quarta-feira, 11 de junho de 2025

Menu POA debate a emergência no sistema de saúde do Rio Grande do Sul

 Encontro da ACPA recebeu o secretário da Saúde de Porto Alegre e a diretora técnica da Santa Casa para discutir os desafios e o cenário atual da saúde na Capital

Secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, foi um dos convidados | Foto: Pedro Piegas


A saúde em emergência na Grande Porto Alegre foi o tema do Menu POA, evento da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), realizado nesta terça-feira (10), na Capital. O secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, e a diretora técnica da Santa Casa, Gisele Nader Bastos, foram os convidados para explicar o momento vivido pela área da saúde na reunião-almoço, que ocorreu no Salão Nobre do Palácio do Comércio.

Durante o evento, Ritter detalhou a rede de saúde da cidade, que opera com um orçamento de R$ 3 bilhões, provenientes de recursos federais, estaduais e municipais. A estrutura de saúde de Porto Alegre compreende 134 unidades de saúde, 214 prédios e 20 hospitais, além de equipes dedicadas à saúde mental.

O secretário destacou que as prioridades incluem a melhoria da atenção primária e a ampliação dos serviços de urgência, com planos de abertura de dois novos pronto atendimentos. “Queremos mostrar aqui a nossa prioridade, que é melhorar a resultividade da atenção primária, através das nossas equipes multiprofissionais, bem como ampliar a necessidade de serviços de urgência”, afirmou.

Ritter ressaltou o papel de Porto Alegre como capital do Estado, recebendo pacientes de diversas regiões, mas alertou que isso tem demandado um orçamento maior do que a capacidade da cidade. “Os recursos não têm sido corrigidos na mesma proporção que os custos da saúde vêm. Então, a gente tem hoje mais demanda do que oferta”, explica.

Ele pontuou o sistema de saúde enfrentou neste ano uma particularidade preocupante, que foi a alta ocupação dos leitos hospitalares antes mesmo da chegada do período de frio mais rigoroso. “Antes do inverno já iniciamos com uma taxa de ocupação de 10% a mais do que a gente tinha no ano passado e o ano retrasado”, observou.

Riter explicou ainda que, se normalmente Porto Alegre chegava ao inverno com cerca de 90% dos leitos ocupados, agora a ocupação é superior a 98%, o que exige a compra de novos leitos e a ampliação de serviços.

Sobre os anúncios feitos na segunda-feira (9) pelo governo do Estado, Ritter avaliou positivamente a ampliação de recursos, mas pontuou que a Operação Inverno do Rio Grande do Sul estava aquém da necessidade. Ele também defendeu a discussão da tabela SUS gaúcha com os municípios. “Este era um peito da Granpal, pois a gente precisa ser ator de deste processo, com critérios claros, definindo a complexidade, a prioridade, a gravidade e os custos, vendo quais são os gargalos principais. A saúde acontece nos municípios e é a gente que sente as dores”, afirmou.

Já Gisele contextualizou o cenário da Santa Casa, que possui 220 anos e dedica 63% dos seus atendimentos ao SUS. Ela explicou que é enfrentada uma sobrecarga nas emergências e unidades de pronto atendimento, especialmente com a chegada do inverno e a coexistência de doenças crônicas. "Isso tem dado uma sobrecarga muito grande, causando uma pressão nas portas de emergência, que são pacientes oncológicos e transplantados, entre outros, que também precisam desse apoio", relatou.

A diretora da Santa Casa diferenciou a atual sobrecarga dos anos anteriores, observando que, apesar de não haver uma busca excessiva por gripes virais comuns, há muitos casos de pacientes graves, crônicos e descompensados. Gisele atribuiu isso ao pós-pandemia, onde os pacientes perderam os seus acompanhamentos, além das perdas de estruturas de saúde pós-enchente no Estado. “Esses pacientes estão desassistidos no entorno da cidade e eles estão buscando cada vez mais a Capital para seu atendimento de doenças crônicas não compensadas”, frisou.

Além disso, ela explica que na pediatria a demanda segue alta por doenças respiratórias, com casos de influenza A e B. Para lidar com a situação, a Santa Casa realizou um investimento, convertendo 27 leitos de convênio para o SUS com recursos próprios, para desafogar sua emergência.

Correio do Povo

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