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domingo, 27 de novembro de 2022

Quando a geopolítica é protagonista na Copa do Mundo

 Irã e Estados Unidos se enfrentam na terça-feira (29) no Catar

Estados Unidos e Irã se enfrentaram na Copa de 1998 


Irã e Estados Unidos, que se enfrentam na terça-feira (29) no Catar, marcaram a Copa do Mundo de 1998 com cenas de fraternidade entre os jogadores dos dois países rivais. A seguir, outros momentos em que a geopolítica foi protagonista em Copas:

1938: Itália x França

Em um contexto geopolítico muito tenso, com o fascismo na Europa, a França organizou a terceira Copa do Mundo da história. Em 12 de junho, a seleção francesa disputa as quartas de final contra a Itália no estádio Colombes (vitória italiana por 3 a 1).

Os italianos vestem uma camiseta preta, semelhante à dos milicianos do regime de Benito Mussolini, e fazem uma saudação fascista aos 60 mil espectadores. O público responde vaiando ruidosamente o hino italiano.

Para o 'Duce', o futebol é uma forma de mostrar a superioridade da ideologia fascista. A 'Nazionale' chega à final e conquista o seu segundo Mundial consecutivo.

1974: Alemanha Ocidental x Alemanha Oriental

Em 22 de junho, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA) se enfrentam em Hamburgo, onde o Wolksparkstadion pendura um cartaz dizendo que não há ingressos.

Em plena guerra fria, esse confronto mostra a tensão entre os dois blocos.

Mas não deveria haver incidentes: os dois países estão em processo de normalização e assinaram um tratado de reconhecimento mútuo em 1972.

O duelo, considerado arriscado, ocorre sem grandes contratempos. A RDA vence de surpresa, graças a um gol nos 15 minutos finais de Jürgen Sparwasser, que entra para a história como aquele que deu a vitória ao bloco Oriental.

No entanto, é a RFA quem chega à final da competição e conquista seu segundo Mundial.

1986: Argentina x Inglaterra

No dia 22 de junho, Argentina e Inglaterra se enfrentam pelas quartas de final no México, quatro anos depois da Guerra das Malvinas, que matou 649 argentinos e 255 britânicos.

O clima é muito tenso entre as duas seleções, cujos países não mantêm relações diplomáticas desde 1982.

Em cada partida ao longo do torneio, torcedores argentinos exibem faixas com os dizeres "as Malvinas são argentinas" e entoam cânticos nacionalistas pedindo "morte aos ingleses".

À margem da partida, confrontos entre torcedores dos dois lados deixam dezenas de feridos.

A Argentina vence o jogo, em grande parte graças a Diego Maradona, autor de dois gols lendários: a 'mão de Deus' e o 'gol do século'.

O mito do futebol argentino declarou: "Foi uma final para nós. Não se tratava de ganhar uma partida, tratava-se de eliminar os ingleses".

1998: Irã x Estados Unidos

Em sua segunda participação em uma Copa do Mundo, o Irã cai em 1998 no grupo dos Estados Unidos, seu grande inimigo.

As relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas desde a tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã, após a Revolução Iraniana de 1979.

O confronto, em 21 de junho em Lyon, é uma oportunidade para acalmar as coisas.

Após os hinos nacionais, os jogadores americanos apertam as mãos de seus rivais e entregam flâmulas a eles. Cada um recebe, em troca, um buquê de rosas brancas. Os jogadores de ambas as equipes posam para uma foto juntos.

Os iranianos vencem o jogo (2-1), conseguindo a primeira vitória num Mundial.

2018: Suíça x Sérvia

Em 22 de junho em Kaliningrado, a Sérvia joga contra a Suíça, que conta com vários jogadores de origem kosovar.

O Kosovo é uma ex-província da Sérvia, povoada principalmente por albaneses, que declarou sua independência em 2008. Não é reconhecido pela Sérvia e as relações entre Belgrado e Pristina são péssimas.

Granit Xhaka, nascido na Suíça de família kosovar, e Xherdan Shaqiri, que nasceu no Kosovo, marcam um gol cada, levando a seleção suíça à vitória sobre a Sérvia (2-1).

Os dois jogadores comemoram imitando com as mãos a água da bandeira albanesa, um gesto de apoio ao Kosovo, provocando a ira da imprensa sérvia, que denuncia uma "provocação vergonhosa".

Os atletas recebem uma sanção da Fifa, uma multa de 8.660 euros cada.

AFP e Correio do Povo

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