Grupo tem contratos firmados com quase 60% dos municípios gaúchos, negocia adesão de outros 22 e tem interesse em possível nova onda de desestatizações na área
Após dois anos como gestor da Corsan, o grupo Aegea mira novas possíveis concessões de saneamento no Rio Grande do Sul. Tendo contratos firmados com quase 60% dos municípios gaúchos, a empresa quer expandir e observa movimentos de desestatização em Porto Alegre e em outras 167 cidades do Estado.
Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) deve realizar a concessão parcial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Paralelamente, o Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Regional Sustentável (FDIRS) vai estruturar um projeto de concessão, em parceria com o Palácio Piratini, para modernizar os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em outras 176 cidades.
“A gente está acompanhando essas modelagens e ainda não veio a público qual será o edital de concessão. Porto Alegre não divulgou e muito menos esse estudo do Estado que está em fase de modelagem. Quando forem oferecidos à iniciativa privada, a gente vai avaliar, sim. Temos interesse. A decisão de participar ou não (da disputa de licitações) ainda depende dessa análise técnica. Hoje, nosso foco é 100% na Corsan e vai continuar sendo”, afirmou o vice-presidente regional de operações do grupo Aegea, Leandro Marin.
Leite defende concessão à iniciativa privada
Para o governador Eduardo Leite (PSD), conceder os serviços à iniciativa privada deve ser o caminho para que os municípios gaúchos atinjam as metas previstas no Novo Marco Legal do Saneamento. Ou seja, atingir a cobertura de 99% das residências com acesso à água e 90% com esgotamento sanitário.
“Abrimos uma discussão com o FDIRS, que financia projetos na área da infraestrutura. São 176 municípios onde também podemos ajudar a encaminhar soluções”, declarou Leite.
Secretária do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann corrobora. “Um dos movimentos mais recentes que fizemos foi a busca do aporte técnico e financeiro para os municípios não atendidos pela Corsan, através do FDIRS, esse fundo federal, que tem a estimativa de valores necessários para que a gente possa garantir a universalização do saneamento: R$ 3 bilhões para a água e R$ 4 bilhões para esgotamento sanitário.”
“É um trabalho árduo. Ainda temos índices baixos, abaixo dos 50% na parte de esgotamento sanitário e água em torno de 85%. Os maiores índices estão na parte urbana, então, a parte rural ainda carece de um olhar especial. Mas encontramos um caminho que tem se mostrado muito satisfatório”, afirma ainda Marjorie.
Após dois anos, 295 municípios aderiram à Corsan pós-privatização
Dos 317 municípios que eram atendidos pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pública, 295 já assinaram o contrato aditivo e estão regularizados para seguir com a empresa, agora sob controle da Aegea. O grupo ainda negocia com os demais 22 municípios que não adequaram seus antigos contratos.
“Os contratos da Corsan já existiam com a empresa pública. A partir do momento que a empresa é privatizada, eles passam a ser contratos de concessão privada. Precisam sofrer adequações, que consistem basicamente em inserir as obrigações da concessionária, metas de investimento e estender o prazo. Já foi feito por 295 municípios e estamos discutindo com os outros (22) para que se faça essa regularização no menor prazo possível”, relatou o vice-presidente do grupo Aegea, Leandro Marin.
Corsan aumentou cobertura de esgoto de 20% para 28% nos municípios atendidos
Durante balanço dos dois anos do controle da Corsan pelo grupo Aegea, em evento realizado no Palácio Piratini durante a tarde desta segunda-feira, empresa e governo do Rio Grande do Sul celebraram alguns números da operação. Entre eles, o aumento da cobertura de esgoto.
Cresceu de 20% para 28% a cobertura de esgotamento sanitário nos municípios gaúchos. Segundo a empresa, são 284 mil novos imóveis atendidos, incluindo 852 mil pessoas.
O acesso à água também subiu: de 97% para 99%. Foram adicionados 180 mil imóveis, ou 540 mil pessoas na área de atendimento. A empresa também computa redução de 45% para 42% nas perdas com vazamentos no sistema.
De acordo com a Aegea, foram investidos R$ 3,85 bilhões desde a privatização até julho deste ano. Foram R$ 1 bilhão em sistemas de esgoto; R$ 810 milhões em sistemas de água; R$ 690 milhões em pagamento de outorgas; R$ 600 milhões em reposição de infraestrutura; e R$ 130 milhões em sistemas de informação.
Correio do Povo

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