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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Banco Central corta à metade projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2022, para alta de 1%, e vê inflação de 10% em 2021

 


Acompanhando o movimento do mercado que vem rebaixando suas expectativas de crescimento para 2022, o Banco Central (BC) divulgou que sua nova projeção é de alta de 1% no PIB do próximo ano. A última estimativa era de 2,1%.

A informação consta no Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira (16). Para 2021, o BC também revisou para baixo sua projeção de PIB de 4,7% para 4,4%.

As revisões do Banco Central acompanham projeções mais pessimistas do mercado nos últimos meses. No último relatório Focus, a expectativa de alta em 2022 era de 0,5% e muitos agentes já veem queda na atividade, como o Itaú.

Essa queda nas expectativa se deve a uma preocupação com a inflação, que ameaça fugir da meta em 2022, os juros mais altos, com a Selic superando os 10%, e as incertezas de um ano eleitoral. Além disso, o baixo crescimento registrado em alguns momentos deste ano também preocupa.

Juros mais altos

Na avaliação do Banco Central, o PIB do terceiro trimestre veio “ligeiramente abaixo” do esperado e os índices de setembro e outubro mostram recuo na atividade econômica.

O relatório também cita juros mais altos desestimulando a economia, mas ressalta que a agropecuária e o processo de normalização da economia, principalmente no setor de serviços, devem contribuir para a atividade.

“Surpresas negativas em dados recentemente divulgados, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos de crescimento para 2021 e, em especial, para 2022”, aponta o relatório.

Na divisão por setores, a perspectiva mais pessimista é para a indústria. A projeção passou de alta de 1,2% para queda de 1,3% no próximo ano. No setor de serviços, a expectativa era de alta de 2,5% e passou para 1,3%. Quem balanceia um pouco é a agropecuária, que teve sua projeção elevada de 3% para 5%.

O diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk explicou que a projeção maior do que o mercado se explica em boa parte por conta das perspectivas mais positivas para a agropecuária, com safras melhores em 2022.

Já a revisão da projeção pela metade é explicada pelo aperto das condições financeiras, como juros longos mais altos, desvalorização cambial e o risco país.

“Tem os dados correntes e o aperto de condições financeiras. Onde essas condições financeiras pegam? Sobretudo no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo, no investimento”, disse.

Depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrar recessão técnica, o Banco Central calculou queda de 0,4% na atividade em outubro, de acordo com número divulgado na última quarta-feira.

Em sua última previsão, o Ministério da Economia calculou um crescimento de 5,1% este ano e de 2,1% em 2022, bem acima das projeções de mercado.

Inflação persistente

Como mostrou a ata do Copom, o BC também revisou suas projeções para a inflação nos próximos anos. As previsões atuais são de 10,2% este ano, 4,7% em 2022 e 3,2% em 2023. No último relatório de inflação, eram de 8,5%, 3,7% e 3,2%, respectivamente.

Em 4,7% no próximo ano, a inflação fica próxima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é de 3,5% com piso de 2% e teto de 5%. Segundo o BC, a probabilidade da inflação superar o teto passou de 17% no relatório anterior para 41%.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição ainda não sabe qual será a taxa terminal do ciclo de elevação nos juros porque há ainda uma volatilidade nos dados de curto prazo muito grande e em toda reunião do Comitê de Política Monetária, o movimento mais persistente da inflação é discutido.

Segundo ele, a ancoragem da inflação é o elemento mais importante para estabilizar o crescimento de longo prazo e a parte fiscal.

“Nós entendemos que vamos estar passando por um processo onde vamos ter elevação de juros com um crescimento na margem não muito elevado, mas entendemos que se isso for feito de forma a ter credibilidade e transparência, é o melhor remédio para maximizar as condições ideais de crescimento futuro”, destacou.

A avaliação do BC é de que a inflação tem se mostrado mais persistente do que o antecipado e, ainda que os preços que mais sobem estejam concentrados em alimentação, combustíveis e energia, a pressão é disseminada.

Segundo o relatório, ela é derivada da maior demanda por bens e pelos gargalos de oferta que ainda existem. Ao mesmo tempo, com a recuperação da mobilidade, a inflação de serviços se mostra mais elevada.

“Há preocupação com a magnitude e a persistência dos choques, com seus possíveis efeitos secundários e com a elevação das expectativas de inflação, inclusive para além do ano calendário de 2022”, aponta o relatório.

A inflação registrada em novembro chegou a 10,74% em 12 meses, mas o BC espera um arrefecimento já no início do próximo ano, chegando a 9,9% em fevereiro.

O Sul

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