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quinta-feira, 5 de maio de 2022

Crediário da geladeira, financiamento do carro e cartão mudam com a Selic

 por Ana Paula Branco

Parcela da geladeira sobe centavos, mas sequência de altas pesa no bolso SÃO PAULO

A sequência de aumentos da taxa básica de juros, que nesta quarta-feira subiu para 12,75% ao ano, aumenta o custo do crédito para o consumidor que busca compras a prazo, financiamento de carros e usa o rotativo do cartão de crédito.

Se considerada apenas a elevação de um ponto percentual na Selic, a diferença na parcela de uma geladeira comprada no crediário não chega a R$ 1 por mês, segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional de Executivos).

Ou seja, a alta da Selic, de forma isolada, não teria grande impacto se não fosse a décima seguida. A taxa que, de agosto de 2020 a 17 de março de 2021 se manteve em de 2%, vem aumentando desde então a cada reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) numa tentativa de frear a inflação.

De acordo com Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac, essas altas consecutivas num ambiente em que a renda do brasileiro já está contida por causa da inflação e do desemprego vão impactar fortemente as novas operações de crédito.

Um empréstimo pessoal de R$ 5.000, financiado em 12 meses, teria parcela mensal de R$ 528,44 com a Selic anterior, a 11,75% ao ano. A mesma parcela com a nova taxa de juros sobe para R$ 530,91, segundo a Anefac. A diferença não chega a R$ 2,50.

Porém, se compararmos com janeiro do ano passado, quando essa prestação estaria em R$ 507,72 com a taxa de juros da época, a parcela aumentou R$ 23 por mês para o consumidor. 

Para quem financiou um veículo de R$ 40 mil em 60 vezes até fevereiro do ano passado, uma parcela custava de R$ 974,42. Já quem for financiar um carro no mesmo valor agora, vai pagar prestações de R$ 1.159,09 com a nova Selic.

Uma geladeira de R$ 1.500, por exemplo, custaria 12 parcelas de R$ 166,01 com a Selic em 2%, segundo simulação da Anefac. Com a taxa anunciada nesta quarta, a prestação sobe para R$ 171,92.

"Uma diferença que parece pequena, mas que, no atual contexto econômico do país, reduz o poder de compra do consumidor e provoca o endividamento das famílias", afirma Oliveira.

  TAXAS MÉDIAS DE JUROS PRATICADAS PELO MERCADO - PESSOA FÍSICA

Linha de créditoTaxa mensal com a Selic anterior (11,75%)Taxa mensal com a Selic atual (12,75%)Variação
Juros do comércio5,20%5,28%1,54%
Cartão de crédito13,58%13,66%0,59%
Cheque especial7,84%7,92%1,02%
Financiamento de veículos1,95%2,03%4,10%
Empréstimo pessoal bancos3,86%3,94%2,07%
Empréstimo pessoal financeiras7%7,08%1,14%
Taxa média6,57%6,651,22%
Linha de créditoTaxa anual com a Selic anterior (11,75%)Taxa anual com a Selic atual (12,75%)Variação
Juros do comércio83,73%85,42%2,01%
Cartão de crédito360,92%364,83%1,08%
Cheque especial147,38%149,59%1,50%
Financiamento de veículos26,08%27,27%4,57%
Empréstimo pessoal bancos57,54%59%2,54%
Empréstimo pessoal financeiras125,22%127,25%1,62%
Taxa média114,64%116,58%1,69%

     Já as empresas vão sentir o impacto da nova Selic, principalmente, ao recorrer a bancos para o seu capital de giro. Se um empréstimo de R$ 50 mil com prazo de pagamento de 90 dias tinha juros de R$ 1.560,97 em janeiro do ano passado, agora, serão de R$ 2.593,60.

"Algumas cadeias vão embutir o custo no preço para o consumidor final. Mas outras não conseguem repassar para não perder cliente e terão que absorver parte desse impacto", avalia Oliveira. 

TAXAS MÉDIAS DE JUROS PRATICADAS PELO MERCADO - PESSOA JURÍDICA

Linha de créditoTaxa mensal com a Selic anterior (11,75%)Taxa mensal com a Selic atual (12,75)%Variação
Capital de Giro1,70%1,78%4,71%
Desconto de Duplicatas1,78%1,86%4,49%
Conta Garantida7,57%7,65%1,06%
Taxa média3,68%3,76%2,71%
Linha de créditoTaxa anual com a Selic anterior (11,75%)Taxa anual com a Selic atual (12,75)%Variação
Capital de Giro22,42%23,58%5,18%
Desconto de Duplicatas23,58%24,75%4,96%
Conta Garantida140,05%142,20%1,54%
Taxa média54,35%55,79%2,64%

O ajuste na Selic é uma das ferramentas do Banco Central para tentar conter a inflação, que tem registrado alta constante, pressionada principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis.

Especialistas, no entanto, já trabalham com novas altas na taxa básica de juros nos próximos meses, visto que a Guerra da Ucrânia afeta o mercado global e o preço do petróleo voltou a subir em abril, o que deve refletir na inflação do período.

Os EUA também anunciaram nesta quarta o aumento da sua taxa de juros. Por lá, a alta foi de 0,5 ponto percentual, a maior desde o ano 2000. O governo americano anunciou ainda um plano para reduzir suas enormes participações em títulos, medidas decisivas destinadas a conter a maior inflação em 40 anos.

"É um cenário diferente. A economia dos EUA está crescendo, o impacto da alta do juros não será negativo", diz Oliveira.

Fonte: Folha Online - 04/05/2022 e SOS Consumidor

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