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terça-feira, 30 de junho de 2020

Chuva faz arroio transbordar e causa transtornos em Porto Alegre

Motoristas tiveram de abandonar carros na rua Zeferino Dias, na zona Norte

Carro ficou parado no alagamento do Arroio Sarandi, na zona Norte de Porto Alegre

Porto Alegre viveu um dia de transtornos com a chuva forte que atingiu a cidade desde a noite de segunda feira. A manhã de terça-feira foi bastante complicada na circulação do trânsito e dos pedestres. O caso mais crítico foi o transbordamento do arroio Sarandi, na Vila Leão, no bairro Sarandi, na zona Norte da Capital. A chuva forte alagou as ruas Zeferino Dias e Ararás e a avenida Sarandi. Na rua Zeferino Dias, três carros, um Fiat Palio, um Ford Ka e um Corsa não conseguiram cruzar a via.
Os veículos foram abandonados pelos motoristas. Na rua Ararás, o motorista Rafael Bertoi, que dirigia um Audi, perdeu a placa do veículo ao tentar passar pela rua. Ele veio do bairro Tristeza, na zona Sul, para trocar o protetor de cárter em uma oficina no Sarandi. Como chovia muito forte na região, o motorista decidiu não arriscar circular no bairro e aguardou pelo chegada do guincho. Já Valdir Melo, proprietário de uma oficina na rua Zeferino Dias, pendurou as placas perdidas no portão entre elas a do motorista do Audi.     
Na manhã desta terça, o aposentado Fausto Sartori, morador da avenida Sarandi, disse que perdeu a conta de quantas vezes a região alagou em função do transbordamento do arroio Sarandi. "Estamos cansados. O poder público não aparece e todo mundo sabe que este problema é recorrente", destacou. Ele ressaltou que os moradores estão preocupados com a questão da Covid-19 em função da contaminação da água do arroio Sarandi. Residente na rua Ararás, a dona de casa Elizete Teixeira, disse que em razão dos constantes alagamentos os moradores decidiram colocar comportas nos portões para evitar que a água atinja as casas. "Estou com receio dessa água contaminada que atinge as casas quando o arroio Sarandi acaba enchendo, ainda mais nessa época de coronavírus", ressaltou.
A preocupação dos moradores faz sentido porque pesquisadores avaliaram a ocorrência e a distribuição do coronavírus no esgoto de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Os primeiros resultados do estudo apontaram a presença do vírus nas amostras de esgoto bruto na Estação de Bombeamento de Esgoto (EBE) Baronesa do Gravataí, em Porto Alegre. Na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) São João/Navegantes, que corresponde à segunda unidade de esgotos da Capital em capacidade de tratamento, também foram encontradas amostras positivas nos pontos de monitoramento. As duas estações atendem a uma população de 700 mil pessoas. Foram analisadas 29 amostras coletadas em 10 pontos distribuídos em duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), duas Estações de Bombeamento de Esgoto (EBE), um manancial e quatro hospitais.
A instabilidade prejudicou também a circulação de automóveis nas ruas Vidal Barbosa e Jackson de Figueiredo, na zona Norte, que ficaram completamente alagadas. A rua Emílio Lúcio Esteves, no cruzamento com a avenida Sertório, ficou completamente tomada pela água o que impediu a circulação de carros e dos pedestres. Ainda na avenida Sertório a partir da rua Souza Reis, os motoristas tiveram que circular pelo corredor de ônibus para poder chegar até a avenida Assis Brasil. 
Na manhã de terça, a zona Norte concentrou grande parte das vias alagadas em razão da chuva forte como o foi o caso das ruas Carneiro da Fontoura, Senhor do Bom Fim e Bernardino Silveira Pastoriza. Diversas sinaleiras ficaram desligadas na região em função da instabilidade. Também na Vila Farrapos, na zona Norte da cidade, próximo da Arena do Grêmio, as residências ficaram completamente alagadas. No bairro, moradias próximas da rua Voluntários da Pátria ficaram inundadas e os moradores com água pelo joelho colocavam os móveis para o alto.
No Centro de Porto Alegre, também foi registrado acúmulo de água na avenida João Pessoa, entre a rua Laurindo e a avenida Jerônimo de Ornelas. O viaduto Imperatriz Leopoldina também ficou alagado nas proximidades da avenida Loureiro da Silva e também na faixa da direita da rua Luiz Englert. O Túnel da Conceição também registrou acúmulo de água na entrada e na saída, nos dois sentidos. Na zona Sul da Capital, também foram registrados pontos com acúmulos de água desde a avenida Erico Verissimo, passando pelas avenidas Padre Cacique e Guaíba. Em frente à área do antigo bar Timbuka, as duas faixas da via ficaram alagadas por volta das 8h, com água cobrindo os pneus dos carros, que tinham muita dificuldade para circular na região. A avenida Tramandaí apresentou pontos interditados para veículos, entre as ruas Engenheiro Jorge Porto e a Comendador Castro, no bairro Ipanema, na zona Sul de Porto Alegre.
Problemas também ocorreram em outras regiões da cidade. Na zona Sul, o Arroio Ipanema transbordou e moradores precisaram chamar empresa particular para desobstruir a rede. A água avançou nas residências. Outro transbordamento ocorreu no arroio do bairro Jardim Carvalho, na região Leste, afetando moradores da vila Bom Jesus. 
100 mm ao meio dia 
A chuva acumulada em Porto Alegre alcançou 100 mm ao meio-dia. Trata-se de um acumulado altíssimo para um curto período. A chuva começou fraca na tarde de segunda-feira, mas quase todo o volume caiu a partir da madrugada de terça-feira com transbordamento de arroios no Sul e no Norte da Capital, além de alagamentos em muitos pontos. Como a previsão é de continuidade da chuva nesta quarta-feira,e por vezes forte, os volumes devem aumentar ainda mais. O acumulado até o final de quarta-feira poderá chegar a 150 mm ou mais em Porto Alegre, segundo a MetSul Meteorologia, e se não alcançar esta marca ficará perto.
Para se ter ideia de como o volume de chuva é excepcionalmente elevado para apenas 48 horas, a média histórica (série 1961-1990) de precipitação do mês de junho é de 132,7 mm e a de julho é de 121,7 mm. A média mensal histórica de junho é a terceira mais alta entre os meses do ano, atrás de agosto e setembro. A chuva volumosa em Porto Alegre decorre de um centro de baixa pressão que dará origem a um intenso ciclone no Atlântico na quarta-feira com rajadas de vento muito fortes (80 km/h a 100 km/h) na Capital.


Correio do Povo

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