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quinta-feira, 5 de maio de 2022

Banco Central anuncia a nova taxa básica de juros no Brasil: 12,75% ao ano, maior patamar desde 2017

 


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (4) a taxa Selic de 11,75% ao ano para 12,75% ao ano. A decisão foi unânime.

O aumento de um ponto percentual representa o décimo avanço seguido da taxa básica de juros da economia.

Com isso, a Selic atinge o maior patamar em mais de cinco anos. Em janeiro de 2017, a taxa estava em 13% ao ano.

Na reunião anterior, em março, o Copom registrou em ata que elevaria a taxa novamente em um ponto percentual. Assim, o aumento para 12,75% em maio era esperado pelo mercado financeiro.

Inflação em alta

O objetivo da alta no juro é tentar conter a escalada da inflação. Pressionado principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o IPCA-15 – considerado u prévia da inflação oficial do país — ficou em 1,73% em abril. Em 12 meses, atingiu a marca dos 12%.

Com alta de 7,51%, a gasolina foi a principal responsável pela alta da inflação na prévia de abril. Houve altas acentuadas também do diesel, do etanol e do gás veicular, levando a alta dos transportes a 3,43% na prévia do mês.

Os números da inflação mostram que encher o carrinho do mercado também está mais difícil. Os preços dos alimentos e bebidas aumentaram 2,25% na prévia de abril, puxados por produtos consumidos dentro de casa.

No fim de março, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou que a inflação brasileira deveria atingir seu pico no mês de abril, começando a desacelerar nos meses seguintes. Porém, ele já havia estimado anteriormente que a inflação começaria a ceder no fim de 2021, o que não aconteceu.

Próximos passos

O mercado financeiro também está de olho nas sinalizações sobre a taxa Selic para os próximos meses.

No fim de março, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, chegou a indicar que o aumento previsto para o mês de maio, para 12,75% ao ano, seria o último do atual ciclo de alta dos juros. Ou seja, sem novas elevações nos meses subsequentes.

Entretanto, em abril, o presidente do BC admitiu que a inflação havia surpreendido e que, por isso, a instituição iria analisar mais profundamente os últimos índices de inflação. Deste modo, deu a entender que novos aumentos são possíveis.

A expectativa do mercado financeiro, em pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 bancos, é de que a taxa Selic terá novo aumento em junho, para 13,25% ao ano. E que terminará 2022 neste patamar.

Sistema de metas

Para calibrar o nível dos juros, o sistema adotado é o de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.

Em 2022, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. O mercado financeiro e o BC, porém, já preveem a inflação de quase 8% em todo este ano. Se confirmado, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação.

Neste momento, porém, o BC já está ajustando a taxa Selic para atingir a meta de inflação do ano que vem, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Na semana passada, o mercado financeiro estimou que a inflação oficial somará 4,10%. A previsão, portanto, está acima da meta central, mas ainda dentro do intervalo de tolerância.

Consequências da alta dos juros

De acordo com economistas, o aumento do juro básico da economia, para conter a inflação, tem vários reflexos na economia. Entre eles, estão:

  • Aumento das taxas bancárias, e a tendência é que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. No ano passado, a elevação do juro bancário foi o maior em seis anos. Em fevereiro, a taxa média cobrada pelos bancos foi a maior em dois anos e meio.
  • Influência negativa no consumo da população e nos investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Na semana passada, analistas projetaram uma expansão de 0,7% para este ano, contra um crescimento de 4,6% em 2021.
  • Gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. No ano passado, com a elevação da Selic e da inflação, os gastos com juros foram os maiores em seis anos. E a expectativa de economistas é de que essa despesa deve bater recorde em 2022. As despesas com juros impactam a dívida pública, indicador olhado por investidores internacionais.
  • Aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais. Em março, o Tesouro Direto, programa de oferta de títulos públicos pela internet para pessoas físicas, registrou a maior a maior venda em quase três anos.

Fiergs entende que elevação da taxa de juros não deveria chegar a 1%

A decisão, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), leva em conta a persistência da inflação, que segue alta, mas a entidade entende que a elevação não poderia ultrapassar 0,75 ponto. “Com a continuidade do conflito do Leste Europeu e os efeitos da política ‘Zero Covid’ na China, vemos um cenário desafiador para as cadeias industriais, ainda em recuperação”, afirma o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry, ressaltando que o crescimento da inflação ocorre não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Além disso, de acordo com o presidente, os juros no exterior começaram a subir muito tempo depois do que os juros brasileiros. “A taxa Selic saiu de 2% para 12,75% em pouco mais de 12 meses, um espaço de tempo muito curto. Os impactos desse aperto monetário ainda não se manifestaram completamente sobre a economia e a atividade começa a dar sinais de enfraquecimento. Esse quadro sugere uma postura mais cautelosa do Banco Central daqui para a frente”, diz.

Fecomércio-RS: “amargo remédio”

“A nova elevação dos juros confirma o ajuste esperado na dose do amargo remédio para combater a inflação, que segue elevada e persistente, tirando poder de compra das famílias e pressionando custos nas empresas. Juros em alta significam crédito mais caro, com as dívidas atreladas à Selic crescendo muito rapidamente (como é o caso do Pronampe), exigindo um esforço de adaptação ainda maior do empresário em um momento em que seguimos somando esforços para continuar a recuperação da crise provocada pela Covid-19”, aponta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn

“Estamos diante de tempos desafiadores em que as incertezas e condições do cenário internacional – guerra na Ucrânia, lockdowns na China, juros crescentes no mundo todo (sobretudo nos EUA) – deixam espaço aberto não apenas para ajustes adicionais na Selic, mas para a possibilidade de ficarmos com a taxa de juros básica da economia mais alta por mais tempo”, completa.

O Sul

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