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domingo, 16 de outubro de 2022

TSE virou torcida organizada

 Tucanos se aproximam perigosamente da extinção

Guilherme Baumhardt

Nossos togados aprontaram mais uma. A lista é extensa e ganha novos capítulos a cada dia que passa. E cada vez mais graves. Aos que não conhecem, uma iniciativa que surgiu aqui, no Rio Grande do Sul, ganhou as plataformas digitais e se transformou em um grande gerador de conteúdo de linha conservadora liberal. Falo da Brasil Paralelo. Concordando ou não com aquilo que é dito nos vídeos e outras mídias, fato é que o material é muito bem produzido. Traz depoimentos fortes, alguns contundentes, além de resgates históricos precisos. Há qualidade na informação, na apuração, na checagem.

Um dos vídeos trazia críticas a Lula, que, insatisfeito, resolveu buscar a Justiça Eleitoral, solicitando a remoção do material. Se houvesse ali alguma mentira, nada mais justo que buscar a reparação. E o caminho para isso é o judiciário. A decisão é uma obra-prima da falta de noção (e vergonha na cara). Nossos togados reconheceram que ali havia verdades. Logo, não se trata de fake news. Mas na visão dos nossos iluminados (contém ironia) estamos diante de um caso de “desordem informacional”. O que diabos é isso ninguém sabe, ninguém viu. Fato é que o material foi... censurado! Mais uma vez. A pergunta que faço é: alguém ainda fica pasmo com isso, ou estamos anestesiados, os arroubos ditatoriais das cortes mais altas já virou paisagem?

O absurdo é ainda maior porque o argumento usado pelos petistas é o de que o vídeo foi produzido para prejudicar a campanha de Lula. Detalhe: o documentário é de 2017, quando o ex-condenado sequer disputava cargo público, muito menos o desta eleição. STF ou TSE. Você escolhe. Não temos mais tribunais. Temos torcida organizada. E daquelas que nos envergonham.

O PSDB derreteu
Os tucanos se aproximam perigosamente da extinção. E pelos seus próprios erros. Para uma sigla que já governou o país por dois mandatos (com Fernando Henrique Cardoso), eleger apenas 13 deputados federais, no pleito recente, faz com que o partido tenha o tamanho de um Podemos ou PSol – legendas que conquistaram 12 cadeiras cada.

Movimento natural
Durante anos o PSDB foi empurrado para uma condição de antítese ao petismo, quando na verdade eram lados muito semelhantes de uma mesma moeda – aos que tiverem interesse em buscar mais informações, pesquisem “Teatro das Tesouras”, uma estratégia montada no início do século passado, na antiga União Soviética, e que gerou filhotes.

Não foi por falta de aviso
Como a esquerda já estava ocupada pelo PT e seus satélites, e o Brasil viu nascer uma direita com a eleição de Jair Bolsonaro, o tucanato ficou sem rumo, sem casa e... sem eleitores. Ganhou sobrevida, em 2018, com João Doria Jr., em São Paulo, e Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. O primeiro foi abatido em pleno voo por ser afoito demais. O segundo quase não passou para o segundo turno na disputa, no Rio Grande do Sul, e tem uma pedreira no caminho na busca pela reeleição.

A esquerda piorou
O leitor que acompanha a coluna sabe: quem escreve aqui é um liberal. Já afirmei isso reiteradas vezes. Ainda assim, em respeito ao bom senso, sou obrigado a reconhecer que a esquerda tinha representantes dignos e com os quais era possível estabelecer um diálogo produtivo. Lembro aqui de nomes como Marcos Rolim, Adão Villaverde e Raul Pont – pessoas com as quais tenho profundas divergências, mas eram pessoas coerentes, corretas. Da velha guarda, quem sobrou? Uma estridente Maria do Rosário, um enrolado Paulo Pimenta e os dinossauros sindicais Miguel Rossetto e Paulo Paim.

Institutos...
Quando você vai à padaria e o pão é ruim, o que você faz? Troca. Vai comprar pão em outro lugar, procura uma alternativa. O Brasil deve ser o único país do mundo em que o erro é premiado. Datafolha e IPEC (o antigo Ibope) erraram miseravelmente no primeiro turno. Foram fracassos retumbantes, terríveis e que podem ter contribuído para a derrota de alguns candidatos (Edegar Pretto, no Rio Grande do Sul, é apenas um deles). E o que aconteceu? Os tais institutos foram contratados novamente! Sim, leitor, você tem todo o direito de ter não uma pulga, mas uma colônia de pulgas atrás das orelhas quando o assunto é pesquisa eleitoral.

Vamos perder o bonde?
O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma apresentação ao FMI. Palavras de um executivo do Deutsche Bank: o Brasil é porto seguro para investimentos externos nos próximos anos, para geração de emprego, renda, riqueza – graças ao trabalho feito por Guedes, na gestão Jair Bolsonaro. O cenário só não é mais promissor porque há um porém: Lula. Se o petista for eleito, a casa em ordem vira cortiço em pouco tempo.


Correio do Povo

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