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domingo, 6 de setembro de 2020

Queda de braço entre fornecedor e supermercado já dura 15 dias



A briga para ver quem mais diminui suas margens de lucro deve ter pouco sucesso. (Foto: Luciano Lanes/PMPA)

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz que vai conversar com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e pedir sacrifício dos donos dessas redes, as empresas do ramo já travam uma queda de braço de mais de 15 dias com seus fornecedores. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, os supermercados têm represado suas compras e vendido seus estoques para tentar negociar preços menores.
“Nos últimos 15 a 20 dias o varejo está discutindo preço. A palavra certa é essa mesma: queda de braço”, diz Terra. Ele explica que a pressão veio à tona agora, com o recente comunicado da Abras sobre os preços da cesta básica. Além disso, alguns supermercados já começam a restringir a compra de produtos básicos por cliente. “Como o aumento (nos preços dos fornecedores) é abrupto, há represamento da compra (dos varejistas). O varejo tenta postergar tabela de preços”, diz.
No entanto, essa briga para ver quem mais diminui suas margens de lucro deve ter pouco sucesso na formação geral dos preços. Terra avalia, como é consenso entre economistas, que a razão central dos aumentos é a alta do dólar e o consequente aumento das exportações. Somado a isso, o aumento de demanda interna causada pelo auxílio emergencial também pressiona os valores para cima. “O problema é anterior ao fornecedor e o varejista. Está nos preços das commodities”, diz.
O consultor de varejo e bens de consumo, Eugenio Foganholo, também acredita que essa negociação já nasce limitada, já que as questões que fazem os preços subirem são macroeconômicas. No entanto, ele não vê possibilidades de ação do governo para resolver essa situação. “Não há solução governamental possível no livre mercado”, diz. Ele entende que essa regulação deve ser feita pelos próprios consumidores ao substituir os produtos caros na hora da compra.
Na queda de braço entre supermercados e fornecedores, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) disse que tem orientado os associados a comprarem apenas o necessário. “A Apas reitera que tem recomendado aos supermercados associados que continuem negociando com seus fornecedores e comprem somente a quantidade necessária para a reposição”, diz em comunicado.
A instituição afirma ainda que orienta que sejam oferecidos aos consumidores “opções de substituição aos produtos mais impactados por esses aumentos provenientes dos fornecedores de alimentos”.
Para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que representa as 27 associações estaduais afiliadas, isso teria ocorrido por conta de um aumento das exportações dos itens de cesta básica e matérias-primas, aliado a diminuição das importações, motivadas pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real.
A associação elenca ainda como motivo “a política fiscal de incentivo às exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal”. O arrefecimento é esperado para o próximo ano, quando já deve ter ocorrido uma recuperação de área de produção estimulada pelos preços atuais.
O Sul

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