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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

“Choro de perdedor”, diz Lupi sobre possíveis dissidências em Porto Alegre

 PDT oficializou apoio à Manuela D'Ávila (PCdoB) na manhã desta quarta-feira



O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, classificou na tarde desta quarta-feira como “choro de perdedor” as especulações de que parte das lideranças da sigla na Capital não estaria disposta a abraçar a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB) à prefeitura. “Isso aí é coisa de quem queria mas não teve, e aí vai para o varejo e fica gritando ‘quem vem, quem vem’. É igual xepa de feira. Feirante conhece. Ficam tentando pegar uma sobra. Só que é aquela questão: o que sobra, na maior parte das vezes, está estragado, bichado.”

Pela manhã, o partido selou o apoio à Manuela, em um ato realizado na sede, com a presença da deputada estadual Juliana Brizola, que disputou a prefeitura no primeiro turno, do presidente do diretório Metropolitano, o deputado Pompeo de Mattos, e da vice-presidente nacional, Miguelina Vecchio. Para oficializar o apoio, os pedetistas entregaram à candidata uma carta-compromisso com a exigência do cumprimento de 12 pontos caso Manuela seja eleita. Quatro deles são referentes à área da Educação, item central da campanha de Juliana.

Segundo Lupi, o PDT nacional já tinha definido o apoio à Manuela no domingo. Nos dois dias seguintes, encaminhou as discussões com o PDT da Capital. Ficou definido que Juliana encabeçaria o apoio. Na terça à noite a Executiva do partido em Porto Alegre se reuniu e bateu o martelo. Lupi participou virtualmente. Ciro Gomes, que pretende se colocar novamente na disputa presidencial em 2022, havia ligado para Manuela na segunda. Nesta quarta, comemorou a decisão no Twitter. O cenário nacional, de acordo com lideranças da sigla no RS, teve peso importante na definição. Lupi, contudo, assinala que não aconteceram “trocas” envolvendo 2020 e 2022. “Sabemos da ligação histórica do PCdoB com o PT. Não tratamos disso. A questão é que não podíamos ficar em cima do muro neste momento.”

Ele admite que existiam posições antagônicas em Porto Alegre, tanto pela defesa da liberação como da de apoio ao adversário de Manuela na disputa, o deputado Sebastião Melo (MDB). “Só que a eleição da Manuela vai além das qualidades dela. Tem um simbolismo no Brasil, a começar pela conquista cada vez maior de espaço pelas mulheres. Existia a relação anterior com o Melo, claro. Mas ele mesmo ajudou demais nossa posição quando colou no Bolsonaro. Ajudou de verdade.”

Questionado sobre se a sigla conta com eventuais dissidências, o pedetista enviou recado direto aos descontentes. “Imagine, por exemplo, um candidato eleito vereador fazer campanha para o candidato de oposição ao partido. Isto certamente tem consequências.” Em Porto Alegre, o PDT reelegeu dois vereadores (Mauro Zacher e Márcio Bins Ely) no domingo, perdendo uma cadeira na Câmara. Nos bastidores, ambos são tidos como simpáticos a Melo, em função das relações mantidas quando o emedebista foi vereador e, depois, vice-prefeito.

Na eleição passada

Nas eleições municipais de 2016 a definição do PDT de Porto Alegre ocorreu depois de muita turbulência. Na época, o partido detinha a prefeitura da Capital, então sob o comando de José Fortunati. Seu vice era Sebastião Melo (MDB). Primeiro, o PDT tentou lançar o ex-deputado Vieira da Cunha como candidato, mas ele acabou desistindo após o fracasso na composição de alianças e o que foi ventilado como pouco empenho de Fortunati em fortalecer o nome de Vieira. Na outra ponta, o MDB lançou Melo candidato. No início de agosto, em convenção, os pedetistas escolheram Mauro Zacher para compor a chapa como vice de Melo, após uma série de idas e vindas. Juliana, que também pleiteava a indicação, se retirou. Um dia depois, após o presidente nacional, Carlos Lupi, encabeçar novas tratativas, aconteceu uma reviravolta. Juliana substituiu Zacher na chapa. Lideranças do então PMDB e do PDT argumentaram que Zacher enfrentava pendências judiciais que poderiam prejudicar a chapa. O vereador negava. O antagonismo público entre Juliana e Zacher alimentava ainda mais os debates. Ao fim, Juliana foi oficializada vice de Melo.

As diferenças entre a deputada e o vereador, asseguram pedetistas que estão no Legislativo, não terminaram, mas são evitadas em público. Conforme estas lideranças, é em função das divergências que ocorreram algumas mudanças no comando das instâncias partidárias. Quando o partido decidiu sagrar Juliana candidata à prefeita, para evitar mais dissabores, o deputado Pompeo de Mattos, antes à frente do diretório estadual, passou o comando para o ex-deputado Ciro Simoni e assumiu o diretório metropolitano. Inicialmente, Zacher havia sido designado para ficar à frente do metropolitano.

Correio do Povo

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