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domingo, 20 de março de 2022

Brasil é capaz de driblar ondas de covid da Ásia e Europa, dizem especialistas

 


Enquanto o Brasil mantém tendência de queda nos números da Covid-19, a situação em nações da Ásia e Europa que vivem uma nova onda da Ômicron acende um alerta. Embora existam chances de novas altas de casos desembarcarem por aqui, especialistas avaliam como baixa a possibilidade de um período catastrófico no País, que experimenta outra condição epidemiológica. Para eles, no entanto, algumas medidas sanitárias seriam necessárias para reduzir ainda mais esses riscos.

Analistas brasileiros veem com preocupações cenários como o do Reino Unido, que passa por um aumento dos diagnósticos desde o fim de fevereiro, ainda que as mortes permaneçam em patamares baixos. Já em Hong Kong e na Coreia do Sul, os óbitos chegaram aos níveis mais elevados de toda a pandemia.

Para que o Brasil esteja protegido de novas pressões sanitárias, o consenso é que, embora a cobertura vacinal esteja elevada em relação às duas doses, a principal estratégia deveria ser avançar na terceira e ampliar o debate sobre a oferta de uma quarta dose, autorizada hoje no país apenas para pessoas imunossuprimidas no período de quatro meses após a última aplicação.

“Está faltando uma adesão maior à terceira dose da vacina e no público infantil. E hoje não temos dúvidas de que é indicada uma quarta dose para pessoas idosas, imunossuprimidas e que têm um risco maior de evolução grave no geral”, destaca o infectologista Gerson Salvador, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

A mesma orientação é apontada pelo infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, que ressalta a queda da efetividade observada cerca de seis meses após a terceira dose, especialmente em grupos mais vulneráveis.

“Se você tem uma vacinação antiga, é possível que você tenha uma perda parcial de proteção ao longo do tempo e precise de mais um reforço. Muito provavelmente essa dose extra não será necessária para a população geral, mas hoje sabemos que é importante para pessoas que já não respondem adequadamente às vacinas, como idosos e imunossuprimidos”, afirma o especialista.

Vacinação

Croda destaca que, no contexto da vacinação brasileira, esse segundo reforço é crucial por grande parte dos idosos terem completado o esquema vacinal de primeira e segunda dose com a CoronaVac. Ainda que tenha sido o primeiro imunizante a ser aplicado no Brasil, e ter salvado milhares de vidas no início da campanha, sabe-se hoje que a eficácia da vacina é menor nos idosos, inclusive para casos graves, pontua o infectologista.

Nesse caso, Croda reforça que, assim como foi recomendado com a terceira dose, a nova aplicação deve ser feita com outra plataforma vacinal, como o RNA mensageiro, no caso da Pfizer, ou o vetor viral, como é feito o imunizante da AstraZeneca.

“Antes mesmo da nova variante, o regime completo para a CoronaVac seria com um reforço. Por isso, ofertar agora uma quarta dose da mesma vacina para idosos não é recomendado. Evidências já mostram que ela gera menos proteção e, no contexto da Ômicron, não existem dados que comprovem que o público que receber o reforço com a CoronaVac estará protegido contra desfechos graves”, acrescenta o especialista.

Ele discorda, por exemplo, da orientação do estado de São Paulo, que utiliza todos os imunizantes oferecidos no Plano Nacional de Imunizações (PNI) como reforço, inclusive a CoronaVac. Nesta quarta-feira, o estado se tornou o primeiro a anunciar a ampliação de uma quarta dose para idosos com mais de 80 anos, no intervalo de quatro meses da última aplicação. No Rio de Janeiro, a prefeitura da capital vai oferecer um segundo reforço para toda a população no período de um ano após o primeiro. A campanha terá início em julho com os idosos.

O Ministério da Saúde chegou a avaliar estender a quarta dose para outros grupos considerados vulneráveis, mas afirmou em fevereiro que são necessárias mais evidências e manteve a oferta restrita aos imunossuprimidos. Em outros países, o debate avança. A França anunciou na última semana a medida para idosos com mais de 80 anos. Em Israel, a aplicação é permitida para pessoas acima de 60 anos, trabalhadores de saúde, entre outros. No Chile, há um calendário que contempla toda a população adulta.

O Sul

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