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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Em dia de nova valorização, dólar fecha em R$ 5,57

 Bolsa terminou em alta de 1,05%, aos 98.502,82 pontos, maior nível desde 17 de setembro


A volta do feriado foi marcada por nova valorização do dólar, em dia de noticiário negativo no exterior e preocupações com a falta de avanço do debate sobre ajuste fiscal no Brasil. O pacote de estímulos empacado no Congresso americano, o crescimento acelerado de casos de coronavírus na Europa e a interrupção dos testes da vacina contra a Covid-19 da Johnson & Johnson fizeram o dólar operar em alta generalizada no mercado internacional.

No mercado doméstico, estes efeitos se somaram aos temores da falta de andamento das reformas e fizeram o real ser uma das moedas com o pior desempenho ante o dólar nesta terça-feira, levando o Banco Central a intervir no mercado, ofertando US$ 560 milhões de dólares à vista. Após superar os R$ 5,62 antes do leilão do BC, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,94%, cotado em R$ 5,5783. No mercado futuro, em torno das 17h, o dólar para liquidação em novembro subia 0,80%, em R$ 5,5810.

"Enquanto não houver definição mais clara sobre o fiscal, vamos viver de incerteza e nervosismo", avalia o sócio do grupo Aplix, Igo Falcão. Ele ressalta que o governo de Jair Bolsonaro está mais alinhado com o Congresso, mas a dúvida é até quando vai durar e se de fato as reformas vão avançar com as eleições municipais se aproximando. "O real tem apanhado bastante." Com as incertezas, a Aplix elevou a projeção de dólar para o final do ano de R$ 5,20 para R$ 5,30.

Nesse ambiente de expectativa pelo ajuste fiscal e com a necessidade de empresas remeterem recursos para o exterior no final do ano, Falcão espera vendas mais frequentes de dólares do BC nas próximas semanas. Antes do leilão de hoje, o último que o BC fez foi em 28 de setembro, vendendo US$ 877 milhões. O anterior foi dia 21 de agosto. "As atuações devem voltar a ser mais frequentes", disse o executivo.

Após o dólar cair na sexta-feira ante divisas fortes ao menor nível desde 28 de agosto, hoje o dia foi de alta generalizada. "Uma combinação de fatores aumentou a incerteza e fez o dólar subir", observa o analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo.

Uma das maiores fontes de preocupação é o crescimento acelerado de casos de Covid-19 na Europa, que já tem se refletido nos indicadores da região. O índice de expectativas econômicas da Alemanha divulgado hoje caiu de 77,4 pontos em setembro para 56,1 pontos em outubro, abaixo do esperado pelos analistas financeiros, ajudando o euro a perder força. Já em Washington, quanto mais demorar a sair um pacote de estímulos, mais a economia americana será afetada, ressalta Manimbo.

Ibovespa

Em ajuste ao forte avanço do dia anterior em Nova Iorque, que chegou a 2,56% no Nasdaq, o Ibovespa teve retorno positivo do feriado da Padroeira, apesar da aversão a risco que prevaleceu nesta terça-feira, no exterior, em meio à segunda onda de Covid-19 na Europa, a suspensão dos testes clínicos com vacina da Johnson & Johnson e em medicamento da Eli Lilly, além da falta de avanço sobre o pacote fiscal nos EUA.

Assim, o principal índice da B3 fechou no maior nível desde 17 de setembro (100.097,83 pontos), hoje em alta de 1,05%, a 98.502,82 pontos, tendo quase tocado o nível de 99 mil, aos 98.998,47 pontos na máxima da sessão, saindo de mínima a 97.336,30, com abertura aos 97.483,49 pontos e giro financeiro a R$ 26,1 bilhões no encerramento. Em outubro, avança 4,12%, cedendo 14,82% no ano.

"A sessão teve poucos 'drivers', com o mercado à espera dos balanços locais a partir desta quinta-feira. A ausência de novos ruídos políticos contribuiu para que o Ibovespa fosse atrás dos ganhos de ontem em Nova Iorque, buscando os 99 mil na máxima, mesmo sem a ajuda das ações de bancos na maior parte do dia, que continuam a segurar o índice", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Ele chama atenção para o forte desempenho de Magazine Luiza (+5,96%), com o mercado de olho em novo desdobramento da ação, a partir de amanhã.

Na ponta do Ibovespa, os ganhos de Magalu nesta terça-feira foram superados apenas pelos de B2W (+6,73%), com o setor de varejo eletrônico no foco dos investidores, atentos à aproximação das vendas de fim de ano, a começar pela Black Friday. Logo atrás, Marfrig encerrou hoje em alta de 4,72%.

No lado oposto do índice, Embraer cedeu hoje 2,99%, Yduqs, 2,63%, e MRV, 2,19%. As ações de bancos mudaram de direção e conseguiram na maioria fechar em leve alta, à exceção de Itaú PN (-0,96%) e BTG (-1,64%), enquanto as commodities andaram na mesma direção ao longo desta terça-feira, com destaque para Petrobras PN (+1,67%), em dia de avanço de 1,75% no barril do Brent para dezembro, a US$ 42,45, após dados de comércio exterior acima do esperado para a China, referentes a setembro. Entre as siderúrgicas, também no azul na sessão, CSN, que divulga balanço na quinta-feira, subiu 3,10%, à frente do segmento.

"Na máxima, o Ibovespa foi além dos 98,6 mil do intradia da sexta-feira, mas é preciso ter confirmação deste nível em fechamento - ficou perto, mas não ocorreu hoje. O viés continua a ser de baixa, com o mercado mostrando em certos momentos um pouco mais de otimismo, em outros, pessimismo. Uma posição compradora mais forte deve vir somente aos 100 mil, com resistência importante aos 101,2 mil pontos", observa Rodrigo Barreto, analista gráfico na Necton. Por outro lado, se o índice vier abaixo dos 97 mil, teria prova importante aos 95,5 mil, nível abaixo do qual tende a se enfraquecer, acrescenta o analista.

Juros

Os juros futuros fecharam o dia em queda. A curva de juros começou a semana perdendo inclinação, com as taxas de longo prazo em queda mais firme do que as demais, a despeito da pressão no câmbio e da aversão ao risco nos mercados internacionais. O alívio é atribuído ao que os profissionais nas mesas de operação classificam como uma certa distensão no risco político, embora o fiscal siga preocupante, não havendo no fim de semana prolongado nada de negativo no noticiário de Brasília. Além disso, a reação dos agentes às medidas conjuntas anunciadas pelo Banco Central e Tesouro na sexta-feira à noite foi bastante positiva, atraindo vendedores para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 4,60%, de 4,675% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2022 ficou estável em 3,23%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,554% para 6,43%. A do DI para janeiro de 2027 recuou de 7,534% para 7,38%.

A decisão do Banco Central de fixar um limite máximo de R$ 600 bilhões a ser aceito no leilão de rolagem da operação compromissada com vencimento em 29 de outubro, ante um valor financeiro de retorno estimado em R$ 81 bilhões, foi bem recebida pelos agentes. É a operação que vence um dia depois da próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim como também a do Tesouro, de trocar a oferta de LFT 1/3/2023 pela LFT 1/3/2022 nos leilões semanais e de passar a ofertar NTN-B para 15/5/2023 em quatro leilões extras até o fim do ano.

A expectativa é de que, com a medida do BC, a liquidez de R$ 381 bilhões, ou ao menos parte dela, possa migrar para o mercado de títulos, distensionando prêmios e elevando a demanda pelos papéis, especialmente de longo prazo e LFT. Ainda que a demanda siga concentrada nos vencimentos curtos, a decisão é considerada acertada diante da elevada necessidade de financiamento do Tesouro. "As medidas poderão trazer alívio ao mercado de renda fixa no curto/médio prazo, mas com a ausência da âncora fiscal essa medida poderá tornar paliativa e o problema retornar", afirma relatório da Renascença DTVM, assinado pelo estrategista Fernando Cevi Ferez.

Além da mudança nas compromissadas e no cronograma dos leilões, o mercado de juros também refletiu um ambiente político menos estressado. "Embora sem fatos concretos no fim de semana e feriado, o clima é um pouco melhor, de comprometimento com o fiscal e fortalecimento do ministro Paulo Guedes após o estresse com a questão dos precatórios", disse o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga. Na avaliação dos profissionais, Guedes saiu prestigiado do episódio envolvendo o ministro do Desenvolvimento, Rogério Marinho.


Agência Estado e Correio do Povo

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