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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

OS FILÓSOFOS DA NATUREZA OU PRÉ-SOCRÁTICOS _2a. e última parte

 Por Marcelo Castro_Adm. Cultura em Doses

Dando continuidade à nossa viagem pela História da Filosofia, vamos conhecer o pensamento de outros cinco dos principais filósofos pré-socráticos como Heráclito, Demócrito, Parmênides, nessa que é a 2ª parte e última do capítulo: Os Filósofos da Natureza ou Pré-socráticos.
Parmênides (530-460 a.C.)
Parmênides nasceu na colônia grega de Eleia no sul da Itália, e dos seus filhos foi o mais famoso. Assim como os filósofos de Mileto, ele acreditava que tudo que existe no mundo sempre existiu.
Sendo um cético e racionalista Parmênides dizia que “nada pode surgir do nada”. Ele via as transformações das coisas mas dizia que os sentidos nos iludem fornecendo uma visão enganosa do mundo. Ele não acreditava que essa transformação percebida pelos sentidos físicos fosse real, ou seja, para ele, nada realmente se transforma.
Parmênides era um poeta e tudo, ou o pouco, que chegou até nós a respeito dele e do seu pensamento foi um poema sobre a natureza, ao qual ele atribuiu a uma revelação divina. Esse poema era dividido em duas partes: “caminho da verdade – Alétheia“ e “caminho da opinião dos mortais – Doxa“.
O “caminho da verdade – Alétheia” era o caminho do pensamento, do conhecimento válido e justificável. Tudo que existe pode ser pensado; tudo que não existe não pode ser pensado. Tudo que pode ser pensado pode ser dito. Tudo que não pode ser pensado não pode ser dito.
Atributos do ser: eterno (não foi criado), uno e indivisível, imutável e imóvel.
"O ser é e o não-ser não é. O não-ser é ilusão."
O “caminho da opinião – Doxa” era o caminho individual e que levava ao erro. A opinião carrega preconceitos trazidos pela experiência vivida de cada um e pela aparência das coisas. Parmênides achava que a verdade pura era exclusiva dos deuses. Portanto, para Parmênides deve-se desprezar os sentidos (percepções individuais) e guiar-se pela razão (comum a todos).
Heráclito (540-470 a.C.)
Heráclito nasceu na cidade de Éfeso, colônia grega que ficava na região da atual Turquia e dizia: tudo flui, tudo está em movimento e nada dura para sempre. Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio. Para ele, as constantes transformações eram justamente a característica mais importante da natureza.
Ao contrário de Parmênides, Heráclito confiava na percepção das coisas através dos sentidos.
Heráclito percebeu que tudo estava em constante mudança e se transformava no seu contrário: o quente se transformava em frio, o frio em quente, o úmido seca e o seco umedece etc. Tanto o bem quanto o mal são necessários ao todo. Sem a constante interação dos opostos o mundo deixaria de existir. A essa constante mudança ou transformação ele deu o nome de Devir (vir a ser). É da síntese desses opostos que nasce a verdade, a unidade. Se nunca tivéssemos fome não saberíamos o que seria estar saciado. Se nunca ficássemos doentes não saberíamos o que seria a saúde. Sem a guerra não saberíamos o que é a paz.
No lugar da palavra deus, Heráclito empregava a palavra grega logos, que significa razão (universal). Então, o logos seria o dia e a noite, o inverno e o verão, a guerra e a paz.
O fogo seria o elemento primordial para Heráclito. O cosmos é um só e nasce do fogo, e depois, é pelo próprio fogo consumido, em ciclos que se repetem em períodos determinados. Tudo provém do fogo e para o fogo retorna pelos fenômenos da condensação e da rarefação respectivamente.
Tudo flui como um rio.
Principais diferenças entre Heráclito e Parmênides
Para Parmênides:
Nada pode mudar
As impressões dos sentidos não são confiáveis.
Para Heráclito:
Tudo se transforma. Tudo flui.
As impressões dos sentidos são confiáveis.
Parmênides e Heráclito, são considerados os fundadores da ontologia.
Empédocles (490-430 a.C.)
Empédocles foi filósofo, político e poeta grego. Nasceu na cidade Agrigento na Sicília. Apesar de ter sido contemporâneo de Sócrates, é considerado um pré-socrático. Ele também, assim como os outros filósofos da natureza, era um cosmólogo, ou seja, estava em busca de um princípio (arché) que explicasse a natureza (physis) e o cosmos.
Sua obra foi toda escrita em versos e suas lições estão em dois poemas: Purificações e Sobre a Natureza.
Empédocles não se conformava com as ideias do elemento primordial de Heráclito e Parmênides como sendo a origem de tudo. Ele concluiu que a água não poderia se transformar em um peixe ou a terra se transformar em uma planta ou ainda uma flor ou o ar em uma borboleta. Em seguida formulou sua teoria: a origem de todo o cosmos está nestes quatro elementos combinados: água, terra, fogo e ar. Todas as coisas seriam formadas por esse elementos porém em proporções variadas. Sobre eles agiam duas forças: o Amor que os unia e o Ódio que os afastava uns dos outros.
Anaxágoras (500-428 a.C.)
Anaxágoras nasceu na cidade de Clazômenas na Grécia e foi o fundador da primeira escola filosófica de Atenas.
Ele era um pluralista, ou seja, achava que a natureza era composta por uma infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu. As coisas surgem e desaparecem com a agregação e a desagregação dessas partículas ou elementos. Esses elementos se ligariam através do que ele chamou de Nous, palavra de origem grega que poderia ser traduzida por uma razão universal (divina) que atuaria sobre os elementos, constituindo assim todas as coisas.
Vários filósofos se utilizaram da palavra Nous atribuindo-lhe diversos sentidos, a saber: inteligência, pensamento, parte racional e imortal da alma, emanações do ser divino.
Anaxágoras acreditava que a natureza é eterna, não teve início e nem teria fim. Para ele não houve criação divina ou qualquer tipo de big bang, por exemplo. Tudo sempre existiu.
Demócrito (460-370 a.C.)
Discípulo de Leucipo, outro filósofo pré-socrático, Demócrito nasceu em Abdera na Grécia.
Sua teoria nos trouxe a noção de átomo (indivisível). Ele concebeu que apesar das transformações, dos seres e dos objetos, captadas pelos nossos sentidos, na realidade as coisas não se transformavam. Todas as coisas eram formadas por elementos mínimos, invisíveis, e que se diferenciavam entre si na forma e no tamanho.
Demócrito era um materialista. Ele não acreditava numa “força” ou “razão superior ou divina” que interviria nos processos naturais e exerceria ação sobre os átomos, ordenando-os e formando as coisas. Contudo, ele não queria dizer que tudo aconteceria ao “acaso”.
Para ele, todas as transformações seriam regidas pelas leis imutáveis da natureza.
Como materialista que foi, Demócrito acreditava que a alma estaria ligada ao cérebro e que não poderíamos possuir qualquer forma de consciência quando o cérebro deixasse de funcionar e degenerasse.
A filosofia natural grega chega ao fim da linha, pelo menos por enquanto, com Demócrito. Ele concordava que tudo fluía, assim como Heráclito, porém, haveria algo permanente e imutável, que não fluiria, o átomo.
Demócrito e Leucipo, seu mentor, são considerados os pais da química atual.
Por Marcelo Castro
Adm. Cultura em Doses




Fonte: https://www.facebook.com/culturaemdoses/posts/1299833980431938

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