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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Bolsonaro diz que horário de verão poderá voltar, “desde que a maioria da população seja a favor”

 


Em uma segunda-feira (2) marcada por declarações polêmicas e de impacto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o horário de verão poderá ser retomado no Brasil, “desde que a maioria da população seja a favor”. Ele extinguiu em medida em 2019, já em seu primeiro ano de governo, sob o argumento que não havia benefício econômico em atrasar ou adiantar relógios na estação mais quente do ano.

O chefe do Executivo não especificou, no entanto, como seria medido esse apoio – ou não – por parte da população.

“Foi comprovado, realmente, que não aumentava o consumo de energia, que era o ponto focal, principal, da existência do horário de verão”, declarou em entrevista à emissora de rádio ABC, do Rio Grande do Sul. “Até o momento, eu vejo que a maioria da população continua contrária [ao horário de verão], mas se mudarem de ideia, eu sou um democrata, então sigo a maioria.”

Recentemente, empresários ligados a entidades do setor de turismo e de restaurantes enviaram um documento ao governo federal pedindo o retorno do horário de verão ainda em 2021. O grupo avalia que a medida impacta positivamente nos negócios, ao adicionar uma hora para receber turistas e clientes, apesar de não ter grande impacto no consumo de energia.

O presidente admitiu estar ciente de que alguns setores defendem a volta do horário de verão, mas afirmou que no momento não vê “apoio popular” para isso: “Sei que para alguns setores aumenta o faturamento, porque as pessoas fica mais tempo frequentando o comércio. Isso a gente pesa também. Mas mo momento não tem apoio popular para a gente voltar com a ideia”.

Decisão questionada

Para alguns analistas econômicos, Bolsonaro errou duplamente – em forma e conteúdo – ao acabar com o horário, em 2019. na forma e no conteúdo.

Na forma, porque a decisão foi arbitrária e não transparente, sem uma pesquisa de opinião capaz de embasar a decisão.

Em conteúdo, porque a medida trazia três benefícios sociais: economia de energia, impacto positivo sobre a atividade econômica e um terceiro, menos discutido, que é o efeito da luminosidade adicional sobre indicadores de segurança pública.

O argumento utilizado em 2019 de que o horário de verão perdeu relevância devido à mudança do pico de consumo do fim para o meio da tarde, como resultado do maior uso de aparelhos de ar condicionado, perde relevância num momento como o atual, de grave crise no setor elétrico.

“O que há atualmente, no verão, é um duplo pico: um no meio da tarde, por causa do ar condicionado, e outro, quando as pessoas chegam em casa e vão tomar banho e ligar seus eletrodomésticos”, diz um especialista.

Estima-se que o horário de verão pode reduzir em até 4,5% o consumo de energia nesse segundo pico do fim de tarde. O País vive uma crise de abastecimento de energia, então tudo que possa ser feito para estimular o consumidor a reduzir o consumo de energia deve ser implantado, principalmente se isso for acompanhado de uma campanha de educação.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ( e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, destaca que o contexto do setor elétrico mudou desde 2019:

“Há dois anos, o equilíbrio entre oferta e demanda de energia estava tranquilo, então uma economia de 2% a 3% do consumo não era tão imprescindível. Mas, atualmente, estamos enfrentando problemas para atender a demanda de energia elétrica justamente na hora em que escurece”.

“Diante da crise hidrológica deste ano, o horário de verão faz todo sentido, porque ele evita um consumo a mais, do que numa situação em que não haja horário de verão”, finaliza.

O Sul

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