Em Brasília, ação de conscientização sobre epilepsia pede fim do preconceito

Brasília - Famílias de pessoas que têm epilepsia, condição neurológica que leva a crises de convulsão, se reuniram, no Parque da Cidade Sarah Kubitschek, em um ato para marcar o Purple Day, ou Dia Roxo (José Cru

Parque da Cidade Sarah Kubitschek sedia ato de conscientização sobre epilepsia, na data conhecida como Purple DayJosé Cruz/Agência Brasil

Famílias de pessoas que têm epilepsia, condição neurológica que leva a crises de convulsão, se reuniram hoje (26) no Parque da Cidade Sarah Kubitschek, em Brasília, em um ato para marcar o Purple Day, ou Dia Roxo. A campanha mundial foi criada por uma garota canadense de 9 anos, em 1998, para conscientizar mais pessoas sobre essa doença, que atinge 50 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Brasília - Danielle Delmasso, organizadora do evento Purple Day, ou Dia Roxo, que reuniu no Parque da Cidade Sarah Kubitschek famílias de pessoas com epilepsia (José Cruz/Agência Brasil)

A filha mais nova de Danielle Delmasso teve a primeira crise convulsiva 20 dias depois de nascerJosé Cruz/Agência Brasil

Apesar de a maioria dos pacientes conseguir viver normalmente quando medicada adequadamente, quem enfrenta a condição no dia a dia conta ainda há muito preconceito e desinformação. “As pessoas têm medo de se expor e de serem taxadas, existem muitos mitos em torno dessa condição. Algumas pessoas acham até hoje que é contagioso, que se tiver contato com a baba tem problema, que tem que conter a pessoa durante a crise, segurar a língua”, disse Danielle Delmasso, organizadora do evento.

A filha mais nova de Danielle, Manuela, de 6 anos, teve a primeira crise convulsiva 20 dias após o nascimento. Como não tem outros casos na doença na família, Danielle não conhecia bem a condição. “Quando acontece dentro de casa, você depara com um mundo novo e desconhecido. O que a gente quer fazer é trazer consciência para a maioria das pessoas, para que entendam que não é coisa de outro mundo”, disse.

Brasília - A presidenta da Associação dos Pacientes com Epilepsia do Distrito Federal, Rosa Maria Lucena da Silva, durante o evento Purple Day, ou Dia Roxo, que reuniu famílias de pessoas que têm epilepsia no Parqu

Presidenta da Associação dos Pacientes com Epilepsia do Distrito Federal, Rosa Maria Lucena da Silva diz que pessoas com a doença têm dificuldades para conseguir empregoJosé Cruz/Agência Brasil

"As pessoas ainda têm medo de dizer que têm epilepsia. Se vai à procura de um emprego, se colocar na ficha que tem epilepsia, ele não é admitido. Se tiver uma crise no trabalho, na primeira crise ele já é demitido”, completou a presidenta da Associação dos Pacientes com Epilepsia do Distrito Federal, Rosa Maria Lucena da Silva. Segundo Rosa, o filho sofreu muito, por 18 anos, até conseguir fazer a cirurgia para a doença em Goiânia, e segundo ela, ficar “99% curado”. “Ele ainda toma um remédio, mas nunca mais teve convulsões”, contou, aliviada. O filho de Rosa teve uma queda aos 3 anos e bateu a cabeça. Aos 11 anos ele teve a primeira crise. “A gente acredita que foi o acidente.”

Existe uma lista de medicamentos que é fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Temos lutado para incluir medicações novas que estão saindo no mercado, têm um controle melhor e têm tido bons resultados, ainda é uma batalha a se travar com os governos”, disse Danielle, que comemora a aprovação, na última semana, da Lei 5.635, que inclui o canabidiol na lista de medicamentos distribuídos gratuitamente pela rede pública de saúde, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.

“Tem pessoas que mudaram de vida com essa medicação e ela pode trazer qualidade de vida para muita gente. Mas o maior ganho que tivemos com essa batalha toda foi trazer esclarecimento, foi chamar atenção da sociedade para 'olha, não é bem assim, a gente tem outros caminhos, as pessoas devem ser acolhidas'".

Acesso ao tratamento

Diagnosticada aos 12 anos com epilepsia, Alaide Ferreira da Silva Gomes é uma das fundadoras da Associação dos Pacientes com Epilepsia do Distrito Federal, criada em 1999. Ela disse que o preconceito contra quem tem epilepsia já melhorou muito. “Já chegaram a me 'expulsar demônios' na hora das crises, a minha mãe tinha essa cabeça, eu sofri muito. A minha guerra na associação foi mais por causa do preconceito, sob o lema 'Epilepsia não é contagioso, contagioso é o preconceito'”.

Brasília - Diagnosticada aos 12 anos com epilepsia, Alaide Ferreira da Silva Gomes é uma das fundadoras da Associação dos Pacientes com Epilepsia do Distrito Federal, criada em 1999 (José Cruz/Agência Brasil)

Para Alaide Ferreira da Silva Gomes, as dififuldades de acesso ao tratamento adequado estão entre os maiores problemas de quem tem epilepsiaJosé Cruz/Agência Brasil

Segundo Alaide, a sociedade está mais consciente sobre o tema. “Quantas vezes eu passei mal dentro de ônibus, por exemplo, e quando acordei do desmaio eu estava só, ninguém me ajudava. As pessoas achavam que a baba pegava [transmitia a doença] e isso não é verdade. Meu médico costuma dizer que a epilepsia é um defeito no cérebro. São dois fios descascados que se chocam e dão choque, não é contagioso. Acho que essa visão da população mudou”, disse.

“Você pode ver, quando alguém tem uma crise na rua hoje, as pessoas vêm, as pessoas te socorrem, chamam o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência].”

A indicação para o caso de presenciar uma pessoa em crise é proteger o paciente de uma possível queda, principalmente a cabeça, para evitar pancadas. Se a crise durar mais de cinco minutos, a recomendação é chamar assistência medica. “Mas, em geral, a crise passa sozinha. O tratamento é para garantir qualidade de vida. Tem risco sim, mas a pessoa pode ter vida melhor”, ressaltou Danielle.

Para Alaide, o maior problema a ser enfrentado para melhorar a vida de quem tem epilepsia são as dificuldades de acesso a tratamento adequado. De acordo com ela, hoje, no Distrito Federal, a cirurgia não é oferecida pela rede pública, e o equipamento que dá o diagnóstico preciso da doença não está disponível. “Se o aparelho para o câncer não se consegue instalar, imagina [no caso da] epilepsia, que não costuma matar”, disse a funcionária pública, que trabalha no Hospital de Base de Brasília.

A fundadora da associação contou que um laboratório doou um aparelho chamado EEG ao Hospital de Base. Usado no monitoramento da epilepsia, o aparelho localiza o foco da doença para saber se o paciente pode ou não fazer a cirurgia, além de definir o tipo de crise. Segundo Alaide, no Hospital de Base, no entanto, ainda faltam profissionais de saúde capacitados para operá-lo. “O aparelho de monitorização não é só para cirurgia, ele também identifica a crise do paciente e o médico pode medicar melhor o paciente”, ela destacou.

Alaide ainda está um pouco cética sobre a chegada do canabidiol. “Eu fico revoltada porque a gente tenta tenta, tenta, e morre na praia, porque ainda falta remédio. A gente usa a substância carbamazepina, um remédio barato, para o governo não sai nem um centavo o comprimido. E não tem na rede. Então, se um remédio de um centavo está em falta, imagina um canabidiol desse. Eu não tenho muita esperança não.”

“É muito difícil para o paciente, às vezes a pessoa toma um remédio que pega no fornecimento do SUS e ela, em um mês, consegue pegar uma caixa, e, no outro mês, não consegue, porque está em falta. E você descontinuar um tratamento desse é terrível, alguns pacientes não podem ficar nem um dia sem a medicação”, completou Danielle Delmasso.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Saúde do DF negou que o medicamento carbamazepina 200mg (Tegretol) esteja em falta. "Está com estoque regular nos hospitais da rede pública de saúde do DF. Embora tenha estoque disponível, a Saúde já providenciou nova compra e aguarda a entrega pela empresa fornecedora", informou o órgão, por e-mail.

De acordo com a Secretaria de Saúde, também não procede a informação de que os aparelhos de eletroencefalograma do Hospital de Base do Distrito Federal estejam fora de operação. O órgão disse que há dois aparelhos em funcionamento e no diagnóstico da epilepsia. "É um equipamento que avalia a função elétrica cerebral e as alterações recorrentes na doença", informou a assessoria.

 

 

Agência Brasil

 

Marcha contra o Medo em Bruxelas é cancelada por razões de segurança

 

Da Agência Lusa

A Marcha contra o Medo, prevista para este domingo (27) com o objetivo de marcar os atentados na capital belga, foi desmarcada pela organização a pedido das autoridades, que alegaram razões de segurança.

“Entendemos o pedido. A segurança dos nossos cidadãos é absoluta prioridade. Juntamo-nos às autoridades e propomos um adiamento e pedimos aos cidadãos para não comparecerem neste domingo”, disse a organização em comunicado enviado à Agência Lusa.

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De acordo com os organizadores do evento, as autoridades belgas alegaram razões de segurança para pedir  à população que não participe da Marcha contra o Medo, na sequência dos atentados na capital belga que deixaram 31 mortos e mais de 300 feridos.

“Considerando que a ameaça de nível 3 se mantém, tendo em conta as investigações em curso e a mobilização da polícia, apelamos aos cidadãos para não irem à manifestação amanhã e a adiar o evento por algumas semanas”, disse a polícia, em entrevista hoje.
Após o apelo, os organizadores da marcha disseram compreender totalmente os argumentos, acrescentando que “a segurança das pessoas é prioridade absoluta”.

“Entendemos totalmente as autoridades no que diz respeito à proposta de adiamento. Pedimos, por isso, aos cidadãos que não venham neste domingo a Bruxelas. Agradecemos a todas as pessoas pela demonstração de solidariedade”. A organização destacou ainda os inúmeros cidadãos que se mobilizaram nos últimos dias, desde os porta-vozes aos numerosos voluntários, bem como os integrantes da polícia e os moradores de Bruxelas pela sua benevolência.

“A noção de viver em conjunto deve permanecer no centro das prioridades e da vida diária”, concluiu.

 

Agência Brasil

 

Síria: Forças do Governo avançam sobre o EI em Palmyra

 

 

Dois dos detidos na Bélgica são formalmente acusados, informa Justiça

 

Da Agência Lusa

A investigação dos atentados de Bruxelas avançou hoje (26) com a acusação de dois homens, um dos quais seria o suspeito que está de chapéu preto nas imagens do aeroporto de Zaventem.

O procurador federal da Bélgica informou que os dois homens detidos na quinta-feira (25) foram acusados de ligação com os ataques terroristas de 22 de março. Os dois são Fayçal Cheffou e Aboubakar A.

O juiz acusou Cheffou de participar de atividades de um grupo terrorista e de assassinatos.

De acordo com a imprensa belga, o homem tinha sido identificado como o terceiro autor dos ataques no Aeroporto Internacional de Bruxelas, durante uma ação de reconhecimento feita com o taxista que levou o comando terrorista para o aeroporto.

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A Procuradoria não confirmou a informação e espera as provas de DNA, que serão feitas com elementos colhidos no táxi e na mala com explosivos que não detonou. Na casa do suspeito não foram encontradas nem armas nem explosivos, segundo as autoridades.

Aboubakar A. é acusado de participar de um grupo terrorista. É um dos dois indivíduos presos na quinta-feira, quando o seu carro saiu da estrada circular de Bruxelas em direção a Jette, no norte da capital.

As investigações mostram que há vínculos claros entre os atentados de 13 de novembro do ano passado em Paris e os de terça-feira em Bruxelas, como revela a participação de Najim Laachraoui, um dos suicidas do aeroporto de Zaventem, que também teria sido o autor dos comandos na capital francesa.

Não se sabe ainda se há ligação também entre a célula de Bruxelas e a tentativa abortada de atentado em Argenteuil, na periferia de Paris, há dois dias, embora os investigadores a admitam. O homem detido na sexta-feira em Bruxelas depois de ser baleado numa perna estaria ligado ao caso francês.

As três explosões registradas terça-feira em Bruxelas - duas no Aeroporto Internacional de Zaventem e uma na estação de metrô de Maelbeek, próximo às instituições europeias, no centro da capital belga –, deixaram pelo menos 31 mortos e 340 feridos, segundo o último balanço provisório.

Os ataques foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

 

Agência Brasil

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