Termômetros de rua passam dos 36°C na Capital, enquanto agricultores já registram perdas na safra devido à falta de chuvas
O calor intenso marca o início da semana em Porto Alegre, castigando quem precisa enfrentar as ruas. No Centro Histórico, o termômetro de rua em frente ao Paço Municipal registrou 36°C ao meio-dia, indicando a sensação escaldante vivida pelos porto-alegrenses.
Mesmo sem servir de parâmetro oficial para meteorologistas, os números registrados nos termômetros de rua refletem o desconforto de quem circula pela cidade. Nas calçadas, qualquer sombra disponível se torna refúgio para amenizar o calor.
No Parque Moinhos de Vento, a pensionista Luiza Brauner, 70 anos, e o aposentado Silvio Leite, 75 anos, aproveitavam a manhã para tomar chimarrão, acompanhados do gato Leon. “Somos de Bagé e temos apartamento aqui e casa em Imbé. Agora estamos programando voltar para a praia na quinta-feira. Dentro do apartamento, só com ar-condicionado, mas não dá para ficar só confinado, tem que pegar um ar da rua”, conta Luiza.
Apesar do calor escaldante, o chimarrão acompanhava os dois que afirmam não abrir mão de compartilhar a bebida típica dos gaúchos. “O chimarrão, mesmo quando viajamos, vai junto na mala. Para mim, é remédio”, conta a pensionista.
No Centro, a autônoma Sirlei Corrêa, 42 anos, caminhava com o filho, sempre buscando as sombras dos prédios. “É horrível, né? Eu não gosto nem de inverno nem de verão, prefiro outono e primavera. Nesse calorão, eu até não sofro tanto. Sofro mais no inverno, que é muito frio. Então, na comparação, até prefiro assim”, afirma.
Os prognósticos da MetSul Meteorologia alertam que a onda de calor deve se intensificar nos próximos dias, com temperaturas acima dos 40°C em diversas regiões do Rio Grande do Sul. O calor excessivo agrava a estiagem, acelerando a perda de umidade do solo e piorando a situação das lavouras, especialmente no Centro e Oeste do Estado.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) estima perdas de até 40% na produção de soja em algumas áreas, enquanto propriedades isoladas já contabilizam 100% de prejuízo. Mesmo que ocorram chuvas, os agricultores afirmam que a produtividade da safra já está comprometida.
A previsão para os próximos dias aponta pancadas de chuva isoladas, mas insuficientes para reverter o cenário de estiagem. A MetSul destaca que, mesmo em áreas com precipitação, a irregularidade das chuvas não garante alívio significativo. O calor intenso e a falta de reposição de umidade no solo podem agravar ainda mais a crise hídrica, que já afeta bacias hidrográficas como a do Rio Gravataí.
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário