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sábado, 25 de dezembro de 2021

Com inflação acima de 10%, saiba se ainda vale a pena pagar IPTU e IPVA em cota única. Veja o que dizem os especialistas

 


Com a aproximação de um novo ano, muitos já começam a preparar os bolsos para arcarem com despesas como o IPTU e o IPVA, que começam a ser cobrados a partir de janeiro. No entanto, com uma prévia de inflação acumulando alta de 10,42% em 2021 e com projeções desfavoráveis para 2022, o contribuinte pode se questionar se realmente vale a pena correr atrás dos descontos oferecidos pelas cidades e estados para aqueles que decidirem quitar as dívidas em uma única parcela, em vez de dividirem o valor ao longo dos meses.

A resposta para esse questionamento, contudo, não é tão simples e divide opiniões de especialistas. Para o professor de finanças pessoais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), William Eid Junior, é preciso levar em conta outros fatores, como a alta na taxa básica de juros, a Selic, agora em 9,25%, que pode tornar vantajoso o parcelamento da dívida a longo prazo.

“É mais vantagem parcelar porque a Selic subiu e a taxa de juros cobrada no parcelamento está menor”, explica Eid. “Talvez uns 12% a 13% de desconto pudesse tornar o pagamento à vista mais atraente para o contribuinte.”

O desconto sugerido pelo professor não é o que a maioria dos Estados e capitais estão oferecendo.

“Eu sempre tento guardar parte do décimo terceiro para pagar o IPVA em parcela única no começo do ano e me livrar logo disso, mas além de ter ficado mais caro, agora não sei se vale mais a pena fazer isso”, conta a professora de inglês Vanessa da Cunha.

Com o IPTU não é muito diferente nas principais capitais do País. Mesmo em cidades em que os descontos para o pagamento em cota única do IPTU podem chegar a até 10%, o professor ainda sugere o parcelamento da dívida.

“Pegamos o Rio de Janeiro, por exemplo, onde esse desconto é de 7%. Podemos considerar que o rendimento de renda fixa de uma aplicação sem risco seja por volta de 10 a 11% ao ano. Dessa forma, se eu parcelar um IPTU de R$ 1 mil e aplicar o valor em um rendimento desses, ao final de 10 meses, eu ainda teria por volta de R$ 145 na conta”, explica Eid.

Na opinião do especialista em finanças e diretor de pós-graduação no UniAnchieta, Filipe Pires, e do professor de finanças do Insper, Ricardo Humberto Rocha, essa conta depende das reservas pessoais de cada um, o que pode tornar o cenário viável para eventuais antecipações de pagamento em alguns casos.

“De forma geral, quando a gente faz o cálculo em cima do que é oferecido, é melhor pagar à vista do que parcelado”, aponta Rocha. “O grande problema é se você se preparou pra ter esse desembolso em uma única parcela.”

De acordo com os especialistas, fazer dívidas para usufruir dos descontos não é a melhor opção, sobretudo com a possibilidade da Selic chegar aos dois dígitos já no começo de 2022, o que impacta diretamente no custo do crédito.

“É preciso lembrar que nem todos têm esse valor disponível para fazer uma antecipação. Nesse caso específico, o que deve ser levado em conta é o custo de captação de uma dívida para fazer jus aos descontos”, explica Pires. “Sem a possibilidade de ter o valor já em conta e disponível, é pouco provável que alguém consiga pagar a cota única. É viável para quem já tem o valor total e possa se fazer valer desses descontos.”

O diretor, ainda, traça um paralelo da situação atual com a época de hiperinflação, em que os trabalhadores corriam para os supermercados ao receberem os salários porque os preços eram remarcados diariamente, na intenção de gastar menos.

“Essa tomada de decisão nesse ano, mais do que nos demais, faz com que deixar o dinheiro parado signifique perder valor de poder de compra a curto prazo”, afirma o diretor. “Tudo o que você consegue antecipar acaba diminuindo essa perda de poder de compra.”

O Sul


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