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segunda-feira, 30 de março de 2015

CESAR MAIA: “PAI UZÊDA” É O “BETO ROCKEFELLER” DO POVO!

1. Conheci o garoto Uzêda quando eu morava e era subsíndico do Condomínio Novo Leblon, no início dos anos 80. Apareceu de repente, de origem pobre, e pediu para fazer qualquer coisa e ter alimentação e dinheiro para ir para casa. Voltou no dia seguinte. Surpreendentemente talentoso e inteligente, disse que era desenhista. Pediu papel e fez desenhos surpreendentes.
          
2. Na campanha eleitoral de 1982 sugeriu que fizesse uma história em quadrinhos com quadros gigantes no tapume de uma obra de edifício em construção, dentro do condomínio.  Criou então o “Super Briza”, com Brizola de roupa de super-homem, com B no peito, salvando os fracos e oprimidos. Recebeu uma ajuda de custo de campanha.
          
3. Depois passei um tempo sem vê-lo. Um dia apareceu na prefeitura com um crachá. Um secretário o havia contratado. Depois que me viu, pediu ao secretário para sair. Até que ressurgiu nos jornais populares como Pai Uzêda (com toda a coreografia e vestuário), fazendo previsões para o ano seguinte e para campanhas eleitorais.
          
4. Voltei a vê-lo quando do reassentamento dos camelôs da Avenida N. S. de Copacabana. Eram 5 mil. Programaram uma passeata na avenida, que reuniu muita gente. Eu, já como prefeito, estava no local. No abre alas da passeata, na frente, liderando, estava Uzêda, entoando palavras de ordem. Veio me cumprimentar e dizer para os demais que conhecia “o homem” e poderia negociar.
         
5. Candidatou-se a vereador e deputado algumas vezes sem nenhuma preocupação em ter votos. Queria panfletos para divulgar suas ideias. Várias vezes, na rua ou na porta de meu prédio, veio falar comigo. Nunca pediu nada. Disse que isso mostrava prestígio.
          
6. Mas cinco fatos são inacreditáveis. Um dia, no restaurante da Associação Comercial, o vi almoçando. Perguntei ao presidente da ACRJ quem era. Protásio me disse que era um líder favelado que estava trabalhando junto às comunidades com a ACRJ.  Tinha autorização para almoçar no restaurante e recebia uma ajuda de custo. Passei por ele que, alegremente, me piscou o olho.
          
7. Um dia os jornais destacaram que o presidente Itamar Franco havia recebido o líder dos favelados do Rio de Janeiro. Era ele: Uzêda. Depois, ainda como líder dos favelados do Rio de Janeiro, esteve no Senado com o senador Antonio Carlos Magalhães, que se deixou fotografar com ele para a imprensa. Imagino que conseguiu as passagens de avião e a hospedagem com as autoridades.

8. Uzêda, em 1997, como sambista, entrou no Palácio do Planalto e falou com FHC. (UOL)  Apresentou-se como "mangueirense de coração, flamenguista, fã número 1 e divulgador espontâneo do presidente Fernando Henrique Cardoso", entrou ontem no Palácio do Planalto para mostrar um samba que compôs para seu ídolo. Uzêda, se disse presidente do "Movimento Nacional Volta FHC-98", procurou os jornalistas do Palácio do Planalto, no final da tarde, e descreveu com riqueza de detalhes um encontro que teria tido com FHC, em seu gabinete. "Ele é um homem muito simples. Comi dois sanduíches de queijo com presunto e tomei suco de laranja, que ele me serviu."  O sambista disse que foi ao gabinete de FHC acompanhado pelo porta-voz Sergio Amaral e apresentou seu samba batucando numa caixa de fósforos.  "O Serginho Amaral, que é um embaixador muito light, pediu para eu ficar na minha e trocar a letra pra 'modo diferente' e 'jeito especial"', disse Uzêda.
          
9. Agora, na quinta-feira (matérias no portal Terra e na Folha de SP de sexta, 27), esteve no Palácio do Planalto como Pai Uzêda. Foi recebido com pompas e circunstâncias. Levava apoio à Dilma contra Eduardo Cunha, contra quem faria seus descarregos. Este é o Uzêda, que nesses 33 anos, nunca fez mal a ninguém e vai levando a vida.
          
(Terra, 27) Pai de Santo vai ao Planalto para alertar Dilma sobre Cunha. Para Pai Uzêda, Dilma teria contra ela três trabalhos e estaria desprotegida espiritualmente. Um pai de santo identificado com Pai Uzêda conseguiu entrar no Palácio do Planalto nesta quinta-feira para tentar entregar uma carta para a presidente Dilma Rousseff, na qual existe uma orientação para que ela se defenda de alguns políticos, principalmente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
          
10. O prefeito Eduardo Paes o conhece. Deveria tê-lo condecorado nos 450 anos como um personagem, símbolo pacífico da carioquice esperta.


Ex-Blog do Cesar Maia

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