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CaminhaDown reúne cerca de 300 pessoas em parque de Brasília
Maria Clara Israel está apaixonada. O amor pelo namorado, Ian
Stuckert, de 18 anos, começou há pouco mais de um ano, no carnaval, e é
alimentado pelo carinho e pela luta conjunta contra a discriminação e a
favor de ações que possibilitem a autonomia do casal e o pleno convívio
social. Maria Clara, de 22 anos, e Ian têm síndrome de Down e
participaram, com cerca de 300 pessoas que participaram hoje (21) da
CaminhaDown no Parque Olhos D'água, em Brasília, em comemoração ao Dia
Internacional da Síndrome de Down. Maria
Clara Machado Israel e Ian Stuckert acreditam e lutam pela autonomia
dos portadores da síndrome de Down. Eles pretendem se casar, quando
terminarem os estudosWilson Dias/Agência Brasil “A
gente planeja casar, ter filhos e uma casa”, conta Maria Clara, que diz
que o casamento só acontecerá depois que eles terminarem os estudos.
Ela acredita que as pessoas ainda precisam aprender a respeitar os
portadores da síndrome e relata que já foi discriminada na escola. “Tem
que se respeitar a todos. Eu já sofri isso [discriminação] dentro da
escola”. Para Maria Clara, o convívio de pessoas com a síndrome em
diferentes espaços é fundamental para quebrar preconceito. “A inclusão é
muito saudável e é bom para todos aprenderem a se respeitar”, defendeu.
De
acordo com, Josenira Santana, mãe de Ian, apesar de a escola ser um
espaço fundamental para o desenvolvimento intelectual das pessoas com
síndrome de Down, ainda está longe de promover a inclusão. “As pessoas
[que trabalham com educação] precisam ser mais capacitadas para
promover, de fato a inclusão, também é preciso adaptar o currículo ao
ritmo de aprendizagem deles. As pessoas têm que se unir mais para
entender essas demandas e o governo precisa dar um atendimento melhor
dentro dos serviços públicos”, defendeu. >> Confira aqui a galeria de fotos do evento
A
síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é uma alteração
genética causada por uma falha na divisão celular ainda durante a
divisão embrionária. Crianças e jovens portadores da síndrome têm
características físicas semelhantes e apresentam desenvolvimento
intelectual e de aprendizado mais lento. Se estimuladas desde a
infância, podem desenvolver, como qualquer outra pessoa, uma vida
autônoma, podendo estudar, trabalhar, casar e ter filhos.
A jornalista Melina Sales dos Santos é uma das organizadoras da CaminhaDown e contou à Agência Brasil
que disse que a intenção da caminhada é dar visibilidade ao tema,
colocando as demandas das famílias na agenda do poder público. De acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil
possui cerca de 300 mil pessoas com a Síndrome de Down, que pode atingir
1 entre 800 a 1.000 recém-nascidos.
Durante o evento, os
participantes montaram um piquenique colaborativo, com frutas, sucos,
refrigerantes e doces. Diversas brincadeiras também entretinham a
meninada que se divertia na piscina de bolinhas, no pula-pula,
escorregador e na gangorra ou simplesmente dançavam ao som do Kid
Criolina e do cortejo da turma do Tumba La Catumba. Além
da piscina de bolinhas, as crianças se divertiam no pula-pula,
escorregador e gangorra e dançavam ao som do Kid Criolina e do cortejo
Tumba La CatumbaWilson Dias/Agência Brasil Melina
é mãe de Dilah, de 2 anos, que como qualquer criança de sua idade tem
como maior preocupação se divertir. “Eu tomei um susto, porque eu só
soube [que a filha nasceu com a síndrome] após o nascimento. Passado o
susto inicial a gente foi pesquisar e viu que não é uma tragédia. As
pessoas com síndrome de Down podem ter uma vida autônoma e independente.
Essa é a nossa luta para que [a autonomia] possa acontecer com a minha
filha e com todos” disse à Agência Brasil. Dilah tem 2 anos e foi com a mãe, Melina à CaminhaDownWilson Dias/Agência Brasil Na
opinião de Melina, faltam investimentos em programas de educação e
saúde. Como têm necessidades específicas, crianças com síndrome de Down
precisam de assistência profissional multidisciplinar e atenção
permanente dos pais. “A pessoa precisa de estímulos para ter o
desenvolvimento próximo de uma pessoa típica. Ela precisa de
fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e isso é extremamente
necessário para que, no futuro, se torne uma pessoa autônoma e
independente”, afirmou.
A jornalista também defende que os pais
de crianças com a síndrome tenham preferência em matrícula seus filhos
em creches e escolas próximos de casa. “Se ela tiver preferência para se
matricular próximo de casa, vai ser extremamente positivo porque ela [a
criança] já está o tempo todo rodando de um lado para outro indo à
fisioterapia, ao fonoaudiólogo, a médicos. Isso ajuda pais e crianças a
terem um maior convívio em sua comunidade”.
Outro ponto defendido
é a ampliação da licença maternidade para as mães que trabalham no
setor privado, de quatro para seis meses. “Seria ideal, pois é uma fase
em que a criança está desenvolvendo a musculatura da face, a sucção e de
repente isso é interrompido bruscamente com o final da licença”,
afirmou.
Letícia Moreira, mãe da pequena Sofia de oito meses
acredita que a inclusão das pessoas com a síndrome está melhor do que
era antigamente. “A gente já vê pessoas com síndrome de Down trabalhando
e na universidade e eu espero que daqui pra frente só melhore”,
afirmou. Letícia
Moreira e a pequena Sofia: "Eu gostaria que ela soubesse que pode fazer
tudo o que ela quiser, que não há nada que a impeça, que ela é como
qualquer criança”Wilson Dias/Agência Brasil Mesmo
Sofia sendo ainda um bebê, Letícia já traça planos para o futuro de sua
primeira filha. “Ela já está na escola pública, na estimulação precoce,
porque isso é superimportante. A gente sabe que quanto mais estimular
melhor será o seu desenvolvimento", diz. Para Letícia, com amor e
respeito não há limites para a pequena Sofia: "Eu gostaria que ela
soubesse que ela pode fazer tudo o que ela quiser que não há nada que a
impeça, que ela é como qualquer criança”, revelou.
Procuradora sugere a empresas censo interno para combater discriminação
Isabela Vieira - Repórter da Agência BrasilEdição: Armando Cardoso
Conforme a procuradora, mulheres e negros são os mais atingidos pela discriminação no ambiente de trabalhoMarcelo Camargo/Agência Brasil Promover
ambientes de trabalho onde funcionários tenham oportunidades iguais na
carreira, independente do gênero, da raça ou aparência física são
desafios para as empresas brasileiras. No contexto atual, mulheres e
negros são vítimas com mais frequência de práticas que prejudicam o
crescimento profissional, afetam a dignidade e acabam se refletindo em
salários menores. A avaliação é da coordenadora
nacional da Coordenadoria de Promoção de Igualdade de Oportunidades e
Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), do Ministério
Público do Trabalho (MPT), Lisyane Chaves Motta. No
Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, comemorado hoje
(21), a procuradora informou que a discriminação atinge mais mulheres e
negros. Na sequência, idosos, pessoas com deficiência e obesos, maioria
entre as vítimas dos casos monitorados desde 2003, quando foi criada a
coordenadoria.
Conforme Lisyane, o problema se
materializa no trabalho diferenciado, no corte de promoções e em
assédios moral e sexual. “As pesquisas das próprias empresas indicam
que, se tratando de negras, a situação é ainda pior”, alertou.
Para
enfrentar o problema, a coordenadora do MPT sugere, como primeiro
passo, que as empresas descubram, por meio de censo interno, o perfil
dos trabalhadores. Acrescentou que, com base na auto-declaração, é
possível levantar quantos são negros, mulheres e pessoas com
deficiências, de modo a comparar com os dados populacionais das
localidades onde estão instaladas.
“É preciso que não haja discrepância [na contratação e na ascensão]. Dá para monitorar”, explicou Lisyane.
Lisyane
Motta afirmou que as empresas que decidirem estudar o perfil de seus
profissionais podem traçar medidas para enfrentar a discriminação e
combater preconceitos mais comuns no dia a dia, além de pensar
benefícios para atender o trabalhador e reter talentos.
“As
empresas se surpreendem com esses levantamentos, porque, não
necessariamente, há uma deliberação ou intenção racista ou machista. Ou
seja, a empresa não se dá conta dessas barreiras”, explicou.
Para
a coordenadora, outro problema que empresas precisam reconhecer para
criar um ambiente saudável com ganhos de produtividade é o assédio, do
qual as mulheres e negras também são vítimas recorrentes.
No caso
do assédio sexual, a procuradora do MPT explicou que basta uma única
situação para caracterizar a prática. Segundo ela, normalmente são
palavras e olhares de um superior que induzem ao sexo. por um superior.
Para configurar o assédio moral, é preciso que a prática seja
costumeira, com objetivo de humilhar, diminuir, excluir ou reduzir a
auto-estima do trabalhador.
“O assédio moral não é coisa de um
chefe. Ele existe na instituição. É uma forma de gerir a empresa que
contagia todos os níveis de gestão. Quando comprovada, a Justiça pode
impor penas ao assediador e à empresa que não combateu o problema ou,
muitas vezes, tentou transformar a vítima em algoz."
“A alegação
de assédio ascendente [do trabalhador contra chefe] é uma das formas de
defesa. É a primeira coisa que o assediador diz [na Justiça]. A primeira
mesmo”, ressaltou. “Depois, com as provas, a situação é esclarecida e
fica comprovado o assédio [contra o trabalhador]”.
Para denunciar
qualquer tipo de discriminação, preconceito ou assédio no trabalho, a
vítima deve recorrer a seu sindicato, ao MPT ou à Justiça do Trabalho.
Nesses locais, receberá orientações sobre tipos de provas que devem ser
apresentadas e como solicitar indenizações.
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