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segunda-feira, 9 de maio de 2022

Pedidos de demissão batem recorde no Brasil em março

 


Apesar do mercado de trabalho ainda fraco, muitos brasileiros estão se “desapegando” dos seus empregos.

Do total de 1.816.882 desligamentos registrados em março, 603.136 foram voluntários, ou seja, a pedido do trabalhador – o equivalente a 33,2% do total. Isso em meio a um desemprego que atinge 12 milhões de brasileiros.

O levantamento feito pela LCA Consultores leva em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no País.

Trata-se do maior número de demissões a pedido em um único mês desde janeiro de 2020, início da série histórica do Caged com a metodologia atual de contagem de vagas.

Em fevereiro, que era o recorde até então, foram 560.272 demissões voluntárias, de um total de 1.684.636, o que também equivale a 33,2%. Comparando o mês de março de 2021 com o deste ano, o aumento no pedido de demissões foi de 38%. Já em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento havia sido de 24%.

De acordo com Bruno Imaizumi, responsável pela pesquisa, trata-se de um movimento de continuidade de normalização do mercado de trabalho.

“A gente tem que lembrar que no começo da pandemia muita gente acabou aceitando emprego que não tinha afinidade com suas formações. Agora os efeitos da pandemia estão cada vez menores no mercado de trabalho e tem muita gente que acaba se demitindo para acabar se admitindo em outro lugar em profissões mais condizentes com suas qualificações”, diz.

Home office

O economista complementa que muitas empresas estão voltando para o trabalho presencial. Com isso, para os trabalhadores que viram que essa modalidade não é benéfica em termos de qualidade de vida, essa volta ao ambiente de trabalho acaba pesando na escolha do profissional, que prefere trabalhar de casa em vez de pegar trânsito todos os dias, por exemplo.

“Isso para empregos específicos, mais voltados para o setor de serviços em que seja possível trabalhar de casa”, ressalta.

Foi o caso do analista de finanças Wellington Lima, de 35 anos. Ele trocou um emprego em que ganhava um alto salário e tinha um cargo de gestão para ganhar 50% a menos em uma função bem abaixo da anterior. Tudo para poder trabalhar em casa e ficar perto da família.

“Hoje me sinto pleno, me sinto feliz. A minha remuneração não é a mesma que eu tinha no emprego anterior, mas a remuneração maior é o fato de estar ao lado da família, trabalhar almoçando em casa. Intercalando esse tempo entre trabalho e família, tendo essa flexibilidade, poder trabalhar um pouco mais confortável”, afirma.

Em relação ao estoque de vagas, ou seja, o total de empregos com carteira assinada, o setor de alojamento e alimentação foi o que mais registrou pedidos de demissão em março.

Já os setores de Atividades Administrativas e Serviços Complementares; Informação e Comunicação; e Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas vêm em seguida na maior proporção de pedidos de demissão dentro do total de vagas. Nesse último caso, mostra-se um movimento de pedidos de demissão vindo principalmente de profissionais mais qualificados e de setores mais aquecidos, como de TI.

Para obter os dados por setores, Imaizumi fez o ajuste pelo total de trabalhadores dentro de cada atividade (estoque de vagas) para obter maior precisão nas informações, já que no caso do comércio, a quantidade de trabalhadores é significativa.

Segundo Bruno Imaizumi, o setor de alojamento e alimentação aparece em primeiro lugar porque foi uma atividade muito prejudicada pela pandemia.

“Agora com a recuperação desse setor, muitos trabalhadores, com a abertura de novos restaurantes, pousadas e hotéis, estão se demitindo porque estão recebendo ofertas melhores de outros lugares”, explica.

Já os outros três setores com maior proporção de pedidos de demissão estão relacionados a vagas mais técnicas que permitem a realização de trabalho remoto.

O Sul

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