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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Clínicas particulares populares ganham espaço na crise

por Jéssica Alves

1501464246198.jpgEneide (C) e seus pais trocaram o plano de saúde pelas clínicas populares Felipe Raul

Com consultas a partir de R$ 80, redes são opção para quem perdeu renda e não pode mais pagar plano de saúde
Eneide Monteiro ficou desempregada há dois anos e, como muitos brasileiros, viu-se impossibilitada de arcar sozinha com o custo do plano de saúde – ainda mais de igual padrão ao oferecido pela antiga empresa. “Como tenho 45 anos, um plano individual com a mesma cobertura sairia por R$ 800.”

Para cuidar da saúde sem precisar depender da rede pública, ela decidiu aderir à Docctor Med, uma das muitas clínicas populares que têm ganhado espaço em meio à fuga dos planos convencionais. “O que pagaria por mês com o plano é praticamente o que eu gasto por ano”, conta. 
Com o reajuste de 13,55% nos preços dos planos de saúde este ano – mais de quatro vezes a inflação esperada para 2017 –, seus pais Valdemar Oliveira, 79 anos, e Judite Messias, 82, também optaram pelas clínicas de baixo custo.

Os números de beneficiários de planos de saúde vêm caindo desde 2015. No último ano, mais de 830 mil brasileiros deixaram a assistência médica particular. Em junho, havia 47,2 milhões de cadastrados, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Segundo o Instituto de Saúde Suplementar (IESS), houve retração de 0,6% no mercado de planos de saúde no primeiro semestre de 2017 – o que significa o rompimento de 271,2 mil vínculos neste ano.

No Dr. Consulta, uma das redes de clínicas de baixo custo mais conhecidas, a maioria do público já se concentra nas classes B e C. Renato Veloso, diretor da empresa conta que, assim como Eneide, os clientes optam pela clínica “porque perderam o emprego ou o plano ficou muito caro”.

Geilson Silveira, presidente da Docctor Med, conta que, logo no início dos negócios, em 2009, o público majoritário era da classe D, mas, com a atual situação econômica, quase três quartos do público já pertencem à classe C. A empresa promete 70% de desconto no orçamento se comparada aos planos convencionais. Uma consulta sai por R$ 80 e o check-up de análises clínicas completo custa R$ 100. Já um plano de saúde individual com cobertura ambulatorial e hospitalar para pessoas entre 44 e 48 anos custa, em média, R$ 423,41 por mês, segundo a ANS.

Apesar de cobrirem boa parte dos procedimentos corriqueiros e aliviarem o orçamento do consumidor, as clínicas populares podem não ser vantajosas para quem precisa de tratamentos complexos. Como esse tipo de serviço não cobre internação ou atendimento de emergência, Eneide e seus pais reforçam as medidas preventivas. “Meus pais vão de seis em seis meses e eu faço todo o check-up uma vez por ano”, diz.

Além da diferença de custos, ela elogia a agilidade das empresas, que fazem agendamentos por WhatsApp em até sete dias e oferecem “atendimento humanizado” – bem diferente, segundo ela, do que se via nos filiados aos planos.

“As clínicas têm piso de porcelanato, oferecem chá, café, tudo para não ter um ar de demérito, além de ficarem na porta do metrô”, ressalta David Pinto, sócio da Medic Mais. Na clínica, um check-up completo sai por R$ 380 e pode ser parcelado em até três vezes no cartão. A consulta custa R$ 100 e pode ser parcelada em quatro vezes.

Já a Docway, em vez de apostar em um espaço físico, conta com um serviço muito parecido com o do aplicativo Uber. Basta cadastrar os dados pessoais e de pagamento, fazer um breve relato dos sintomas e chamar um médico, que fará o atendimento na casa do paciente. A consulta custa de R$ 200 a R$ 250.

O presidente da empresa, Fabio Tiepolo, afirma que, mais do que economia, o foco da plataforma é a conveniência – tanto que seu público é majoritariamente formado por mães de classe A e B.

Outra iniciativa nessa área partiu de um grupo de clínicas tradicionais de São Paulo. Elas lançaram em julho um projeto piloto, chamado Integra. Ele reúne, em um mesmo cadastro, clínicas com mais de 40 anos de atuação no mercado e que oferecem consultas a preços mais acessíveis, que variam entre R$ 90 a R$ 120.

A ANS é a agência reguladora do setor de planos de saúde privados. As chamadas clínicas populares não são, portanto, reguladas pela Agência. Da mesma forma, não são regulados pela ANS os cartões pré-pago e de desconto para serviços de saúde. Tais cartões possuem características que os diferem dos planos de saúde: não estão previstos na lei dos planos de saúde; não oferecem garantias como o atendimento aos procedimentos previstos no Rol de Procedimentos da ANS; e não são obrigados a atender nos prazos máximos de atendimento estipulados pela Agência. Ou seja, esses produtos não garantem o acesso ilimitado aos serviços que devem ser oferecidos obrigatoriamente pelos planos de saúde.
Caso o consumidor tenha alguma dúvida se o serviço que contratou é um plano de saúde ou não, ou se a empresa é registrada, deve entrar em contato com a ANS pelo portal www.ans.gov.br, ou pelo Disque ANS 0800 701 9656. A fim de dar mais informações ao consumidor, a ANS disponibiliza em seu portal na internet uma cartilha sobre o tema: Cartões de Desconto e Pré-Pago Não São Planos de Saúde.

Fonte: Estadão - 31/07/2017 e SOS Consumidor


Prática do abigeato leva risco à saúde da população

Em escutas telefônicas, suspeitos falam sobre a má qualidade da carne vendida

Por: Giovani Grizotti


Prática do abigeato leva risco à saúde da população Giovani Grizotti/Agencia RBS

Foto: Giovani Grizotti / Agencia RBS

Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça mostram a ação das quadrilhas e o risco à saúde da população. Em investida numa fazenda de Rosário do Sul, o grupo liderado por Edson Rosa, de Canoas, decidiu botar fogo no caminhão que atolou numa fazenda.

O veículo seria usado para o transporte de gado roubado. O objetivo, conforme as gravações, seria "apagar" digitais, anotações e qualquer outro indício que pudesse identificar os criminosos.

– No caso teria de abrir o tanque, tirar o diesel ali e tocar fogo na cabine – ordena Edson na gravação.

Além da queima do caminhão, uma vaca esquecida na carroceria acabou sendo queimada viva.

– Tentaram desembarcar os animais, um deles ficou no caminhão, até porque eles colocam excesso de animais, e quando eles atearam fogo no caminhão, esse animal morreu queimado – diz o delegado Adriano Linhares.

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O advogado de Edson Rosa, Nedy de Vargas Marques, disse que seu cliente "nega veementemente" as acusações.

As gravações alertam para a má qualidade da carne vendida pelos abigeatários, o que é admitido pelos suspeitos. Preso em Venâncio Aires, em junho, Geovane de Paula, o "Maninho", fazia parte da mesma quadrilha de Edson. Numa gravação, ele e um comprador conversam sobre a má qualidade da carne processada por um frigorífico de Arroio dos Ratos envolvido no esquema.

– Chega a feder – diz ele.

– Cheiro de urina que fica – concorda o comprador.

Mas isso não impede que a carne chegue a açougues e pequenos mercados.

– Em algum momento, eles disseram que a carne estava podre e iam maquiar para vender – afirma Leonardo Valente, juiz de Rosário do Sul que atua no processo.

Advogada de Geovane, Arlete Teixeira, disse que ele nega as acusações e vai provar sua inocência.

Existe ainda outra ameaça: o abate de animais dentro do período de carência da medicação usada para combater parasitas, como carrapatos. Já foram descobertos casos de rês carneada por ladrões no dia seguinte à aplicação dos medicamentos. Nesse caso, deveria ser respeitada uma quarentena de 120 dias, até as drogas serem totalmente absorvidas pelo organismo do animal. Foi o que aconteceu numa fazenda de Lavras do Sul.

– Todos os animais estavam com todo o resíduo dos produtos – afirma o criador, que teve seis animais abatidos na propriedade.

O técnico agropecuário da Secretaria da Agricultura, Cláudio Branco, adverte:

– Quem consome (a carne) está correndo o sério risco de adquirir alguns transtornos no seu organismo em virtude da ingestão dessa alta carga de medicamentos.

Vigilância particular em alta

Cansados de esperar pelas autoridades, diversos fazendeiros no Estado decidiram contratar vigilância particular e implantar sistemas de monitoramento para proteger as propriedades. Em Itaqui, na Fronteira Oeste, um segurança costuma fazer rondas encapuzado a bordo de caminhonete tracionada para proteger as fazendas. Ele afirma trabalhar para 16 criadores.

– Hoje, devo ter em torno de 70, 80 informantes, que me passam informação quando o abigeatário sai a cavalo ou quando ele sobe o Rio Uruguai – afirma o vigilante.

Em Candiota, na Campanha, câmeras instaladas nas estradas que dão acesso às propriedades conseguiram diminuir drasticamente as ocorrências, conforme o Sindicado Rural da cidade. Os mecanismos de proteção incluem ainda a criação de grupos de WhatsApp, nos quais os produtores trocam informações.

Foi dessa maneira que um pecuarista de Piratini conseguiu avisar a polícia que ladrões haviam invadido a sua fazenda, onde tinham carneado uma vaca e

30 ovelhas. Ele esperou os animais serem abatidos para depois acionar a Brigada Militar, que fez o flagrante no momento em que os animais eram transportados dentro de um automóvel Gol.


Zero Hora

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