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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Escravidão, tráfico e traficantes

 A propósito do ato de vandalismo que foi perpetrado por um bando de idiotas e ignorantes contra a estátua de Borba Gato aqui em São Paulo, pretensamente justificada por eles de que a escultura se trata de uma homenagem injusta a um traficante de (seres humanos) indígenas para trabalho escravo nas fazendas, na mineração e nas construções, durante o período colonial brasileiro.

A escravidão de seres humanos e o seu tráfico sempre foram considerados como uma ação nefasta e abominável sob todos os aspectos, que envolve interesse políticos e principalmente econômicos, desde os primórdios da civilização, passando pela escravidão do povo hebreu na Babilônia e no Egito, até chegar ao século XX com a hedionda escravização e extermínio de milhões de seres humanos nos campos de concentração da Alemanha nazista e da Rússia comunista.
A escravatura sempre foi um mal, mesmo com todos os sofismas não faz que uma ação má se torne boa. Mas a responsabilidade desse mal é relativa aos meios e as circunstâncias do momento para compreendê-la. Conseqüentemente aquele que se serve da escravidão é sempre culpável de uma violação da lei natural; mas nisso, como em todas nas ações correlatas, a culpabilidade é relativa.
No caso do Brasil a necessidade de escravizar índios, em escala infinitamente menor do que a dos africanos, despontou na transformação, no século XVI da modesta vila de São Paulo de Piratininga no centro gerador do bandeirismo, do qual participou Borba Gato, num dos mais heróicos episódios da penetração, desbravamento e conquista de grandes áreas, aliás, dois terços além dos limites impostos por Tratados internacionais, portanto responsáveis pela atual grandeza territorial de nossa Pátria.
Sobre o apresamento e o tráfico indígena promovido pelos bandeirantes, constatamos que ele se estendeu desde o sudeste ao nordeste, do centro oeste até a Amazônia, na busca por riquezas minerais e fundando inúmeros vilarejos nestas regiões, que hoje se tornaram em cidades prósperas.
Excetuando o período das incursões bandeirantes a Missões jesuíticas no sul do país, os resultados econômicos do apresamento de índios não foram compensadores, pois em meados do século XVII o preço da venda de um indígena não atingia um quinto do valor do escravo africano, além disso aquele era rebelde não aceitava ser escravizado por conta de seu temperamento diferente do africano que era muito mais subserviente ou obediente
Ora... a obediência é o consentimento da razão. Quem consente alguma coisa permite que se faça ou não, conforme as circunstâncias ou conveniente em uma nova situação imposta, diferente da sua maneira de agir ou viver, daí a resignação o consentimento de se submeter a uma situação onde o sujeito é forçado a abdicar do seu direito em favor de alguém.
Assim sendo, como os bandeirantes não foram ao sertão em busca de africanos para escravizá-los, o tráfico de indígenas declinou e diante dos sacrifícios, do desgaste humano, dos riscos ocorridos e o fraco rendimento econômico, este ciclo (caça ao índio) foi efêmero porém injustificável, mas não podemos compará-lo com os milhões de africanos trazidos para o Brasil pelos traficantes e comerciantes perversos, verdadeiros escravocratas.
Concluindo, há de se considerar dois aspectos essenciais no episódio do tráfico de escravos, tanto de negros como de índios no Brasil; o papel do receptador: fazendeiros, senhores de engenho entre outros, isto é, aqueles que adquiriam escravos e usufruía do seu trabalho, tão ou mais responsáveis ou criminosos como aquele que apresava índios.
Por outro lado a justificativa declarada pela própria Igreja Católica, no âmbito universal que considerava a escravidão um costume entre certos povos que se julgavam superiores, portanto o homem poderia praticá-la de boa fé, como uma coisa que lhe parecesse normal, como um bem para elevar criaturas atrasados em contato com o homem civilizado; assim ambos (o receptador e a Igreja) culpáveis e incentivadores pela violação da lei natural de liberdade do cidadão.



Fonte: https://www.facebook.com/1677131654/posts/10217320256833226/?sfnsn=wiwspmo

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