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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

AUTOCONHECIMENTO – Você se conhece?

 O processo individual e contínuo de descoberta de si mesmo, que retira o ser humano da ignorância em relação ao significado da sua própria existência e eleva-o a um grau superior de sabedoria e de autodomínio, harmonizando-o com a vida, é chamado de Autoconhecimento – você se conhece?

Esse conceito dá mostras da magnitude e da importância da tarefa. A evolução adquirida nesse processo implica em melhoria em todos os setores da vida de uma pessoa. Isso justifica que deve-se colocar o autoconhecimento como uma prioridade.
Na antiga Grécia já se sabia da importância do autoconhecimento para a evolução do ser. Famosa é a frase “Conhece-te a ti mesmo” inscrita no pórtico do templo de Delfos e embora não tenha-se a certeza do autor, alguns atribuem-na a Sócrates. A frase completa, porém, é: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”.
"Todo ser tende a realizar o que existe nele em germe, a crescer, a completar-se” (Dra. Nise da Silveira)."
O início do processo
Algumas pessoas iniciam o processo de autoconhecimento por uma inquietação existencial ou curiosidade intelectual. Para algumas outras o impulso se dá pela dor ou sofrimento.
Independente da motivação, é natural chegar-se a um racional reconhecimento de que há outras dimensões do ser além do corpo físico. A partir daí, em todos os casos, uma força inexplicável as impele seguir adiante na busca e assim o processo deslancha.
O fato é que o autoconhecimento pleno chegará para todos. O que diferencia uns dos outros é o ritmo, a velocidade que cada um impõe ao seu próprio processo, e que por óbvio, quanto antes for dado início viver-se-á mais tempo da melhor forma, como veremos mais detalhadamente a seguir.
A nossa dimensão mais óbvia e mais acessível é o corpo físico. Desde já, é importante dizer seja qual for o propósito da nossa vida na terra, precisamos de um corpo saudável que nos mantenha aptos para cumprirmos tal propósito. Portanto, fundamental é saber as nossas capacidades e limitações físicas. Alimentar-se bem, praticar exercícios e manter-se ativo física e mentalmente o máximo que puder.
Interiorização_Desenvolvimento da personalidade
Segundo Carl Gustav Jung _ psiquiatra suíço que fundou a psicologia analítica_ o indivíduo se desenvolve para chegar a ser uma personalidade plenamente diferenciada, equilibrada e unificada. Essa é a direção do desenvolvimento, embora, no estágio evolutivo em que a humanidade se encontra, raramente, ou quase nunca, testemunhou-se alguém que tenha alcançado essa “plenitude”. Algumas exceções existiram e podemos citar dois exemplos: Jesus e Buda.
A esse processo de desenvolvimento pessoal, de autorrealização, Jung deu o nome de Individuação (1). É um processo inato e ninguém consegue escapar-lhe, embora o ritmo e os caminhos tomados sejam diferenciados para cada um. A boa notícia é que o homem é capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e de influenciá-lo.
A estrutura da nossa personalidade ou psique, é formada por várias instâncias com funções diferenciadas. Precisamos integrá-las. Tornar consciente o que é inconsciente. De forma simplificada, esse é o processo de crescimento pessoal, de Individuação a que Jung se refere.
A psiquiatra Nise da Silveira disse sobre o processo de individuação:
"Precisamente no confronto do inconsciente pelo consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um indivíduo específico e inteiro.”
E Jung diz sobre essa confrontação:
"É o velho jogo do martelo e da bigorna: entre os dois, o homem, como o ferro, é forjado num todo indestrutível, num indivíduo. Isso em termos toscos, é o que eu entendo por processo de individuação”
Assim como o corpo precisa de uma alimentação adequada e de exercício para crescer de uma maneira saudável, também a personalidade necessita de experiências adequadas e de educação para sua individuação sadia.
É muito raro haver alguém que possa acelerar por conta própria, ou seja, conscientemente, o seu processo de individuação. A sociedade, a cultura e a educação, desviam-lhe o foco e via de regra suprime-lhe a espontaneidade. Tais fatores absorvem a sua energia colocando-a à disposição da persona, do ego, tornando a tarefa de aceleração do autoconhecimento sem ajuda de outrem quase impossível. Nesse momento entra o precioso auxílio da psicoterapia.
Existem muitas “linhas” de psicoterapias e cada um deve procurar inteirar-se das existentes, buscar aquela que mais se adeque ao seu perfil e que lhe traga maior benefício.
O Self
Vale lembrar: o processo de individuação é contínuo, infinito e não linear. Trata-se de um movimento que gira em espiral e leva a um novo centro psíquico. Jung denominou este centro de self (si mesmo). É o centro e o organizador da personalidade. O self atrai o consciente e o inconsciente em torno de si, harmonizando-os. Quando isso acontece a personalidade está completa, ela ganha senso de “unidade” e firmeza.
Todas as etapas desse processo são passos a caminho da totalidade psíquica e nos aproximam mais da nossa verdadeira natureza, pois é como se fossemos tirando camadas que nos impediam de percebê-la.
Conforme vamos percebendo essa natureza essencial, ela vai se tornando mais consciente e logo mais ativa em nossa vida e dia-a-dia.
Passamos a pensar e agir mais da forma que realmente somos do que da maneira antiga do ego. Porém você não deixa de ter ego. Ele continua existindo, pois você precisa dele pra viver em sociedade, ele só não comanda mais totalmente a sua vida.
A meditação (2)
Todo esse processo se assemelha muito aos ensinamentos de algumas filosofias orientais; àquelas que defendem exatamente o encontro da verdadeira natureza, mas sem negar o mundo em que se vive, a realidade externa.
Algumas práticas de meditação, como por exemplo a mindfulness, propõe a atenção plena no momento presente e o “desligar” dos pensamentos, que nos traz a compreensão de que não somos a nossa mente, mas sim uma consciência “além” dela, que a observa e que pode sim, direcioná-la. Com a regularidade dessa prática, realmente sentimos que não somos os nossos pensamentos, sentimos essa “atenção plena” essa consciência por trás da mente.
Em outras palavras a proposta é a mesma do processo de individuação, um distanciar do próprio ego, para compreender que somos muito mais que ele. E o ser transcende. Compreende o que antes não compreendia…
Por isso a meditação é tão eficaz no processo, pois com regularidade a prática traz exatamente essa sensação de “ser“: essencial, pleno e inteiro. Existem muitos tipos de meditação e trataremos disso em artigo futuro.
Enfim, a meditação e a terapia é uma combinação poderosa que acelera de forma consistente o autoconhecimento.
Benefícios do autoconhecimento
Os benefícios do autoconhecimento são inúmeros e podemos citar alguns exemplos:
manter-se conectado à sua essência; à sua verdadeira natureza.
reconhecer-se espírito imortal;
descobrir o propósito na vida;
fortalecer a autoestima;
descobrir todo potencial que se tem;
dominar os próprios sentimentos e emoções;
fazer melhores escolhas ativas e reativas;
descobrir vocação profissional e pessoal;
confiar mais em si mesmo;
resiliência frente aos infortúnios da vida;
respeitar as diferenças (alteridade);
curar medos de coisas e pessoas;
manter-se em paz e sereno…
Gostaria de registrar que o assunto é vasto, e aqui, dado as limitações de espaço e tempo, foi abordado de forma simplificada e o mais objetivo possível. Contudo, espero ter deixado claro o lugar de destaque que esse processo deve ou pelo menos deveria ter na vida de todas as pessoas.
Na medida que o autoconhecimento acontece ele simultaneamente se transforma em autodesenvolvimento. É um processo para uma vida inteira.
Na verdade, eterno!
Por: Marcelo Castro
Adm. Cultura em Doses
(1) Não confundir com individualização que é: particularização, ação de tornar individual.
(2) Não recomendamos a prática da meditação para pessoas portadoras de psicose. O médico/psicoterapeuta deverá ser consultado.
Fontes:
Jung, C.G, O eu e o inconsciente. Obras completas vol.VII/2. Editora Vozes Jung, C.G, A prática da psicoterapia. Obras Completas vol.XVI/1. Editora Vozes
Nise da Silveira, Jung vida e obra. Editora Paz e Terra..




Fonte: https://www.facebook.com/culturaemdoses/posts/1295172570898079

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