Os quatro principais postulantes ao Paço Municipal abordaram, entre outros temas, ações para o empreendedorismo e para a prevenção contra as enchentes na Capital
Os quatro principais candidatos à prefeitura de Porto Alegre participaram de debate no Palácio do ComércioA quase duas semanas das eleições, o tom dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre tende a se elevar com críticas aos concorrentes e com apresentação de propostas efetivas que cativem os eleitores. Foi assim no debate ocorrido nesta quinta-feira, entre os quatro principais postulantes ao Paço Municipal, no Palácio do Comércio. Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo) tiveram confrontos diretos e abordaram, entre outros temas, ações para o empreendedorismo e para os impactos das enchentes.
O primeiro de quatro blocos teve uma pergunta em comum para os candidatos, tratando das soluções para as cheias na Capital. Juliana afirmou que quer subir o painel de controle das casas de bombas para que não sejam afetados pelas chuvas, além da colocação de geradores internos. Também, propôs a criação de um sistema de monitoramento e alerta da população.
Para Rosário, o ideal é a conjugação de manutenção e obras, realizadas com recursos federais e em caixa no Dmae. “Eu não procuro culpados, mas hora de eleição é de aferir responsabilidades”, disse, criticando o atual prefeito. Melo, no entanto, falou que os recursos federais ainda não chegaram, apesar dos “muitos anúncios até agora”. O prefeito comentou que o sistema de proteção às cheias se mostrou insuficiente pela quantidade de chuvas que chegaram em maio.
O candidato do Novo, por sua vez, disse ver duas narrativas: uma que o prefeito diz ter feito tudo que estava ao seu alcance e outra em que tudo é culpa do prefeito. Classificou as versões como “meias-verdades”.
Segundo bloco teve confrontos mais acalorados
Abrindo o segundo bloco, Juliana Brizola e Maria do Rosário tensionaram o debate. A pedetista questionou Rosário sobre como planeja ser uma prefeita articuladora se não conseguiu reverter o veto do presidente Lula (PT), do mesmo partido, ao projeto apresentado por ela que isentaria impostos de móveis e eletrodomésticos comprados por moradores de áreas atingidas por desastres naturais. A petista reafirmou que confia “na palavra do presidente” e que ele confia nela, ressaltando que “dialogar não significa concordar”.
"Já conhecemos a forma de governar do PT. Deixem suas diferenças de lado e sentem na mesma mesa”, argumentou Juliana. Se afastando do assunto, Rosário terminou o confronto mostrando preocupação com as obras no Centro de Porto Alegre e com os lojistas da região.
Entre a petista e Melo, o tema foi educação e os resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Você assume a responsabilidade na educação?”, perguntou Rosário. A resposta de Melo iniciou com exaltações de obras como a recuperação do Mercado Público e a demolição do Esqueletão, mas reconheceu problemas na área. Ele afirmou que o plano de Rosário visa a criação de 16 estruturas novas e cargos de comissão “sem parar”. A candidata afirmou que quer alugar casas para transformar em creches e proporcionar uniformes em todos os estudantes da rede municipal.
Para Juliana, Camozzato criticou o governador Eduardo Leite (PSDB), que apoia a candidatura do PDT, e questionou sobre antigas discordâncias entre ela e Leite, enquanto a pedetista era deputada estadual. "Resolvemos deixar as divergências de lado porque o momento pede muito diálogo e respeito”, abordou Juliana.
Com Melo e Camozzato, o assunto principal foi segurança pública. O candidato do Novo elogiou a iniciativa da gestão de Melo de reduzir a idade de entrada na Guarda Municipal, mas argumentou que os efetivos poderiam estar patrulhando mais a cidade. Falou, também, sobre casos de assédio no Parque da Redenção, afirmando que câmeras não estavam funcionando. O prefeito falou que os dois candidatos convergem muito nesta área e exaltou iniciativas como os totens interativos de segurança. Criticou, porém, o governo estadual e a escassez de policiais nos municípios.
Camozzato: "Incentivar o turismo é fazer com que o PT não governe”
No terceiro bloco, a pergunta direcionada para o candidato do Novo foi em relação ao turismo na Capital. Ele ressaltou espaços como o Cais Embarcadero, o Cais Mauá e o Pontal do Estaleiro, mas afirmou que o principal incentivo ao turismo é não deixar que o PT assuma o poder da cidade.
Melo: “Chegada e saída do Porto Seco estão completamente afogadas”
Para o atual prefeito, o questionamento do terceiro bloco foi sobre a infraestrutura no acesso a Porto Alegre. Melo enalteceu obras nas avenidas Tronco e Severo Dullius, mas disse que na região do Porto Seco, há problemas. “Chegada e saída estão completamente afogadas”, falou sobre a localidade.
Juliana: “Andamos em Porto Alegre e encontramos entulhos das enchentes”
A pedetista criticou a gestão de Melo em relação à limpeza da Capital, comentando que vê entulhos das enchentes quando anda pela cidade “do Sarandi ao Lami”. Segundo ela, o maior exemplo da falha de gestão é a situação do lixo.
Rosário: “Centro tem que ser mais seguro com a presença da GM e da BM”
Segurança pública foi o tema abordado por Rosário no terceiro bloco. Ela se disse favorável à criação de centros de segurança em bairros e a um concurso maior da Guarda Municipal. “Tudo o que tiver dado certo, vamos manter”, ressaltou.
Alvos de críticas
Alguns momentos de tensão e críticas aos candidatos marcaram o debate. Após Juliana tecer comentários negativos sobre a gestão do lixo no município, Melo disse que a candidata “só anda pela cidade a cada quatro anos” e disse que os socialistas viram liberais quando entram no Palácio do Comércio.
"Quero dizer para o Melo que não sou socialista, sou trabalhista. Ele me conhece tanto que me escolheu para ser vice dele”, retrucou Juliana, citando as eleições de 2016, quando foi vice na chapa do atual prefeito.
Camozzato e Melo, que fizeram dobradinhas em outros debates, também se alfinetaram. “Melo não teve coragem para conceder o Dmae”, disse o candidato do Novo. “Quando estava quase perto (de enviar à Câmara Municipal), veio o censo que diminiui a população em 70 mil pessoas”, respondeu o prefeito.
Rosário criticou o prefeito sobre a tragédia climática de maio, falando que ele foi avisado por técnicos do Dmae, mas “não ouviu”. “Não use a tragédia para fazer politicagem”, respondeu Melo para a petista.
Correio do Povo
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