domingo, 2 de fevereiro de 2025

Estiagem atinge população no entorno do Rio Gravataí e faz setor primário "lutar contra o tempo"

 Estiagem afeta cotidiano de famílias e apressa o ritmo de pescadores que antecipam mortandade de espécies



A estiagem preocupa os moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre. Na manhã deste sábado, o Rio Gravataí não está em um patamar considerado crítico, mas segue em nível de alerta. O assoreamento gera reflexos em municípios que compõe a bacia hidrográfica, como a falta de água nos lares e os maus presságios no horizonte do setor primário.

Em Gravataí, por volta das 10h, o rio media aproximadamente 1,3 metros, conforme boletins da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura. A seca permitia o acesso da população em áreas antes tomadas por água. Famílias aproveitavam para tomar chimarrão e instalar cadeiras de praia na parte inferior de uma ponte na BR 118.

O eletricista Izael Moreira, 29 anos, levou o filho pequeno para brincar na localidade. Morador do bairro Dois irmãos, em Viamão, ele conta que a crise hídrica afeta o cotidiano da família. “Sofremos com a falta de água quase todos os dias. Além disso, quando há água em casa, o gosto é ruim”, disse.

Também estava ali João Aires Barbosa Cardoso, que vive da pesca há mais de quatro décadas. O homem de 60 anos, morador de Gravataí, conta que a o menor nível do rio auxilia na captura de peixes. Ele sabe, porém, que o efeito positivo da seca na atividade é limitado e que é uma questão de tempo para as espécies começarem a morrer.

“Com o rio represado, os peixes ficam perto das margens, acumulados em áreas específicas, o que acaba auxiliando a captura. Mas sei que a situação vai piorar, porque logo terá início a mortandade das espécies. Estou em uma corrida contra o tempo”, pontua o veterano.

Ainda conforme o pescador, em breve a estiagem também vai prejudicar a logística da produção “Os focos de pesca vão ficar cada vez mais isolados, e isso pode impedir o acesso dos pescadores”, explica Barbosa.


Desde dezembro de 2022, vigora em Gravataí um decreto que estabelece regras para evitar o desperdício de água. São consideradas infrações, por exemplo, fazer uso de mangueira, lava-jato e similares para lavar veículos, calçadas, paredes, pisos, janelas e telhados de prédios públicos ou privados, bem como manter instalações com vazamentos. Quem não cumpre a medida está sujeito a multa pode chegar a R$ 535.

“Nossa fiscalização tem percorrido a cidade para verificar a situação. Primeiro, advertimos as pessoas que adotam essas práticas. Em caso de reincidência, pode haver penalidades”, destacou o prefeito Luiz Zaffalon.

Correio do Povo

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