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sábado, 17 de setembro de 2022

Dólar sobe para R$ 5,2592 e encerra semana com valorização de 2,17%

 Ibovespa encerrou a semana da forma como se manteve desde a última terça-feira, no negativo


dólar emendou nesta sexta-feira, 16, a segunda sessão consecutiva de alta, flertou com o rompimento do teto de R$ 5,30 nos momentos de maior estresse e encerrou a semana com valorização superior a 2%. A rodada de depreciação do real veio na esteira de uma busca global pela moeda americana diante da perspectiva de alta mais intensa e prolongada da taxa de juros dos EUA, após o índice de preços consumidor (CPI, na sigla em inglês) em agosto surpreender para cima na terça-feira, 13.

Redução das expectativas de inflação para um e cinco anos revelada nesta sexta com a divulgação do índice de sentimento do consumidor nos EUA, da Universidade de Michigan, trouxe alívio momentâneo na pressão compradora, mas não conseguiu fazer o dólar trocar de sinal.

Já é dado como certo que, na próxima quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano vai promover, ao menos, nova elevação de 75 pontos-base da taxa básica, hoje no patamar entre 2,25% e 2,50%. Apostas em desaceleração para aumento de 50 pontos-base não apenas foram eliminadas como deram lugar a chances, embora minoritárias, de uma aceleração para 100 pontos-base. Mais: o mercado já espera Fed Funds superior a 4% no fim do atual ciclo de aperto.

"O último dado de inflação (CPI) foi bem ruim, com números bastante pressionados, espalhamento e alta na margem de serviços e de bens. A inflação no curto prazo não permite ao Fed reduzir o ritmo", afirma a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico. "Essa constatação de que o problema da inflação é um pouco maior do que se imaginava gera também discussão de final de ciclo. Eu acho que o Fed vai aumentar as projeções nos gráficos de pontos para algo como 4,5%".

Nesta semana, o juro real para 10 anos nos EUA tocou 1%, no maior patamar desde 2018. Nesta sexta, as taxas dos Treasuries de 2 anos e 10 ano recuaram ao longo da tarde, em uma leve correção da escalada dos últimos dias. O índice DXY, que chegou a superar os 110,000 pontos pela manhã, com máxima aos 110,260 pontos, também perdia parte do ímpeto e rodava a estabilidade, na casa dos 109,700 pontos.

O euro apresentou leve alta em dia no qual foi revelada que a taxa de inflação na zona do euro acelerou de 8,9% em julho para 9,1% na leitura final de agosto, nova máxima histórica. Em relação a divisas emergentes, o comportamento da moeda americana foi misto, com alta frente ao rand sul-africano, queda frente ao peso chileno e oscilações marginais diante do peso mexicano.

Por aqui, o dólar abriu em alta e trabalhou sempre com sinal positivo. Na máxima, pela manhã, rompeu o teto de R$ 5,30 e tocou R$ 5,3105. Com moderação dos ganhos ao longo da tarde, em sintonia com o ambiente externo, a moeda encerrou o dia com valorização de 0,38%, a R$ 5,2592. Depois de cair 0,72% na semana passada, o dólar acumulou alta de 2,17% nesta semana. Assim, a divisa agora exibe ganhos de 1,11% em setembro. No ano, ainda apresenta perdas (de 5,68%).

Dados mais recentes fluxo cambial nesta semana e da bolsa mostram que houve realmente saída de capital externo pela conta de capital neste mês. A B3 informou nesta sexta que os investidores estrangeiros retiraram R$ 500,116 milhões na sessão de quarta-feira (14), o que levou a retirada líquida da Bolsa em setembro a R$ 1,729 bilhão. No ano, o aporte estrangeiro na B3 está positivo em R$ 68,424 bilhões.

"Tem uma preocupação grande com o crescimento global por conta do aumento de juros nos EUA e na Europa, o que tem provocado aversão ao risco. Esse ambiente de cautela deve permanecer com o mercado esperando novos sinais do Fed e também do Copom na super quarta (21)", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Damico, da Armor, observa que, apesar de sofrer nos últimos dias com a aversão ao risco e o fortalecimento global do dólar, o real tem conseguido manter uma "performance relativa razoável" na comparação com seus pares. "Temos o diferencial de juros, de crescimento e o fato de o exportador estar trazendo mais recursos. Isso impacta na performance relativa do real. De todo modo, a gente não consegue ficar totalmente imune ao risk off, tanto que o dólar se aproximou de R$ 5,30".

Taxas de juros

Os juros futuros de médio e longo prazos fecharam a sexta-feira em baixa, enquanto as curtas ficaram estáveis. O mercado aproveitou uma "brecha" na pressão dos Treasuries para devolver uma pequena parte dos fortes prêmios acumulados em quatro sessões de avanço, num movimento técnico, uma vez que nada mudou nas preocupações com o cenário inflacionário global e que deve exigir mão firme dos bancos centrais. Dessa forma, os investidores buscaram algum respiro antes das reuniões do Copom, Federal Reserve e Banco da Inglaterra na semana que vem. No balanço da semana marcada pelo choque com os dados de inflação nos Estados Unidos, a curva local teve ligeiro ganho na inclinação, pelo avanço pouco mais acentuado da ponta longa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,23%, de 13,22% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,07% para 12,02%. Em ambos, houve avanço de cerca de 30 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira passada. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 11,70%, de 11,77% no ajuste da quinta, com alta de 41 pontos na semana.

Apesar dos dados positivos de atividade na China e de espaço para devolver prêmios, as principais taxas oscilaram praticamente o dia todo perto da estabilidade e quando se mexiam, era para cima, até porque a revisão da inflação na zona do euro confirmou o índice recorde de 9,1% anualizado em agosto.

Assim, o mercado de juros por aqui deixou para aparar possíveis excessos somente no fim do dia, alinhadas à trégua das taxas das T-Notes, sobretudo a de dois anos. "Até há espaço para a correção técnica, mas o fim de semana se avizinhando e as preocupações inflacionárias elevadas inspiram cautela", afirmou o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio.

Para o Copom da próxima semana, a expectativa de 41 entre 50 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast é de manutenção da Selic em 13,75%, com as demais nove esperando alta de 25 pontos. Na precificação da curva, o quadro é um pouco mais apertado, com respectivas probabilidades de 60% e 40% aproximadamente.

Já para a reunião do Federal Reserve, na mesma quarta-feira, 21, do Copom, a expectativa majoritária é de nova elevação de 75 pontos-base no juro, mas não se descarta uma aceleração do ritmo para 100 pontos.

Conforme destaca a Renascença, a precificação para os Fed funds no final do ciclo de ajuste, que seria em março de 2023, no final da semana passada embutia uma taxa terminal de 4,01% e nesta sexta, de 4,41%. "Nesse sentido, a elevação dos yields nos EUA representou o principal fator de pressão altista sobre a curva de juros doméstica no período", afirma o chefe da área de Estratégia da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein.

Bolsa

Ibovespa encerrou a semana da forma como se manteve desde a última terça-feira, no negativo, contido pela cautela em torno da inflação americana e o efeito que terá nas próximas decisões sobre juros nos Estados Unidos, uma combinação que reduz o apetite por ações e outros ativos de risco associados à atividade econômica, como as commodities. O cenário de hard landing, que se conjuga a outros fatores de risco no horizonte imediato, como a crise de energia na Europa às vésperas do outono e a desaceleração chinesa, mantém os investidores na defensiva neste início de segunda quinzena de setembro, após a retomada do Ibovespa de julho para agosto.

Com a queda de 0,61%, aos 109.280,37 pontos no fechamento desta sexta-feira, a referência da B3 oscila para o vermelho em setembro (-0,22%), acumulando perda de 2,69% na semana depois da sequência de quatro baixas diárias. Na semana anterior, o índice havia avançado 1,30%.

O desempenho desta semana que chega ao fim foi o pior desde o recuo de 3,73% no intervalo entre os dias 11 e 15 de julho, há dois meses.

Nesta sexta, o Ibovespa oscilou entre mínima de 108.488,90 e máxima de 109.952,49 pontos, quase igual à abertura aos 109.950,92 pontos. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro foi a R$ 39,7 bilhões. No ano, o Ibovespa avança 4,25%.

"Em moeda local, a Bolsa brasileira é uma das poucas que ainda sobem no ano, como a chilena - no caso de lá, pelo alívio proporcionado pela rejeição, em plebiscito, do que seria a nova Constituição. Havia gordura aqui e o mercado tem se ajustado desde a última terça-feira com a inflação nos Estados Unidos em agosto. Está bem precificado que o Fed vai elevar em 75 pontos-base os juros americanos na próxima quarta-feira", diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez. "Ficou muito claro o compromisso deles Fed em controlar a inflação mesmo que ao custo da atividade econômica. O cenário de 'hard landing' ganha força e, combinado a outros fatores, como a grave crise na Europa, mantém o risco de recessão global. As incertezas são ainda muito grandes", acrescenta.

Nesta última sessão da semana, as perdas na B3 voltaram a se espalhar pelos segmentos de maior liquidez e peso no índice, com destaque para o setor financeiro, em que os grandes bancos, como Bradesco PN (-1,14%) e BB (ON -1,13%), recuaram. Dia negativo também para Petrobras (ON -0,55%, PN -0,90%) mesmo com ajuste marginal, para cima, nas cotações do petróleo na sessão.

Vale mostrava leves ganhos à tarde, mas também cedeu terreno no fechamento (ON -0,15%), com poucas siderúrgicas (CSN ON +1,31%, Gerdau PN +0,83%) conseguindo chegar ao fim do dia no positivo, em semana ruim também para o segmento (Vale ON -1,87%, Gerdau PN -6,32%, CSN ON -7,16%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque nesta sexta-feira para Natura (-10,47%), Cogna (-9,22%) e Yduqs (-5,52%). No lado oposto, BB Seguridade (+4,02%), Fleury (+2,97%), Magazine Luiza (+2,76%) e Carrefour Brasil (+2,60%).

Ante as incertezas externas e domésticas - entre as quais, sobre como ficará a gestão fiscal no próximo ano, com pressão decorrente de desonerações tributárias e concessões de benefícios sociais -, cresceu fortemente o pessimismo do mercado financeiro sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, embora a percepção de alta ainda predomine. Com a perspectiva de estabilidade para o Ibovespa na próxima semana reunindo apenas 6,67% dos participantes, o quadro das expectativas ficou quase binário, com 53,33% acreditando em ganhos e 40,00%, em perdas. Na pesquisa anterior, 60,00% esperavam avanço do Ibovespa nesta semana; 20,00%, queda; e outros 20,00%, variação neutra.

"A piora de perspectiva sobre o crescimento econômico nos EUA com a manutenção de um Fed duro no combate à inflação, ilustrada por forte inversão na curva de juros americana, segue atuando como principal vetor de pressão para os mercados", observa em nota a Guide Investimentos. "A crise energética europeia, que ameaça colocar a economia do bloco em grave recessão, além da postura mais amena do BC japonês na política monetária, dá força adicional ao dólar, já beneficiado pela busca por proteção", acrescenta a casa, referindo-se a novo recorde atingido nesta sexta, acima de 110 pontos. pelo índice DXY, que contrapõe a moeda americana a referências como euro, iene e libra.

"As bolsas seguem em tendência de queda desde a surpresa com o CPI índice de preços ao consumidor nos EUA, na última terça-feira. Foi a pior semana desde junho para as bolsas americanas. No Brasil, as surpresas continuam positivas, como o IBC-Br, mostrando atividade mais forte do que o previsto, o que bateu um pouco na curva de juros daqui, ontem, com abertura, alta de juros futuros refletindo percepção de convergência mais lenta da inflação para a meta no Brasil, e também, claro, juros mais altos nos Estados Unidos, com o yield da Treasury de 10 anos na máxima de 10 anos, acima de 3,40%", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Se os rendimentos de 10 anos escalaram à elevada faixa de 3,44%, os de 2 anos estão agora em torno de 3,85%, ainda mais altos - a inversão vista entre os juros de 2 e 10 anos é considerada um prenúncio de recessão nos Estados Unidos.

"A fraqueza do S&P 500 foi destaque do dia, os ativos de risco em geral sofreram bastante com a abertura da Treasury e a perspectiva de o BC americano puxar mais fortemente a taxa de juros na semana que vem. Declarações de membros do Fomc o comitê de política monetária doFed e os dados de inflação mostraram que isso é possível", diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset.


Agência Estado e Correio do Povo

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