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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Árabes como protagonistas

 Jurandir Soares

Curioso como os países do Oriente Médio passam a monopolizar os grandes eventos internacionais. Atualmente, o Catar está sediando a Copa do Mundo de futebol, e a próxima conferência do clima, a COP28, será sediada pelos Emirados Árabes Unidos, conforme ficou acertado em Sharm el-Sheik. O objetivo, tanto do anfitrião quanto da Arábia Saudita, é mostrar ao mundo que os países da região estão na vanguarda no combate às mudanças climáticas. O emirado de Abu Dhabi, por exemplo, está construindo uma cidade, chamada Masdar City, que é sustentada pelo Sol e por outras energias renováveis. É a busca de gerar lucros com energia renovável. Os Emirados querem se manter relevantes na exportação mundial de energia e Masdar City acaba sendo, mais do que uma cidade do amanhã, um “showroom bilionário”.

A Arábia Saudita tem investido no conglomerado futurístico Neom, também movido a energias limpas. O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman revelou seu plano para um projeto de 500 bilhões de dólares para construir uma metrópole totalmente nova e robotizada que, de acordo com um vídeo promocional, “mudará para sempre a forma como nós vivemos e trabalhamos”. Situado próximo da fronteira com a Jordânia, este novo centro de inovação abrangerá uma área de 26.500 quilômetros quadrados no Noroeste do país, ao longo do Mar Vermelho e do Golfo de Aqaba. Tudo isto porque estes países vivem do petróleo e sabem que é uma fonte que está se esgotando, por isto estão buscando alternativas lucrativas.

Agora, na medida em que esses países árabes se modernizam e se tornam referenciais em termos de inovação na tecnologia, precisam se modernizar também em termos culturais. Sem contar as questões relacionadas à exploração de mão de obra. Quanto a este último assunto, foram múltiplas as acusações de trabalho semiescravo com os imigrantes, vindos das mais diversas partes do mundo, para construir os estádios no Catar. Além disto, é inaceitável a discriminação com a mulher. Estas, só recentemente, depois de muita luta, conseguiram o direito de dirigir veículos na Arábia Saudita. Seguem sem poder estudar em classes mistas e, em muitos casos, só podendo ir a determinados lugares na companhia de um homem. Os governos são autocracias que limitam as liberdades e eliminam opositores, como aconteceu com o jornalista Jamal Khashoggi, morto no consulado saudita em Istambul. Já nem falo na bebida alcoólica pela controvérsia que gera. Enfim, o que se vê são esses países crescendo extraordinariamente, com prédios suntuosos, os maiores do mundo, ilhas artificiais avançando sobre o mar e outros avanços marcantes. Com dinheiro têm comprado tudo. Diz-se que até a realização da Copa. Urge, no entanto, que, na medida em que avançam sobre a cartilha de Wall Street, deixem de lado alguns ditames radicais de Maomé. Especialmente, no que toca à mulher.

Correio do Povo

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