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quinta-feira, 19 de março de 2020

Como o pânico muda nossa forma de consumir

Com a pandemia de coronavírus, muitas pessoas estão estocando comida e itens de prevenção

Em 2018, vivemos momentos de prateleiras vazias durante a greve dos caminhoneiros. Agora, durante a pandemia de coronavírus o mesmo sentimento invade a vida das pessoas. O medo faz com que as pessoas ajam impulsivamente e acabem com estoques de supermercados. Ao contrário do período de greve, quando a maior parte das pessoas foram atrás de combustível, a reclusão leva a procura de produtos de higiene pessoal, saúde e alimentação. De acordo com pesquisas da Kantar essa foi a reação na China: os principais aumentos nos gastos aconteceram em materiais para prevenção, remédios, suplementos nutricionais, comida e produtos de limpeza.
O estado de pânico surge nos momentos em que as pessoas acreditam que não terão acesso a produtos importantes. Um exemplo disso foi quando os primeiros casos foram confirmados no Brasil: os vidros de álcool gel foram liquidados em pouco tempo. O professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC-RS Wagner Machado associa essa reação a uma sensação de falsa segurança.
"A perspectiva de escassez leva as pessoas a acreditar que precisam estocar esses itens. Na verdade, torna-se um problema, pois leva alguns a ficarem sem esses itens e eventualmente expostos aos riscos de contaminação. Essa ilusão de proteção gera um alívio de tensão, mas é bem disfuncional", explica.
Em oposição a crença de parte da população, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e a Associação Brasileira de Supermercados garantiram que não acontecerá o desabastecimento no país. A logística de abastecimento segue funcionando normalmente por todo o território nacional.
Nesse período, os verdadeiros ameaçados são os pequenos negócios que geralmente não produzem produtos essenciais. Segundo Marcelo Portugal, economista e professor da PUCRS, apesar da reação, o aumento dos preços e os problemas decorrentes das compras exageradas serão apenas algumas das consequências na economia. "Ao invés de morrer pessoas, vão morrer empresas. Os empreendimentos pequenos e médios, que não tem economias grandes, vão ser atingidos", ele concluiu. 
Para lidar com o sentimento de medo, as indicações são buscar informações verdadeiras e atualizadas, saber se desligar e praticar a empatia. Machado relata que nesse momento o autocuidado é a melhor forma para prevenção e para demonstrar a compreensão e a preocupação com o próximo.
"É preciso ter calma e paciência para explicar, repetir, mostrar informações de qualidade e aos poucos conscientizar. Um problema de saúde dessa magnitude exige coordenação, disciplina e solidariedade. É indispensável o autocuidado assim como a preservação do bem comum", cita o psicólogo.

Correio do Povo

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