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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Fraude em 52 ações que buscam indenização contra o Banco Santander no RS

 Tramitam na Justiça do Rio Grande do Sul pelo menos, 52 ações distribuídas com documentos falsos em pedidos para recuperar supostas perdas de rendimento da poupança provocadas por planos econômicos a correntistas do Banco Santander. Todas as ações foram ajuizadas pelo mesmo advogado, que alega ter terceirizado a coleta de clientes e documentos. As informações são do G-1, assinada pelo jornalista Giovani Grizotti, da RBS Tv.

Um inquérito na Polícia Civil foi aberto para investigar o caso. As ações com documentos falsos tramitam em 10 comarcas do Estado: Arroio do Meio, Camaquã, Canoas, Casca, Erechim, Guaporé, Marau, Passo Fundo, Porto Alegre e Tapejara.

 

Segundo a publicação jornalística, “examinadas isoladamente, as ações podem não levantar suspeitas, mas, quando comparadas, é possível identificar a fraude. É o caso de quatro cópias de carteiras de identidade anexadas a quatro diferentes ações, que são de pessoas diferentes e têm a mesma foto. Eles aparecem como autores de ações judiciais que buscam perdas da poupança provocadas por planos econômicos.

Em Passo Fundo, o aposentado Mario Mohr Bueno, de 64 anos, ficou surpreso ao ver seu nome num dos processos: "Eu fiquei sabendo hoje, nem ideia eu não tinha, nem imaginação. Nem estava sabendo disso. Fiquei sabendo agora. Até mesmo a foto e assinatura não condizem comigo" – ele afirmou ao jornalista.

Como autores das ações tem até cliente que já morreu. É o caso do Armelindo Zanotto, também de Passo Fundo, que faleceu há 15 anos. No golpe, ele teria “assinado” uma procuração para o advogado em janeiro deste ano. O neto dele confirmou à reportagem que a foto da identidade anexada ao processo não é do avô.

Comprovantes de residência, como faturas de televisão a cabo por assinatura e de energia elétrica, também foram falsificados, como assegurou à RBS TV o perito em documentos Oto Rodrigues. São boletos idênticos, mas com nomes e endereços diferentes.

"Os dois códigos de barra são idênticos. O falsário trocou a numeração, alguns números ele trocou, mas deixou a maior parte da numeração feita. Então, ele aproveitou uma conta, tirou uma xerox, colocou os dados de personalização de duas pessoas diferentes, usou exatamente os mesmos dados de consumo, são exatamente iguais os valores, até os centavos. Não tem absolutamente nada de verdadeiro aqui, explica o perito.

Em Marau, a Justiça já identificou a fraude em dois processos. A ocorrência foi comunicada à OAB-RS.

Ouvido pelo G-1, o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação Social do TJRS pondera:

"É evidente que nós temos que estar atentos a isso e a magistratura tem treinamento pra isso.

Além de detectar a fraude, a Justiça de Marau também se pronunciou sobre os pedidos de reposição de perdas na poupança por causa dos planos econômicos. Os clientes, mesmo se quisessem, não teriam direito aos percentuais propostos pelo advogado.

O que dizem os envolvidos

  • Em nota, o Banco Santander informa que identificou e bloqueou a tentativa de fraude, sem prejuízo aos clientes. O banco diz ainda que já comunicou tudo ao Ministério Público.
  • Por telefone, o advogado Neuceri Nardi (OAB-RS nº 40.288) que assina as ações, disse que “a busca por clientes e a coleta de documentos para o ingresso na Justiça foram feitas por uma empresa terceirizada, a Ello Consultoria”. Ele diz também, "ter contratado essa empresa para fazer o serviço em campo pra mim e essas pessoas passavam os documentos via e-mail com os PDFs desses documentos e eu não percebi que eles tinham adulterações e utilizei eles nos processos. Agi de total boa-fé, não tem nada que possa me afetar, o meu profissionalismo", garante Nardi.
  • Nardi disse que registrou ocorrência na Polícia Civil, acusando a Ello de fraude. No contrato assinado entre o advogado e o dono da consultoria, Rodrigo Cegala, a Ello fica encarregada de “contatar o máximo de clientes com a maior agilidade possível”. Também se compromete a “pegar comprovantes, procurações e contrato de honorários”.
  • A RBS TV tentou falar com Rodrigo Cegala, mas ele não respondeu às mensagens e não retornou o recado deixado com uma pessoa que atendeu seu telefone celular. Também não foi encontrado no endereço que seria a sede da empresa, em Passo Fundo.

A posição da OAB/RS

O presidente da OAB/RS Ricardo Breier disse ao Espaço Vital, nesta quinta-feira à noite, que aguarda informações já solicitadas à Subseção de Passo Fundo, “onde já foi instaurado processo ético-disciplinar”. Cópias de todas as peças serão encaminhadas, nesta sexta (25) ,pela subseção ao Conselho Seccional.

“Ao receber o material, imediatamente vou proceder a minucioso exame para, sem demora, tomar uma posição e esclarecer devidamente a sociedade”.

Fonte: Espaço Vital - www.espacovital.com.br - 24/06/2021 e SOS Consumidor

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