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terça-feira, 10 de maio de 2022

Bolsa cai 1,79% e zera ganhos no ano; dólar vai a R$ 5,15 com preocupações sobre crescimento e juros

 


O Ibovespa teve mais um dia de forte baixa, zerando as altas acumuladas no ano, enquanto o dólar fechou com valorização expressiva ante o real, voltando ao patamar acima dos R$ 5,15.

Os ativos domésticos seguiram pressionados pelo ambiente negativo no exterior, com os investidores temendo um cenário de desaceleração do crescimento global em meio a um processo de altas de juros em várias economias desenvolvidas.

O principal índice da B3 caiu 1,79%, aos 103.250 pontos. Com o resultado, o Ibovespa voltou para o campo negativo no acumulado anual, com baixa de 1,50% em 2022.

É o pior patamar de fechamento desde o pregão de 10 de janeiro, quando o índice terminou cotado na faixa dos 101.945 pontos.

A moeda americana, por sua vez, teve alta de 1,56%, negociada a R$ 5,1544 após atingir a máxima de R$ 5,1599. É o maior valor de fechamento desde o pregão do dia 15 de março, quando a moeda terminou cotada em R$ 5,1587. Mas, no ano, o dólar ainda acumula queda de 7,54% contra o real.

Os juros futuros fecharam em queda acompanhando o leve recuo dos títulos do Tesouro americano, os chamados Treasuires.

No fim do pregão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 cedeu de 13,34% no ajuste anterior para 13,285% e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,06% para 12,945%.

Já a do DI para janeiro de 2025 cedeu de 12,56% para 12,425% e a do DI para janeiro de 2027 teve queda para 12,285% ante os 12,39% da leitura anterior.

Receios com crescimento e juros

A adoção de uma política monetária mais rígida pelo Federal Reserve, Banco Central americano, e a aversão ao risco provocada pelas medidas de restrição impostas na China promovem uma valorização da divisa nas últimas semanas.

“Por trás do mau humor de investidores seguimos encontrando preocupações com um cenário de economia robusta de um lado, e pressões inflacionárias e elevação de juros, do outro”, destaca a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá.

Para Rachel, o receio de uma potencial recessão adiante na economia americana, em meio ao conflito entre Ucrânia e Rússia sem um fim aparente e os lockdowns ainda vigentes na China acabaram ofuscando parte dos resultados positivos divulgados por empresas no primeiro trimestre do ano.

“O mercado se atentou que o discurso do Fed está mais hawkish (favorável à retirada de estímulos). Temos visto nos últimos pregões a valorização dos Treasuries e dos DIs no Brasil”, ressalta a economista da CM Capital, Ariane Benedito.

Para Ariane, parte do mercado já tem a leitura de estagflação, quando se combinam crescimento baixo e inflação alta.

“Enxergamos os Estados Unidos em pleno emprego, com atividade aquecida, o que força ainda mais uma política contracionista por parte do Fed. Os investidores estão falando sobre estagflação.”

Ela ainda destaca que o mercado local vem sendo pressionado pela saída de recursos estrangeiros, que tanto ajudaram o Ibovespa no primeiro trimestre.

Até o pregão do dia 5 de maio, o fluxo estrangeiro no segmento secundário da B3, aquele com ações já listadas, estava negativo em R$ 7,87 bilhões. Isso depois de uma retirada de R$ 7,67 bilhões em abril.

No acumulado do ano, o saldo é positivo em R$ 49,77 bilhões.

“Como tivemos uma entrada muito grande, ainda temos espaço para reverter. Tudo vai depender também da condução da política monetária aqui dentro. Esse investidor está avesso ao risco e procurando os ativos em economias mais desenvolvidas.”

O Sul

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