AdsTerra

banner

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Costura por maioria na Assembleia Legislativa é desafio para segundo governo Leite

 Embora veja agenda legislativa menos polêmica, aumento da esquerda e possibilidade de oposição à direita é empecilho para base ampla

Diferentemente do primeiro mandato, no qual aprovou a maioria dos projetos reformistas e que envolviam privatizações com alguma facilidade, o governador Eduardo Leite (PSDB) encontrará maior restrição na Assembleia Legislativa na próxima legislatura. Divergências ideológicas dentro dos próprios partidos que comporão a base, ampliação da bancada oposicionista de esquerda e a possibilidade de uma oposição no campo mais à direita são desafios do governo.

Os seis partidos originais da coligação de Leite (PSDB, Cidadania, MDB, União Brasil, PSD e Podemos) elegeram juntos 17 de 55 deputados. Somente a federação liderada pelo PT conquistou 12 cadeiras. Somadas às duas do PSol, são 14 deputados que deverão se opor em projetos mais polêmicos. Até por isso, o governo buscou estreitar laços com partidos como PDT e PSB, que apoiaram a candidatura de Leite no segundo turno, e foram convidados a participar do processo de transição. As duas siglas, somadas, têm cinco cadeiras no Legislativo. Mesmo assim, o processo eleitoral deixou feridas na base. 

Além do MDB, onde alas migraram para a candidatura do adversário de Leite, Onyx Lorenzoni (PL), no Podemos, o apoio do estreante Professor Cláudio ao ex-ministro na reta final das eleições levantou dúvidas sobre como agirá a sigla na Assembleia. O deputado eleito promete uma atuação independente, mas deixa claro o respeito às deliberações partidárias. “O Podemos contribuiu demais com a candidatura do Eduardo Leite, e eu respeito a posição do partido. Eles podem contar comigo em todos os projetos que o governador reeleito encaminhar à Assembleia e que ajude a construir um Rio Grande melhor. Nosso objetivo é melhorar a vida das pessoas”, afirma.

Os resultados das urnas, no que tange o Legislativo, também trazem uma incógnita quanto aos eleitos que apoiaram formalmente o opositor de Leite. PP, PL, Republicanos e PTB fizeram parte da base, cenário que mudou com a chegada do período eleitoral. Juntos, eles têm 18 deputados. 

Apoiadores de Onyx

Entre os integrantes do PP, dos sete eleitos, cinco apoiaram Onyx. Ex-prefeito de Bento Gonçalves e segundo vice-presidente do diretório gaúcho, o deputado eleito Guilherme Pasin projeta que reuniões ocorram até o final deste mês para definir a posição sobre o novo governo. “Ainda não sentamos para discutir isso. Acredito que nas próximas semanas tenhamos um alinhamento de assuntos.”

No Republicanos, a tendência é pela neutralidade, conforme o único reeleito da bancada, que cresceu de quatro para cinco deputados, Sérgio Peres. Deputado mais votado no RS, o estreante Gustavo Victorino, crítico da gestão do tucano, corrobora a postura de independência. “Minha posição é de responsabilidade proativa, ou seja, não quero nenhum tipo de reciprocidade ou comprometimento com o senhor Eduardo Leite e me reservo o direito de votar as matérias de acordo com a minha consciência e a minha proposta liberal e conservadora”, garante.

Já no PL, a definição de momento é não estar na base. O deputado reeleito Rodrigo Lorenzoni não descarta uma “oposição à direita”, mas entende que a tendência é também pela independência.

Único representante do PTB, que passará a se chamar Mais Brasil 25 após fusão com o Patriota, Elizandro Sabino evita ser definitivo quanto ao posicionamento, garantindo que “estará alinhado com os projetos que visam o crescimento do Rio Grande do Sul”.

Recursos em rodovias federais

Outro assunto, que o próprio governador eleito voltará a pautar, poderá ser um desafio. Derrubado por 26 votos contrários contra 25 favoráveis em julho, o projeto que destinaria R$ 495,1 milhões de recursos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a fim de concluir obras em rodovias federais, deverá ser reconfigurado e voltar à Casa.

Em evento promovido pela Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), quatro dias após a reeleição, em Porto Alegre, Leite reafirmou a intenção de investir recursos estaduais na conclusão do Complexo Sinos-Scharlau da BR-116. “O Estado poderia bancar a conclusão das obras, em troca puxa o compromisso do governo federal na (extensão da) BR-448. A gente buscaria viabilizar o recurso para isso dentro de um novo ciclo de investimento”, disse, no dia 3 de novembro.

Quando a ideia foi rejeitada na Assembleia, uma das principais reclamações era a falta de contrapartidas. Uma emenda chegou a ser proposta prevendo abatimento da dívida com a União, mas sem garantir que isso seria viável. Além disso, houve pressão de prefeitos do interior, que pleiteiam acesso asfáltico aos municípios, um problema que perpassa gestões. Eles cobravam que os valores fossem destinados para esse tipo de obra.

Vice é trunfo na AL

Vice-governador eleito e coordenador político da transição, Gabriel Souza (MDB) é um “trunfo” de Leite na costura da base na Assembleia. Deputado estadual e ex-presidente do Legislativo durante o primeiro governo, Gabriel tem mantido conversas com parlamentares. “Entendo que teremos condições de ter uma base ampla”, garante.

Gabriel salienta que projetos do Executivo enviados à Assembleia na gestão que se inicia em 2023 não devem gerar grandes discussões. “Temos uma agenda legislativa muito menos polêmica do que tivemos nos dois últimos governos (Sartori e Leite), que foram reformistas e privatizantes”, analisa.


Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário