descartando, inclusive, um "overshooting" do real, ou seja, uma valorização mais forte da moeda, para a fronteira de R$ 4 por dólar, R$ 3,90 por dólar.

R7 e Correio do Povo

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