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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Irã: repressão e expansão nuclear

 Irã entre protestos e a expansão nuclear

Jurandir Soares

Chamou a atenção no jogo entre Irã e Inglaterra, pela Copa do Mundo, o silencioso protesto dos jogadores iranianos, não cantando o Hino Nacional de seu país. Acontece que desde 16 de setembro o Irã está envolto em protestos da população e repressão por parte do governo. Em decorrência disto já morreram cerca de 400 pessoas, sendo que cinco foram executadas por sentença judicial. O Irã ainda pratica a pena de morte, cuja execução se torna um horrendo espetáculo público, tendo em vista que os condenados são içados por gruas e enforcados em praça pública.

O estopim da crise foi a morte da jovem Masha Amini, de 22 anos, que estava em visita a familiares em Teerã e foi detida pela Polícia “moral” por não estar usando adequadamente o hijab, o véu islâmico que toda muçulmana iraniana é obrigada a usar a partir dos 9 anos de idade. A jovem fora levada pela Polícia e aparecera morta dois dias depois, sob a alegação de ter tido um mal súbito. O fato desencadeou um forte movimento de protestos por parte das mulheres, inconformadas com as normas repressivas a que são submetidas. Acontece que elas sabem o que é liberdade, o que já foi vivido pelas mulheres iranianas. Antes da Revolução Islâmica dos aiatolás, que mergulhou o país nas trevas, o Irã era o país mais ocidentalizado do Oriente Médio. Sob o governo do xá Mohamed Reza Pahlevi os costumes vigentes no país eram os mesmos da Europa. Daí o fato de, agora, terem dado início ao movimento chamado de “Mulheres, vida e liberdade”. A prova da rebeldia foi sacar o véu fora e cortar os cabelos. A rebeldia correspondeu a mais repressão, incluindo o fechamento de jornais, que denunciavam as atrocidades praticadas pela Polícia, e a prisão de jornalistas.

Em meio a esta convulsionada situação política, o Irã vai avançando no seu programa nuclear. Um programa que já foi alvo de um acordo envolvendo os cinco países que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, e mais a Alemanha. Este acordo, firmado em 2015, vinha sendo monitorado, mas foi rompido em 2018 pelo então presidente dos EUA Donald Trump, por não confiar na sua execução. Fato referendado pela Agência Internacional de Energia Atômica, que acusava o governo iraniano de não cooperar com as investigações. O temor é de que o Irã acabe produzindo a bomba atômica. Quem mais teme isto são os maiores inimigos do país na região: Israel e as monarquias árabes. Israel, aliás, já esteve na iminência de atacar e destruir as instalações nucleares iranianas, como já fizera com as iraquianas em 1981. Só não o fez por não ter tido um respaldo dos EUA. Todavia, diante deste avanço, não se duvida que tal venha a acontecer. Afinal, estamos diante de um governo que massacra sua população e ameaça sua vizinhança.

Correio do Povo

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