Fetag-RS promete realizar protesto no dia 13 de maio, por falta de solução federal para o endividamento de agricultores no Estado
Pequenos e médios produtores rurais prometem retomar o calendário de protestos no Estado, diante da falta de proposta do governo federal para solucionar o endividamento acumulado depois de cinco anos de desastres climáticos e colheitas arruinadas. De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, a primeira manifestação ocorrerá no dia 13 de maio, em Porto Alegre, com data indefinida para encerramento.
“Iniciamos dia 13 e continuaremos a mobilização por tempo indeterminado”, afirmou Carlos Joel.
Outras ações deverão ser realizadas no interior a partir da concentração na capital gaúcha.
A decisão de promover os protestos ocorreu durante assembleia ordinária da Fetag, nesta terça-feira, 29, em Porto Alegre, com a participação dos 312 sindicatos filiados à entidade.
“Ninguém aguenta mais, lá na ponta, no sindicato, dar explicação para o produtor e dizer que até agora o governo não trouxe nada de concreto para os agricultores. Tínhamos uma definição da mobilização do grito de alerta de São Luís Gonzaga (em março). Se governo não atendesse, era para voltar as mobilizações. Aprovamos, então, que as mobilizações estão retornando a partir do dia 13 de maio”, disse o presidente da Fetag.
O dirigente conclamou os agricultores a aderir ao movimento, procurando, desde já, os sindicatos. Joel também pediu o apoio de parlamentares municipais, estaduais e federais, além de prefeitos.
“Nos ajudem a pressionar o governo federal para atender a pauta da renegociação de vidas, de dívidas dos produtores. Não podemos mais empurrar com a barriga. Precisamos ter proposta que realmente atenda os desejos do produtor e traga tranquilidade para eles. É isso que nós esperamos do governo e é isso que estamos lutando”, disse Joel.
Reunião em Brasília
Na manhã desta terça-feira, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, recebeu uma comitiva de parlamentares gaúchos, além de representantes do Movimento SOS Agro, para discutir a situação dos produtores gaúchos. O encontro resultou no reforço do pedido de prorrogação das dívidas dos produtores e na criação de um grupo de trabalho para construir uma solução definitiva para a crise, que se arrasta há um ano.
“Fávaro garantiu à bancada gaúcha que vai encaminhar um ofício ao Ministério da Fazenda com pedido de urgência para a prorrogação imediata das dívidas. O pleito inclui custeio, investimento e cédulas de produto rural. Os produtores gaúchos estão no limite, e espero que o governo cumpra o combinado”, disse o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS).
A expectativa é de que a prorrogação das dívidas seja publicada ainda esta semana, com base nos termos negociados com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana anterior. A medida, no entanto, não será automática e dependerá da análise individual de cada contrato.
Além disso, parcelas de investimentos com vencimento previsto para 2025 poderão ser adiadas por até 12 meses após o término do contrato original, respeitando o limite de 8% da carteira de crédito dos bancos. No caso do Banrisul, o governo pretende autorizar uma exceção ao Manual de Crédito Rural, permitindo que o limite seja ampliado para até 17%.
"Essas promessas do ministro já estamos cansados de ouvir. Queremos coisas novas”, reagiu Carlos Joel ao tomar conhecimento do resultado da reunião em Brasília.
Sem taxa
A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) solicitou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) a eliminação de cobrança de taxa de intermediação em operações com Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural (DIR), na eventual aprovação de prorrogação de dívidas de produtores rurais gaúchos.
A medida tem o objetivo de assegurar maior oferta de crédito aos agropecuaristas.
Além disso, a Federação entende que, ao acrescentar a cobrança de juros no DIR, ocorre uma descaracterização da transação, com obtenção de lucro de forma indevida por agentes financeiros do país.
“A necessidade, agora, é garantir recursos que permitam uma maior abrangência dos contratos a serem contemplados com a medida”, manifestou a entidade nesta terça-feira, 29.
Apesar da confiança da entidade de que o governo federal anunciará a rolagem da dívida, uma reunião prevista para tratar do tema, marcada para esta terça-feira, acabou não ocorrendo. O encontro reuniria técnicos dos ministérios da Fazenda, da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento Agrário e instituições financeiras com representantes de entidades do agro gaúcho.
Havia esperança de que o governo apresentasse uma proposta aos produtores.
Correio do Povo
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