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segunda-feira, 31 de julho de 2017

No SUS falta droga básica para tratar AVC, aponta levantamento do CFM

Cardiff University Brain Research Imaging Center (Reino Unido)

Modelo tridimensional do cérebro mostrando detalhes das conexões nervosas

PHILLIPPE WATANABE
DE SÃO PAULO


Em levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). com neurologistas do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país, cerca de 57% dos médicos afirmam não contar, no serviço público, com mecanismos para triagem e identificação imediata de pacientes que sofreram AVC (acidente vascular cerebral). Não há também, segundo 32%, acesso à tomografia em até 15 minutos.

Hideraldo Cabeça, da câmara técnica de neurologia e neurocirurgia do CFM, diz que a tomografia e a triagem são importantes para diferenciação entre um AVC isquêmico –com interrupção do fluxo sanguíneo, quadro mais comum– e AVC hemorrágico –quando há rompimento dos vasos sanguíneos. Sem essa identificação precisa, não há como aplicar o tratamento apropriado.

"Dependemos do tempo para realizar o atendimento até 4h após o AVC. Quanto mais tempo se demora, menor a chance do indivíduo se recuperar e mais pacientes ficam com sequelas", diz.

Cerca de 53% dos médicos na pesquisa afirmam não contar com medicamentos trombolíticos, que promovem a desobstrução das artérias, para o tratamento imediato dos pacientes. "Mais de 50% dessa população de médicos dizem que não era possível fazer o básico", diz Cabeça.

Contudo, segundo Daniel Ciampi, neurologista do Hospital das Clínicas e professor da USP, os problemas vão além de chegar rápido ao hospital –dificuldade presente em todo o mundo.

"Uma coisa é a identificação do tipo de derrame. A população geral saber que alguém está tendo um AVC é outro problema", diz Ciampi. Os sinais de um AVC são falta de resposta e fraqueza repentina de um lado só do corpo, boca torta e dificuldades de fala.

Ciampi também diz que o treinamento para clínicos gerais e emergencistas reconhecerem e saberem tratar um AVC é importante, tendo em visa que seria impossível haver neurologistas de plantão em todos os lugares.

"Em hospitais-escolas não falta remédio. Mas não sei se em um hospital pequeno vai ter trombolítico e médico treinado para fazer trombólise [ruptura do trombo que causou o AVC]."

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2012, os AVCs provocaram mais de 6 milhões de mortes no mundo. A condição também é uma das principais responsáveis por incapacitação de pessoas.

Obesidade, diabetes, colesterol alto, hipertensão, estresse, sedentarismo e, em mulheres com enxaqueca, o uso de pílula anticoncepcional podem ser fatores de risco.

Segundo Cabeça, os dados obtidos na pesquisa serão encaminhados ao Ministério da Saúde. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou até o fechamento desta edição.

Editoria de Arte/Folhapress

arte - AVC


Folha de S. Paulo

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