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domingo, 30 de junho de 2019

O estranho equipamento que a Nasa vai construir para fotografar planetas alienígenas

Projeto prevê um telescópio espacial e uma enorme estrutura com pétalas a dezenas de milhares de quilômetros um do outro. Estudos confirmam a que tecnologia é viável

Por A. J. Oliveira

(NASA/JPL/Caltech/Reprodução)

Sabe aquela expressão “tapar o Sol com a peneira”? É literalmente isso que a Nasa pensa em fazer com uma de suas novas e mais ambiciosas ideias para futuras missões.

Só que não é o nosso sol que será tapado, mas sim estrelas distantes. Batizada de “Starshade”, a tecnologia é complexa: envolve um telescópio espacial e um gigante “girassol” a 40 mil quilômetros um do outro. E eles têm de estar extremamente sincronizados.

Pense na dificuldade que é manter duas espaçonaves a uma distância dessas alinhadas com uma precisão de um metro.

Flutuando no espaço, qualquer perturbação leve causada por efeitos gravitacionais ou outras forças pode arruinar uma observação. A técnica é muito engenhosa: a starshade tapa o sol distante (com pétalas que funcionam como a peneira) e permite que o telescópio veja mundos tão pequenos como a Terra. Em condições normais, estariam ofuscados pelo brilho.

Por isso a técnica é considerada uma das mais promissoras para fazer imageamento direto de exoplanetas e caracterizá-los. Não há como negar que o design da starshade é incrível. Essas pétalas literalmente “florescem” no espaço, já que a montagem é automatizada. Este é um conceito ainda em desenvolvimento pela Nasa e, até agora, pesquisadores não sabiam se daria para manter o sistema funcionando diante de tamanha complexidade.

Estudos conduzidos pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), na Califórnia, chegaram à conclusão de que sim — a estrutura é viável.

A chave para o bom funcionamento da dupla caçadora de planetas alienígenas é uma câmera instalada dentro do telescópio espacial. Quando ele começar a ficar levemente desalinhado com a “peneira”, o sensor detecta esse deslocamento no padrão da luz estelar que está entrando.

Michael Bottom, um engenheiro do JPL, desenvolveu um programa de computador para verificar se esse método de fato funcionava. E os resultados foram promissores. “Podemos detectar uma mudança de até 2,5 centímetros na posição do starshade, mesmo com essas distâncias enormes”, disse em comunicado. Isso resolvido, só faltava se certificar se teria como corrigir o problema na outra ponta. Colegas do JPL cuidaram dessa parte.

Engenheiros criaram algoritmos que atuam em conjunto com o programa de Bottom para descobrir o momento exato em que o starshade deve acionar seus motores para preservar o alinhamento. Ambos os trabalhos mostraram que o telescópio espacial e o girassol são capazes de se manter ajustados, mesmo separados por distâncias ainda maiores, de até 74 mil quilômetros. Tapar o sol com a peneira promete ser muito produtivo para os astrônomos.


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