Da Agência Lusa
Uma multidão vibrou ao som das músicas do grupo britânicoAgência Lusa/EPA/Rolando Pujol/Direitos Reservados
A banda de rock britânica Rolling Stones arrastou mais de meio milhão de pessoas para o concerto dessa sexta-feira (25) à noite em Havana. O concerto, gratuito e sem precedentes em Cuba, levou ao complexo Ciudad Deportiva, que tem capacidade para 450 mil pessoas e ficou lotado, uma multidão onde havia moradores locais e turistas de várias faixas etárias.
"Os tempos estão mudando", disse o vocalista Mick Jagger na apresentaçãoAgência Lusa/EPA/Alejandro Ernesto/Direitos Reservados
Na apresentação, o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, disse que "os tempos estão mudando". "Sabemos que há alguns anos era difícil ouvir a nossa música em Cuba, mas aqui estamos nós", afirmou Mick Jagger, em espanhol.
Horas antes do início do concerto, três quartos do local já estavam cheios. Milhares de pessoas não conseguiram entrar, mas ficaram de fora vibrando com o espetáculo, perfeitamente audível nas redondezas e até visível de determinados pontos. Muitas pessoas assistiram ao show em cima de telhados, de onde podiam ver o concerto.
"Estou aqui desde as 8h porque este concerto é histórico, vai marcar a história mundial, não apenas Cuba", disse à AFP Meiden Betsy, um estudante cubano, num dos vários relatos entusiasmados e emocionados que a agência recolheu no local. "Nunca imaginei que poderia vê-los aqui um dia, nunca mesmo", afirmou o jardineiro Alexander Chacon.
O engenheiro Miguel Garcia, de 62 anos, disse à agência, ainda antes de o concerto começar, que sabia que se ia emocionar e chorar durante o espetáculo.
Fãs dos Rolling Stones lotam o complexo Ciudad DeportivaAgência Lusa/EPA/Alejandro Ernesto/Direitos Reservados
A banda britânica se apresentou em Cuba três dias depois da visita histórica a Havana do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O concerto foi incluído, de última hora, na turnê dos Rolling Stones na América Latina.
Um palco de 80 metros de comprimento foi instalado na Ciudad Deportiva, complexo inaugurado em 1959, antes da revolução cubana que acabou por banir o rock do país, uma vez que o regime de Fidel Castro o considerava uma expressão musical ligada ao imperialismo. Ao longo dos últimos 30 anos, o gênero tem sido gradualmente permitido.
EUA orientam infectadas pelo Zika a esperar ao menos 8 semanas para engravidar
Da Agência Lusa
As autoridades de saúde dos Estados Unidos orientam as mulheres infectadas com o vírus ZiKa a esperar pelo menos oito semanas, após o aparecimento da doença, para tentar engravidar.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenta ainda que os homens infectados com o vírus Zika ou com sintomas da doença não tenham relações sexuais sem uso de preservativo durante pelo menos seis meses. A Zika é uma doenças infecciosa transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
O organismo recomenda os mesmos períodos de tempo de prevenção para os casais sexualmente ativos que não estão tentando ter um filho.
Essa orientações têm por base o período mais longo de resistência do vírus conhecido até agora, multiplicado por três.
O Zika foi detetado no sêmen de um homem 62 dias após os primeiros sintomas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
Os homens com parceiras sexuais grávidas são aconselhados a usar preservativos em caso de sexo vaginal, anal e oral ou a se abster de sexo durante toda a gravidez.
O vírus Zika tem sido relacionado ao nascimento de bebês com microcefalia.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos registrou seis casos de transmissão sexual do Zika por homens que haviam sido infectados durante viagens a países da América Latina.
Síria: Batalha feroz contra o EI perto do antigo Castelo de Palmyra
Procissão cultural encena lendas do folclore popular nas ruas de Mariana
Leo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
Uma das atrações da Semana Santa de Mariana é a Procissão das Almas, manifestação cultural que ocorre na madrugada da sexta-feira para o sábadoLéo Rodrigues/Agência Brasil
Nem só de religiosidade se faz a Semana Santa em Mariana (MG). Na noite de ontem (25), quando se celebrou a Sexta-Feira da Paixão, um grupo de 60 pessoas saiu às ruas para encenar lendas do folclore popular da cidade. Acompanhada sempre por olhares de uma centena de curiosos, a Procissão das Almas carrega uma tradição de aproximadamente 35 anos.
O cortejo é organizado pelo Movimento Renovador, uma iniciativa sociocultural independente cujo objetivo é contribuir para a preservação do patrimônio material e imaterial da Mariana. "Nós realizamos pesquisas sobre os elementos tradicionais e folclóricos da sabedoria popular", explica a integrante do movimento e uma das coordenadoras Procissão das Almas, Hebe Maria Rola Santos.
Na Procissão das Almas, as pessoas se vestem todas de branco, escondendo seus rostos sob um capuz. Elas carregam um osso e uma velaLéo Rodrigues/Agência Brasil
Aos 84 anos, Hebe é também professora de literatura emérita da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Fascinada por histórias e contos populares, ela conta casos curiosas como a de um homem com dificuldades de locomoção que, após sete anos participando da Procissão das Almas, apareceu sem muletas na penúltima edição. "Ele jura que foi curado pelo nosso cortejo. Vou dizer o que para ele?".
Duas lendas
Na Procissão das Almas, as pessoas se vestem todas de branco, escondendo seus rostos sob um capuz. Elas carregam um osso e uma vela e param em frente às igrejas que possuem cemitério para entoar uma canção. No meio do grupo, um participante fantasiado de morte segue carregando uma foice, enquanto Hebe Rola incorpora um personagem que carrega um cesto cheio de penas, que são jogadas para o alto de tempos em tempos. Esses três elementos, ossos, penas e cemitérios, se remetem a duas lendas populares da cidade e uma história real.
Diz a primeira lenda que uma senhora chamada Maricota passava seus dias na janela, fiscalizando a vida alheia. Era uma fofoqueira, na linguagem popular. Como já estava com má fama devido ao seu comportamento, decidiu mudar de bairro e também alterou seus hábitos: em vez de ficar na janela durante o dia, Maricota passou a ser vigilante noturna. Como Mariana tinha toque de recolher às 21h, o objetivo dela era delatar os infratores.
Uma noite de sexta-feira santa, viu uma procissão se aproximar, mas as pessoas escondiam o rosto dentro do capuz. Ela ouvia lamúrias, som de bumbo, correntes arrastando e uma canção: "Reza mais, reza mais, reza mais uma oração; reza mais, reza mais, pra alma que morreu sem confissão". Como ela não conseguia identificar quem estava ali, começou a ficar intrigada sobre o cortejo que até então desconhecia.
O cortejo é organizado pelo Movimento Renovador, uma iniciativa sociocultural independente cujo objetivo é contribuir para a preservação do patrimônio material e imaterial da MarianaLéo Rodrigues/Agência Brasil
De repente, um dos integrantes veio em sua direção dizendo que a noite é dos mortos e pediu para que ela guardasse a sua vela que mais tarde voltaria para buscar. Maricota ficou feliz por ver que finalmente alguém lhe tinha confiança. Quando a procissão voltou, a mesma figura novamente lhe procurou. Ela então foi buscar a vela, que surpreendentemente havia se transformado em um osso de perna de defunto. "O final possui mais de uma versão, sendo que em uma delas a fofoqueira morre de susto e passa a integrar anualmente a procissão dos mortos", conta Hebe.
A segunda lenda se remete a uma senhora classificada como "barata de igreja" que é, na linguagem local, a mulher que está sempre bajulando o padre. Com a contratação de uma jovem moça para ajudar nas escrituras da paróquia, essa senhora fica muito enciumada. Ela, então, começou a espalhar o boato de que a nova funcionária era namorada do padre e, para conferir credibilidade à sua história, colocou sapatos do sacerdote sob a cama da moça.
Com o escândalo, a jovem perdeu o noivo, foi expulsa de casa pelos pais e virou andarilha. Um dia, ela retornou bem maltrapilha e bateu à porta de uma casa solicitando água. Enquanto a moradora atendia ao seu pedido, a moça caiu morta. O enterro foi organizado e toda a cidade, curiosa, compareceu para ver a falecida. Quando a "barata de igreja" chegou, o defunto sentou no caixão e disse "está aqui quem me caluniou".
A Procissão das Almas, em Mariana, carrega uma tradição de aproximadamente 35 anosLéo Rodrigues/Agência Brasil
Desesperada, a senhora correu atrás do padre, que lhe repreendeu e lhe deu um castigo inusitado: recolher penas de aves em todas as casas onde há abatedouros no quintal, organizá-las em balaios, deixá-las no alto do morro e esperar que um vento forte espalhe-as por toda a cidade. Ao fim, conforme Hebe Rola, ela deveria recolher até a última pena. "Segundo a lenda, em toda sexta-feira da paixão, ela transita pelas ruas de Mariana coletando as penas".
A Procissão das Almas faz ainda referência a uma história real, cujo personagem central é um maestro de Mariana. Ele criou o hábito, em todo o Sábado de Aleluia, de se dirigir aos cemitérios onde haviam músicos enterrados para tocar uma canção em homenagem a eles.
Morte
Embora tenha um viés cultural, a Procissão das Almas é também uma reza pelos que já se foram. Há pessoas na cidade que, pela referência aos mortos, têm medo do cortejo. É o caso do taxista Antônio Silva. "Na dúvida, prefiro evitar", disse.
Aos 23 anos, o estudante de arquitetura Felipe D'ângelo superou o medo. Natural de Mariana, ele se vestiu de branco e integrou o cortejo pela primeira vez. "Sempre tive vontade de participar, mas desde criança eu tinha medo. Há uma mística na cidade em torno dessa procissão. Acho legal a interação que existe com as praças e as igrejas da cidade".
Já o psicólogo Fábio Maia, de Belo Horizonte, escolheu Mariana para passar o feriado e ficou fascinado com o cortejo. "Estou achando fantástico porque ela foge do lugar-comum. Eu tenho 56 anos e nunca vi uma procissão igual na minha vida. Aliás, eu não sou religioso, então essa é a única procissão que eu seguiria".
Coletivo de fotógrafos apresenta ruas coloridas e imprevisíveis em mostra em SP
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
As ruas retratadas pelo coletivo Selva são coloridas, imprevisíveis e hostis em alguns momentos. “O trabalho está conectado pelo universo de selvageria, com seus personagens e ícones, com um outro jeito de se relacionar com os encontros nas esquinas, com muita cor, carnaval, protestos, dia a dia e muito mais”, diz o fotógrafo Gabriel Cabral sobre os elementos presentes na produção do grupo que pode ser vista na exposição aberta no Museu da Imagem e do Som (MIS), na zona oeste da capital paulista.
A maior parte das cenas foi captada sob luzes artificiais, como os letreiros avermelhados de uma casa noturnaDivulgação/Coletivo Selva
A maior parte das cenas foi captada sob luzes artificiais, como os letreiros avermelhados de uma casa noturna, o tom amarelado da iluminação pública ou dentro de um vagão no subterrâneo do metrô. São artistas de rua, transeuntes, namorados, vendedores, prostitutas, manifestantes e até desavisados pegos em meio a violência resultante da ação policial contra os protestos. Misturam-se fatos dignos de registro jornalístico com momentos cotidianos. “O universo é esse que você vê quando tá aberto e a fim de ver, mas que nem sempre queremos ver”, afirma Cabral.
As fotografias são um recorte do conjunto colecionado pelo coletivo desde 2012. Ao todo, são 15 integrantes. Na exposição, poderão ser vistas imagens feitas por Beto Eiras, Leo Eloy, Gabriel Cabral, Drago, Luiz Egídio, Hudson Rodrigues, Paulo Marinuzzi e Rafael Mattar. “O Selva surgiu de um encontro de amigos que queriam se encontrar na rua, em casa, bater um papo, às vezes clicar e falar disso”, diz Cabral sobre a formação do grupo.
“A exposição é um recorte de um espectro bem mais amplo que o coletivo produz e que a gente vem editando de diferentes tamanhos e modos de exibir há algum tempo, a exposição foi mais uma maneira de tentar montar o que é esse universo da Selvageria das selvas. É um recorte intrínseco no que grande parte do coletivo clica no seu fluxo individual e em grupo”, acrescenta o fotógrafo. Com mais de 21 mil seguidores do Facebook, o coletivo se tornou conhecido na capital paulista divulgando o trabalho nas redes sociais.
A curadoria foi, segundo Cabral, negociada com a equipe do museu. “A proposta foi colocada para o MIS e eles aceitaram como a gente gostaria de fazer. E eles apresentaram alguns pontos de vista sobre a seleção de algumas imagens”, disse. A mostra é, na opinião do fotógrafo, um primeiro exercício de apresentar uma narrativa com estrutura para o público. Outras devem surgir em breve. “É nossa primeira história, outras tão sempre aí pipocando, cada vez que existe mais conversa entre as produções individuais”.
A exposição é gratuita e pode ser vista até o dia 24 de abril.
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