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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Bolsonaro se diz "surpreso" com nota de presidente da Anvisa

 Antonio Barra Torres pediu retratação do presidente, que alega não ter acusado "ninguém de corrupção"



O presidente Jair Bolsonaro se disse "surpreso" com a nota do diretor presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. O presidente voltou a questionar supostos interesses da agência sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos nesta segunda-feira, mas disse que não acusou ninguém de corrupção.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem questionado qual seria “o interesse da Anvisa”, lançando suspeitas sobre a agência, sem contudo fazer acusações concretas. Nesta terça-feira, Bolsonaro afirmou: “Tem coisa acontecendo, não tem a menor dúvida”. “Eu me surpreendi com a carta dele. Uma carta agressiva, não tinha motivo para aquilo. Eu falei 'o que está por trás do que a Anvisa está fazendo?'. Ninguém acusou ninguém de corrupto e por enquanto não tenho o que fazer no tocante a isso aí”, afirmou Bolsonaro. Ele lembrou que foi o responsável pela indicação do contra-almirante, mas que depois Barra Torres ganhou “luz própria”.

Neste sábado, o diretor-presidente da agência regulatória, o contra-almirante da reserva da Marinha, Antonio Barra Torres, respondeu a Bolsonaro e cobrou do presidente a investigação da agência se há suspeitas de corrupção. Caso contrário, pediu que o presidente se retratasse nas acusações. “Se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate", disse o presidente da Anvisa na nota.

Nesta terça, em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro disse que se surpreendeu com a nota  do ex-aliado e que não acusou a agência de corrupção. Segundo ele, apenas perguntou “o que havia por trás” das decisões da agência. “Repito, o que está por trás, quais outras intenções da Anvisa? Não houve da minha parte nenhuma acusação, não saiu da minha boca a palavra corrupção em nenhum momento”, se justificou o presidente. "Eu não quero dizer aqui ou acusar a Anvisa de absolutamente nada, mas que tem alguma coisa acontecendo, isso não há a menor dúvida", disse ainda.

Bolsonaro indicou Barra Torres para ocupar uma das cinco diretorias da Anvisa em 2019. No começo de 2020, o contra-almirante e médico assumiu a presidência da agência temporariamente após o fim do mandato de William Dib e foi confirmado pelo Senado ao cargo apenas em outubro de 2020.

Bolsonaro e Barra Torres ainda eram aliados no início da pandemia da Covid-19. Em março de 2020, o chefe da Anvisa participou de uma manifestação política ao lado de Bolsonaro sem máscara. À época, o equipamento de proteção individual já era recomendado para evitar a disseminação da doença. Após críticas, Barra Torres evitou aparições públicas e teve início o afastamento entre ele e Bolsonaro.

Em maio do ano passado, o distanciamento ficou evidenciado com o depoimento de Barra Torres à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, no Senado. O chefe da Anvisa confirmou parte do depoimento do ex-ministro Luis Henrique Mandetta, que relatou uma reunião no Palácio do Planalto com um documento que tinha como intenção alterar a bula de um medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19 para que ele fosse recomendado para a infecção.

R7 e Correio do Povo

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