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quinta-feira, 26 de março de 2020

Porto Alegre completa 248 anos sem festa, em meio à pandemia

Apesar de parte da programação comemorativa estar suspensa, algumas atividades serão adaptadas para o virtual

Espaços turísticos de Porto Alegre estiveram vazios nos últimos dias
Espaços turísticos de Porto Alegre estiveram vazios nos últimos dias 
O vídeo institucional da Prefeitura da Capital pode parecer inusitado. “Nessa semana, Porto Alegre está de aniversário. Obrigado por não visitar a aniversariante”, diz o narrador. Na verdade, o material segue orientação global de indicar que as pessoas fiquem em casa devido à pandemia da Covid-19. Uma das medidas do município foi a suspensão temporária da Semana de Porto Alegre 2020. Mas a cidade, que completa 248 anos nesta quinta-feira, não ficará sem festa.
“É um aniversário diferente de tudo que já vi em Porto Alegre. Obviamente, não é possível realizar as 155 atividades do jeito que planejamos, mas ocorrerá ao longo do ano, assim que as coisas melhorarem, ao invés de ser em uma semana compactada. Quase um kerb”, explica o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse. A programação incluía desde ações como limpeza das margens da Orla do Guaíba e entrega de obras, a apresentações artísticas como a intervenção "O Barquinho", no Espelho D’água da Redenção, espetáculos de dança, exposições e shows musicais, como o do cantor Arnaldo Antunes. O show do ex-vocalista dos Titãs foi remarcado para maio e como outras atrações também terão outras datas a serem divulgadas pela prefeitura. 
Segundo Alabarse, algumas atividades precisarão ser adaptadas, como é o caso das leituras dramáticas em homenagem à escritora Vera Karam, que completaria 60 anos no ano passado. “Como seguimos orientando que as pessoas fiquem em casa, a leitura não poderá ser em um teatro, como previsto. Será transmitido on-line”, adiantou o secretário. Ele resumiu em duas palavras o que deseja para Porto Alegre em seu aniversário. “Consciência, para que consigamos no manter em casa e contribuir com o fim da Covid-19, e esperança de que isso tudo vai passar”.
Uma das atrações da festa seria o tradicionalista Luiz Carlos Borges, que encerraria a programação no próximo domingo. O concerto “O que coração exige”, com palco e plateia, vai ficar para outra hora. “Amo esta cidade desde meus nove anos, vim apresentar minha música em 1962, ano que minha trajetória musical ganhou um rumo. Andei bastante pelo mundo, morei em outro estado brasileiro, mas nada foi tão bom como quando consegui me radicar em Porto Alegre”, conta o natural de Santo Ângelo, morador do bairro Cidade Baixa. Borges revela o que deseja aos que fazem e dão vida a Porto Alegre. “Muita luz, paz, amor, paciência, compreensão, disposição e vontade de cuidar desta cidade, que sem dúvida é orgulho de todos os gaúchos”, diz o cantor e gaiteiro.
A artista visual Rochelle Costi morou em Porto Alegre dos 7 aos 27 anos. Em 1988, foi para São Paulo, onde vive até o momento. Mas capital gaúcha, onde elaborou diversas exposições, nunca saiu do seu olhar. “Revirei meus arquivos e, a partir de fotos e vídeos, montei pequenos vídeos, espécies de clipes, que percorriam o espaço do Museu do Trabalho. Para mim é como se estivesse devolvendo à cidade um recorte do vigor cultural daquele momento tão importante que tive a sorte de participar, e do qual também sou fruto”, relata.
Quando puder participar da programação em homenagem a Porto Alegre, pretende doar quatro vídeos ao acervo de um dos museus da Prefeitura. “Minha intenção com o projeto ‘Ex-passado’ é provocar um sentido de pertencimento, de identidade, trazendo à tona não um passado estagnado, mas uma ideia de memória que contribua para a renovação dos conceitos sobre o tempo em que vivemos e o que está por vir”, conta a artista. 

Correio do Povo

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