Atualmente, o exército de Israel controla aproximadamente 75% da Faixa de Gaza
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, decidiu ocupar completamente a Faixa de Gaza, apesar das objeções do exército. A notícia foi divulgada nesta segunda-feira, 4, pelo Canal 12 de Israel e vários outros meios locais. Segundo o jornal Jerusalem Post, o gabinete do premiê já comunicou o plano ao chefe do exército, Eyal Zamir, com a seguinte ordem: “Se não concordar, peça demissão”.
O anúncio oficial, segundo a imprensa israelense, seria feito nesta terça, 5, após reunião do gabinete. A ideia de ocupar Gaza não é nova. Em maio, ao autorizar a retomada do fluxo de ajuda humanitária no território, o premiê chegou a revelar que o controle total era “parte do plano de vitória na guerra”.
Atualmente, o exército de Israel controla aproximadamente 75% da Faixa de Gaza. Segundo o novo plano, a expectativa é de que os militares ocupem também o restante do território. Não está claro o que a medida significaria para os 2 milhões de civis e grupos humanitários que vivem em Gaza.
O exército já disse que é contra a ocupação de toda a Faixa de Gaza. Na avaliação do comando militar de Israel, a limpeza de toda a infraestrutura do Hamas poderia levar anos. A presença constante de soldados também poderia colocar reféns em risco de execução, caso as tropas se aproximassem do local onde estão detidos.
Netanyahu e Zamir divergem da forma como a guerra está sendo travada, com as tensões “atingindo o auge” ontem, segundo reportagem da Rádio do Exército Israelense. Zamir estaria irritado com a falta de clareza estratégica por parte da liderança política e preocupado em ser arrastado para uma guerra de atrito com o Hamas.
Comoção
No fim de semana, imagens de reféns visivelmente debilitados e subnutridos ganharam o mundo e provocaram comoção. O Hamas mostrou os israelenses Rom Breslevski, de 22 anos, e Avyatar David, de 24, presos em um túnel de Gaza, em um vídeo gravado no dia 27 de julho.
Parentes e amigos reagiram com tristeza e choque às imagens - e voltaram a pedir um cessar-fogo. “Eles estão à beira da morte. Na sua condição atual, eles podem ter apenas dias de vida”, disse Ilay David, irmão de Avyatar.
Na semana passada, os países da Liga Árabe endossaram uma declaração da França e da Arábia Saudita delineando medidas para uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino, que incluiu um apelo ao Hamas para entregar suas armas.
O Hamas afirma repetidamente que não deporá as armas, mas declarou a mediadores que está disposto a renunciar ao governo de Gaza em favor de um órgão independente, de acordo com a agência Reuters, citando três autoridades do grupo terrorista, que insiste na exigência de que o acordo pós-guerra deve ser decidido entre os palestinos, e não ditado por estrangeiros.
No entanto, o chanceler de Israel, Gideon Saar, sugeriu ontem que as diferenças na mesa de negociação são grandes demais para serem superadas. “Gostaríamos de ter todos os nossos reféns de volta. Gostaríamos de ver o fim da guerra. Sempre preferimos chegar lá por meios diplomáticos, se possível. Mas a grande questão é: quais serão as condições para o fim da guerra?”
Genocídio
O presidente do J Street, grupo judaico de centro-esquerda dos EUA, afirmou ontem que não pode mais argumentar contra aqueles que caracterizam a guerra em Gaza como um genocídio. “Fui convencido por argumentos jurídicos e acadêmicos de que os tribunais internacionais um dia concluirão que Israel violou a convenção internacional sobre genocídio”, escreveu Jeremy Ben Ami no Substack.
Estadão Conteúdo e Correio do Povo


