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domingo, 12 de janeiro de 2020

Especialistas alertam sobre perigos da aranha-marrom

Picada do aracnídeo pode ou não resultar em internação, que necessite da aplicação de soro loxoscélico

Houve mais de 4 mil casos registrados envolvendo aranhas-marrons no RS, segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS)

Houve mais de 4 mil casos registrados envolvendo aranhas-marrons no RS, segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) | Foto: Guilherme Almeida

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Ela é pequena, mede aproximadamente um centímetro e tem envergadura de três centímetros, mas uma picada pode trazer problemas. A aranha-marrom pode ser encontrada dentro das casas, se camufla entre as roupas de vestuário e de cama, atrás de móveis, em garagens e porões. Com a incidência do calor, ela sai de seu habitat escuro com mais frequência, mas contatos acontecem tanto no verão quanto em períodos menos quentes. Segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), houve mais de 4 mil casos registrados no Rio Grande do Sul em 2019.

Picadas de aranhas-marrons podem ou não resultar em internação, que necessite da aplicação de soro loxoscélico, o único indicado para o caso. No entanto, o número de ocorrências em que a injeção foi recomendada vem aumentando nos últimos anos. Em 2017, houve 231 situações deste tipo. Em 2018, 345 casos, e em 2019 subiu para 580.

“Estamos fazendo grupos de trabalho, incluindo profissionais da Zoobotânica para avaliar estes dados. Podemos dizer que acontecem geralmente em áreas urbanas”, informa a coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúdo do CEVS, Lúcia Mardini. Ela explica que a sociedade não precisa se assustar. “Não se trata de nenhum surto ou epidemia. A população tem que entender que, assim como os humanos, as aranhas vivem em um ambiente e também pertencem à riqueza do ecossistema”.

Dados preliminares mostram que a região da Serra gaúcha e municípios como Pelotas e Passo Fundo registram boa parte das picadas no RS. Diferente dos outros dois tipos de aranhas peçonhentas que habitam o Estado, a armadeira e a viúva-negra (mais rara), as marrons não são agressivas, não “atacam”. “Ela sai para se alimentar e é esmagada pelo contato com o corpo”, frisa Mardini. A sensação de dor só aparece de 6 a 24h depois. Por isso, não é necessário largar tudo o que está fazendo e correr para o médico. “Mas não se pode demorar demais, porque, com o tempo, pode gerar necrose”, orienta.

Se picada, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde. Em Porto Alegre, a referência é o Hospital de Pronto Socorro. Postos de saúde podem fazer o atendimento inicial, mas o paciente é encaminhado ao HPS, pois é lá que se encontra o soro loxoscélico. O enfermeiro coordenador das UTIs do hospital, Gilnei Luiz da Silva, ressalta que não há soluções caseiras para as picadas.

“Lave com sabão neutro e água corrente. Não coce, não passe as unhas. E se dirija ao hospital”, explica. Segundo ele, 90% dos casos de picadas de aranhas na capital gaúcha é motivada pelas marrons. “Metade de ocorrências dentre todos os animais peçonhentos, são deste tipo de aracnídeo” complementa.

Ponto vermelho

A característica da picada de aranha-marrom é um ponto vermelho dentro de um círculo avermelhado, que causa irritação e ardência. Em 2018, uma pessoa morreu em decorrência de uma picada, durante o tratamento que, segundo Gilnei, é lento e gradual. “Nem sempre se chega a precisar do soro. Pode ser tratado com analgésico, antialérgico ou antibiótico. Mas a cicatrização demora, entre 30 a 90 dias. É importante estar atento ao tratamento porque uma picada pode necrosar o tecido da pele. Depende do organismo de cada pessoa, que precisa voltar para analisar o agravamento ou não da lesão”, esclarece.

Mais informações podem ser obtidas pessoalmente no Centro de Informação Toxicológica do RS, e também no site ou telefone da instituição, 0800 721 3000, que também presta serviço em caso de acidentes relacionados a animais peçonhentos.


Correio do Povo

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