AdsTerra

banner

quarta-feira, 31 de julho de 2019

PF vai apurar se ação de hackers foi paga com bitcoin

Investigadores vão cruzar dados encontrados em computadores de grupo preso com informações de corretoras de moedas virtuais

Patrik Camporez e Renato Onofre / BRASÍLIA

Gustavo Henrique Elias Santos, preso na Operação Spoofing. FOTO: ERALDO PERES/AP

LEIA TAMBÉM <?XML:NAMESPACE PREFIX = "[default] http://www.w3.org/2000/svg" NS = "http://www.w3.org/2000/svg" />>Coluna do Estadão – Ataque hacker deixa Poderes atônitos e apreensivos

A Polícia Federal está cruzando informações encontradas nos celulares e computadores dos quatro presos na Operação Spoofing, que investiga a invasão de telefones de autoridades, com registros de corretoras de moedas virtuais – as criptomoedas. A ideia é checar se há relação entre o dinheiro identificado em contas com a eventual venda de mensagens, o que poderia configurar outros crimes, além da invasão de dispositivos informáticos. Os investigadores buscam intermediários e possíveis “patrocinadores” dessas invasões.

Em depoimento à PF, Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, um dos presos na semana passada, afirmou que não recebeu pagamento para repassar as supostas mensagens captadas nas contas de procuradores da Operação Lava Jato ao jornalista Glenn Greenwald, cofundador e editor do site The Intercept Brasil.

As investigações sobre o rastro do dinheiro começaram antes da prisão de Delgatti e dos outros três suspeitos, com um pedido de informações a corretoras que atuam no setor de criptomoedas. Após a prisão, os peritos passaram a vasculhar os aparelhos atrás de e-mails e outras mensagens telemáticas que possam levar às carteiras virtuais, e aos seus donos.

As carteiras são como contas-correntes abertas para realizar as operações de compra e venda das moedas virtuais. De acordo com uma fonte que teve acesso à investigação ouvida pelo Estado, o objetivo é cruzar possíveis números encontrados nas mensagens com o chamado “blockchain”, uma espécie de livro contábil aberto que registra transações financeiras do mercado de criptomoeda.

As transferências virtuais são registradas em um site público, mas apenas os valores e os números das carteiras ficam abertos. Os nomes dos proprietários, no entanto, só são conhecidos pelas corretoras responsáveis pelas contas.

A PF e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já receberam os dados das empresas que os suspeitos usavam para operar com a moeda virtual – Foxbit, Braziliex e Marcado Bitcoin.

Suellen Priscila de Oliveira, presa na Operação Spoofing. FOTO: ERALDO PERES/AP

Corretoras. O CEO da Foxbit, João Canhada, não quis comentar o caso do hacker alegando haver “segredo de Justiça”. Questionado, em tese, se é possível rastrear os pagamentos, Canhada disse que o mercado das moedas virtuais segue padrões de controle que possibilitam identificar a origem e o destino dos recursos.

“Todas as transações são registradas nos blockchains de cada criptomoeda. É como se seu extrato bancário estivesse completamente disponível, mas sem o nome. Se você conseguir associar o número da carteira a um nome é possível saber tudo que ele fez com aquela conta desde a criação da moeda”, afirmou Canhada.

De acordo o CEO da Mercado Bitcoin, a maior operadora de moeda digital do País, Marcos Alves, as comunicações de operações atípicas no setor são feitas regularmente às instituições de controle como a Receita Federal e o Coaf, além de sofrerem controles internos rigorosos.

“Seguimos padrões de compliance como as principais bolsas do mundo. Qualquer tipo de operação suspeita é relatada às autoridades. Dentro do mercado de criptomoeda há sistemas que funcionam como uma espécie de Serasa que alertam para eventuais riscos nas operações”, afirmou Alves, que também não quis comentar o caso da invasão dos celulares investigado pela Polícia Federal.

Bloqueio. Na sexta-feira, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, determinou o bloqueio de ativos que os investigados pela Operação Spoofing tiverem em carteiras de criptomoedas.

Oliveira informou que a PF e o Ministério Público Federal apontaram a necessidade de obter senhas e chaves de acesso das carteiras de criptomoedas do casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira, presos na operação.

No pedido de prisão, a PF incluiu relatório do Coaf que apontou movimentações atípicas nas contas do casal que totalizam R$ 627 mil – R$ 424 mil na de Santos e R$ 203,5 mil vinculado ao nome de Suellen. Ao mesmo tempo, a renda mensal declarada pelos dois é de cerca de R$ 5 mil. Parte dessas transações, de acordo com a versão apresentada pela defesa, tem como origem o mercado de criptomoedas.

Na decisão que autorizou a ação da PF, o juiz Vallisney aponta a necessidade de se investigar possíveis “patrocinadores” do grupo. “Diante da incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal de Gustavo e Suellen, faz-se necessário realizar o rastreamento dos recursos recebidos ou movimentados pelos investigados e de averiguar eventuais patrocinadores das invasões ilegais dos dispositivos informáticos (smartphones)”, escreveu o magistrado.

NOTÍCIAS RELACIONADAS


Estadão


Cabral é condenado de novo, e suas penas somam 215 anos de prisão

Marcelo Bretas condenou Sérgio Cabral mais uma vez hoje. Com a nova sentença, de 18 anos de prisão por corrupção... [leia mais]

Rodrigo Maia brinca com meme sobre ataque de hackers

Em seu Instagram, Rodrigo Maia resolveu brincar com um meme sobre o ataque de hackers a autoridades... [leia mais]

Simone Tebet: "Este governo até acerta no conteúdo, mas o próprio presidente erra na forma"

A senadora Simone Tebet (MDB) disse a O Antagonista ter ficado "perplexa" com a declaração de Jair Bolsonaro sobre... [leia mais]

Trump elogia indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixada

A repórter Raquel Krähenbühl, da GloboNews, perguntou a Donald Trump o que ele achava de Jair Bolsonaro ter indicado... [leia mais]

A carta de Lula para o presidente da OAB

Lula, o presidiário condenado, pegou carona no lamentável comentário de Jair Bolsonaro sobre o pai do... [leia mais]

- Lula errou a data


Suelen chora

Logo no início do depoimento, Suelen Priscila de Oliveira, presa junto com o companheiro Gustavo Henrique Elias... [ leia mais]

- “Eu estava pelado", diz DJ sobre momento da prisão

- "Me chamaram de bandido, hacker, coisas desnecessárias", diz DJ preso na Spoofing

- DJ chega algemado para depor

Bolsonaro reinterpreta 1964? Deputados reinterpretam 2019

Jair Bolsonaro precisaria entender que as suas crenças pessoais não podem pautar sempre as suas falas presidenciais... [leia mais]

- Doria volta a criticar declaração de Bolsonaro: "A ditadura existiu"

- Para Bolsonaro, documentos que comprovam tortura e mortes são "balela"

- Não meta o pai no meio

Nenhum comentário:

Postar um comentário