Observatório: Renato Janine fala em aproximar a educação ao mundo da cultura
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Edição: José Romildo e Lana Cristina
Em sua primeira entrevista depois da indicação
anunciada pela presidenta Dilma Rousseff para a pasta da Educação, o
filósofo Renato Janine, falou da sua visão da educação brasileira e da
ideia de aproximá-la do mundo da cultura.
Renato Janine Ribeiro foi entrevistado pelo programa Observatório da Imprensa da TV BrasilArquivo/ Antonio Cruz/Agência Brasil
“Acredito na educação como libertação. Saber não é uma transmissão de
conteúdos, não é uma padronização. Penso que um dos pontos importantes é
como a gente aproxima isso do mundo da cultura”, disse em entrevista ao
jornalista Alberto Dines, no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, que foi ao ar hoje, às 20h.
“O mundo da educação é muito mais regulado, porque há cursos,
currículos, nota, diploma. Estou fazendo uma esquematização muito
simples. O mundo da cultura, você pode ver [o filme] Lincoln, do
[diretor Steven] Spielberg, é uma aula sobre escravagismo e abolição.
Aula mesmo seria diferente”, acrescentou Janine, lembrando que o
aprender tem se tornado mais uma obrigação e menos um prazer.
Professor titular de ética e filosofia política da Universidade de São
Paulo (USP), o ministro disse estar empolgado com sua nova missão e
confessou que, para ele, foi uma “enorme surpresa” a indicação da
presidenta para que ele assumisse a pasta. “Estou empolgado. Foi uma
surpresa. Realmente eu não esperava. Houve algumas postagens no Facebook
em favor do meu nome, mas também em favor de outros nomes.”
O
novo ministro também fez reflexões sobre a democracia brasileira e as
recentes manifestações de rua. Considerando que a democracia depende de
instituições, mobilização política e cultura política, o professor
avaliou que o país ainda enfrenta problemas no terceiro quesito.
“O problema é a cultura política. Política quer dizer que não existe um
lado totalmente certo e outro totalmente errado. Você tem preferências.
Tem de ter pelo menos dois grupos divergentes, apresentando propostas
diferentes. Mas ambos dignos, ambos legítimos”, destacou.
“A
tendência para escassez de cultura política é achar que a origem de
todos os males está sempre na corrupção. E sempre o corrupto é o partido
que nós não gostamos. É o outro. Quando vejo esse tipo de discurso, a
recusa de diálogo, me parece coisa infantil”, explicou.
Sobre
como analisaria o reaparecimento de movimentos fascistas, Janine
informou que vê na atualidade muita liberdade, mas também insegurança. E
que, ao contrário de décadas atrás, as pessoas não vivem mais dentro de
um pacote de identidade, que antes trazia garantias.
“No
passado, cada um de nós vivia em um pacote identitário. A gente nasceu
na classe média. Tinha umas três ou quatro carreiras universitárias para
fazer. Iríamos escolher uma, casar no rito religioso. Tudo está pronto e
você não sai dele”, observou.
“De repente, nada mais é
obrigatório. Você pode dar vazão ao que você é e ao que você quer.
Ficamos em situação mais instável, mas com maior liberdade, com maior
possibilidade de realização pessoal, mas, estranhamente, com maior
possibilidade de frustração. Acho que esse horizonte assusta muito”.
O futuro ministro acrescentou que, após receber a indicação para
assumir a pasta, recebeu muitas mensagens. Um pequeno número delas
cobrando disciplina na sala de aula e até a expulsão de alunos em
determinadas situações.
“Olho e penso que eles estão falando de
condutas horríveis, que não podem ser toleradas. Concordo. Mas a demanda
principal é saber se se colocar ordem na bagunça vai resolver. Isto não
existe. Este não é um projeto pedagógico, não é um projeto de país.”
“No Brasil, há uma certa ideia muito antiga de que, com um homem
providencial, autoritário, mal-humorado, despótico, tudo vai funcionar”,
concluiu.
Decisão da Aneel poderá amenizar reajuste da conta de luz em três estados
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil
Edição: Fábio Massalli
Ao aprovar hoje (31) um valor para as cotas mensais da Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), com o objetivo de amortizar as
operações de crédito para a energia adquirida no mercado regulado, a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou condições para
amenizar o reajuste tarifário de sete distribuidoras de energia elétrica
localizadas em São Paulo, na Paraíba e no Rio de Janeiro.
Uma
delas é a Ampla Energia e Serviços, que obteve, no início do mês,
autorização para reajustar em até 56,15% a conta de luz dos cerca de 2,8
milhões de clientes em 66 municípios do Rio de Janeiro, entre os quais
Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Magé. Ao todo, a Ampla atende a 7
milhões de pessoas que vivem em 32 mil quilômetros quadrados, o
equivalente a 73% do território estadual. A previsão era aumento médio de 42,19%.
Para consumidores de baixa tensão, o efeito médio será 36,41% e, para
os de alta tensão, 56,15%. Consumidores residenciais tiveram alta de
34,95% na conta de luz.
Com a decisão de hoje, a diretoria da
Aneel autoriza que o valor total da CDE destinado à amortização das
contratações de energia regulada (R$37,4 bilhões) seja dividido em
“cotas mensais de acordo com o mercado cativo de cada concessionária”. A
partir dessa decisão, a agência determinou à área técnica que submeta à
diretoria da agência a retificação dos reajustes tarifários de 2015 das
empresas CPFL Jaguari, CPFL Mococa, CPFL Santa Cruz, Companhia Paulista
de Energia Elétrica e Companhia Sul Paulista de Energia, todas de São
Paulo, além da Energisa Borborema, da Paraíba, e da Ampla.
No dia
10 de março, quando o reajuste foi aprovado, o diretor da Aneel, Romeu
Rufino, disse que a Ampla seria “caso único”, diferenciado, por não ter
participado do processo de revisão extraordinária. “Com isso, foi um dos
processos que tiveram os menores reajustes no ano passado.”
A
energia contratada no mercado regulado – Conta no Ambiente de
Contratação Regulada – tem por finalidade cobrir gastos das
distribuidoras entre fevereiro e dezembro de 2014 com a exposição
involuntária no mercado de curto prazo e com o despacho de usinas
térmicas acionadas para compensar as baixas nos reservatórios das usinas
hidrelétricas.
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