Castelo de Chenonceau–História virtual

Coordenadas: 47º 19' 30" N 001º 04' 14.16″ E

O Castelo de Chenonceau (em francês, "Château de Chenonceau"), também conhecido como Castelo das Sete Damas, é um palácio localizado na comuna de Chenonceaux, departamento de Indre-et-Loire, na região do rio Loire, a Sul de Chambord, na França.

O Castelo de Chenonceau visto a partir dos jardins de Catarina de Médici.

O Castelo de Chenonceau visto do jardim de Diane de Poitiers.

O primeiro castelo foi construído no local de um antigo moinho, em posição dominante sobre as águas do rio Cher, algum tempo antes da sua primeira menção num texto, no século XI. O atual palácio foi construído pelo arquitecto Philibert Delorme, e a sua história está associada a sete mulheres de personalidade forte, duas das quais rainhas de França.

Índice

História

Castelo de Chenonceau: vista das arcadas da ponte de Diana de Poitiers.

A atual fortificação remonta a um pequeno castelo erguido no século XIII. O edifício original foi incendiado em 1411 para punir o seu proprietário Jean Marques por um ato de sublevação. Este reconstruiu o castelo e moinho fortificado no local, durante a década de 1430. Subsequentemente, o seu endividado herdeiro, Pierre Marques, vendeu o castelo a Thomas Bohier, Camareiro do Rei Carlos VIII de França, em 1513. Bohier destruiu o castelo existente, conservando a torre de menagem, e construiu uma residência inteiramente nova entre 1515 e 1521; o trabalho foi por vezes supervisionado pela sua esposa, Catherine Briçonnet,[1] a qual teve o prazer de hospedar a nobreza francesa, incluindo Francisco I de França em duas ocasiões.

Mais tarde, o filho de Bohier foi desapropriado, sendo o château entregue ao Rei Francisco I por débitos não pagos à Coroa. Depois da morte deste monarca, em 1547, Henrique II ofereceu o palácio como presente à sua amante, Diane de Poitiers, a qual se tornou ardentemente ligada ao château e às suas vistas em conjunto com o rio. Ela haveria de mandar construir a ponte arcada, juntando o palácio à margem oposta. Supervisionou, então, a plantação de extensos jardins de flores e de vegetais, juntamente com uma variedade de árvores de fruto. Dispostos ao longo do rio, mas protegidos das inundações por terraços de pedra, os refinados jardins foram estabelecidos em quatro triângulos.

Diane de Poitiers foi a inquestionável senhora do palácio,[2] mas o título de propriedade manteve-se com a Coroa até 1555, quando anos de delicadas manobras legais finalmente a beneficiaram com a posse. No entanto, depois da morte de Henrique II, em 1559, a sua resoluta viúva e regente, Catarina de Médicis despojou Diane da propriedade. Uma vez que o palácio já não pertencia à Coroa, a rainha não podia desapropriá-la totalmente, mas forçou-a a trocar o Castelo de Chenonceau pelo Château de Chaumont-sur-Loire.[3] No entanto, tendo apreciado as benfeitorias, resolveu dar continuidade às obras. A Rainha Catarina fez então de Chenonceau a sua residência favorita.

Castelo de Chenonceau: entrada.

Como regente da França, Catarina podia gastar uma fortuna no palácio e em espetaculares festas noturnas. Em 1560, as primeiras exibições de fogo de artifício alguma vez vistas em França tiveram lugar em Chenonceau, durante a celebração que marcou a ascensão do seu filho, Francisco II, ao trono.

Entre as marcas que imprimiu ao conjunto, determinou a construção, em 1577, de um novo aposento, exatamente por cima da ponte construída pela sua rival. Esse imenso salão sobre o rio, com dois andares e a extensão de sessenta metros de comprimento por seis de largura, ficou conhecido como a Grande Galeria e tornou-se na marca característica do palácio.

Catarina de Médicis aumentou os jardins e parques do palácio, tornando a propriedade num disputado local para as grandes festas que atraíam a sociedade da época. Quando a rainha Mary Stuart visitou a França, em 1560, Catarina homenageou-a em Chenonceau com uma recepção para mil pessoas, que durou vários dias. Destacaram-se as apresentações teatrais, a presença de pintores para registar o evento, de poetas e de muita música.

Vista geral do Castelo de Chenonceau.

Com a morte de Catarina, em 1589, o palácio passou para a sua nora, Louise de Lorraine-Vaudémont, esposa de Henrique III. Em Chenonceau, Louise recebeu a notícia do assassinato do seu marido e caiu num estado de depressão, passando o resto dos seus dias vagueando sem destino ao longo dos vastos corredores do palácio, vestida de roupas matutinas entre sombrias tapeçarias pretas, onde foram cosidos caveiras e ossos cruzados. Nesta fase, as grandiosas festas cessaram, passando o palácio a viver numa permanentemente atmosfera de luto.

Outra amante tomou posse em 1624, quando Gabrielle d'Estrées, a favorita de Henrique IV, habitou o palácio. Depois desta, foi possuído pelo herdeiro de Louise, César de Bourbon, Duque de Vendôme, e a sua esposa, Françoise de Lorraine, Duquesa de Vendôme, e passou tranquilamente pela linha hereditária dos Valois, alternadamente habitado e abandonado por mais de uma centena de anos.

O Castelo de Chenonceau foi comprado pelo Duque de Bourbon em 1720. Pouco a pouco, este vendeu todos os conteúdos do palácio. Muitas das refinadas estátuas acabaram no Château de Versailles. A própria propriedade foi, finalmente, vendida a um proprietário rural chamado Claude Dauphine.

O Castelo de Chenonceau em 1851.

A esposa de Claude (filha do financeiro Samuel Bernard e avó de George Sand), Madame Louise Dupin, trouxe a vida de volta ao palácio ao receber os líderes do Iluminismo: Voltaire, Montesquieu, Buffon, Bernard le Bovier de Fontenelle, Pierre de Marivaux, e Jean-Jacques Rousseau. Louise salvou o palácio da destruição durante a Revolução Francesa, preservando-o da destruição pela Guarda Revolucionária, uma vez que era essencial para as viagens e para o comércio por ser a única ponte que atravessava o rio numa área de várias milhas. Diz-se que terá sido Louise quem trocou a ortografia do palácio (de Chenonceaux para Chenonceau) para agradar ao aldeões durante a Revolução Francesa. Deixou cair o "x" do final do nome do palácio para diferenciar o que era um símbolo de realeza, da república. Foram encontradas fontes que, apesar de não oficiais, têm suportado esta lenda, tendo o palácio desde então sido referenciado e aceite como Chenonceau.

Em 1864, Daniel Wilson, um escocês que fizera fortuna instalando luz de gás por Paris, comprou o palácio para a sua filha. Na tradição de Catarina de Médici, ela gastaria uma fortuna em festas de tal forma elaboradas que as finanças foram delapidadas, sendo o palácio desapropriado e vendido a José-Emilio Terry, um milionário cubano, em 1891. Terry vendeu-o em 1896 a um membro da sua família, Francisco Terry. Em 1913, a família Menier, famosa pelos seus chocolates, comprou o palácio, mantendo a sua posse até hoje.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a galeria foi usada como enfermaria hospitalar; durante a Segunda Guerra Mundial foi um meio de escape da zona ocupada pelos Nazis de um lado do Rio Cher, para a livre zona de Vichy na margem oposta.

Em 1951, a família Menier encarregou Bernard Voisin de restaurar o palácio, o qual devolveu à delapidada estrutura e jardins (destruídos por uma cheia do Rio Cher em 1940) um reflexo da sua antiga glória.

Sendo uma mistura entre o Gótico tardio e o Renascimento inicial, o Castelo de Chenonceau e os seus jardins estão abertos ao público. Sem contar com o Real Château de Versailles, Chenonceau é o mais visitado château em França.[4]

Arquitectura

Vista geral do Castelo de Chenonceau sobre o rio Cher.

O Castelo de Chenonceau apresenta um corps de logis (corpo de casas) quadrado, com um vestíbulo central dando acesso a quatro salas de um lado e do outro. No rés-do-chão existe uma capela, o quarto de Diane de Poitiers e o gabinete verde de trabalho de Catarina de Médici. Ao fundo do vestíbulo acede-se à galeria sobre o Cher. A galeria do rés-do-chão tem um pavimento branco e preto, tendo acolhido o hospital militar já referido acima. O resto do rés-do-chão comporta o quarto de Francisco I e o salão Luís XIV.

As cozinhas estão instaladas nos fundos do palácio. Um cais de desembarque permite a descarga directa das mercadorias.

A escadaria, com duas asas direitas, está acessível por trás de uma porta que se situa a meio do vestíbulo. Esta permite aceder ao vestíbulo de Catherine Briçonnet, no primeiro andar. Neste andar existem de novo quatro salas, o quarto das cinco Rainhas, o quarto de Catarina de Médici (por cima do seu gabinete verde), o quarto de César de Vendôme, e o quarto de Gabrielle d'Estrées.

O quarto de Louise de Lorraine, no segundo andar, carrega o luto da esposa de Henrique III, onde se nota a cor negra dominante dos lambris, as pinturas macabras e as decorações religiosas evocando o luto.

O pátio e a Torre Marques

Pormenor da porta de entrada.

Ao reconstruir o Castelo de Chenonceau no século XVI, Thomas Bohier arrasou o castelo e o moinho fortificado da família Marques, erigindo o novo palácio sobre as fundações do velho moinho e conservando apenas a antiga torre de menagem: a Torre Marques, a qual ele transformou ao Estilo Renascença. O pátio reproduz o esquema do antigo castelo medieval demarcado por fossos. Próximo da torre, ainda existe uma parede decorada com uma quimera e uma águia - o símbolo da família Marques.

A entrada monumental, datada do período de Francisco I, é feita em madeira esculpida e pintada. Esta possui: do lado esquerdo, o brasão de Thomas Bohier, à direita do da sua esposa, Catherine Briçonnet - os construtores de Chenonceau - encimados pela salamandra de Francisco I e pela inscrição "Francisco, pela graça de Deus, Rei de França e Claude, Rainha dos Franceses".

A sala da Guarda

Originalmente esta sala foi usada por homens armados, onde estes tiravam algum tempo para descansar os pés.

Armas de Thomas Bohier decoram a lareira do século XVI e, na porta de carvalho do mesmo século, por baixo das figuras dos seus santos patronos (Santa Catarina e São Tomás), pode ler-se o mote de Thomas Bohier e Catherine Briçonnet: "S'il vient à point, me souviendra", que significa: "Se conseguir construir Chenonceau, serei recordado".

Nas paredes, um conjunto de tapeçarias flamengas do século XVI representa cenas da vida do palácio, um pedido de casamento e uma caçada. A forma da sala é gótica e renascentista. Durante o século XVI continha peças de prata, louças e tapeçarias, com as quais a Corte se mudava de uma residência para outra.

O tecto, com traves expostas, possui um "H" e um "C" entrelaçados por Henrique II e Catarina de Médici. No entanto, para mostrar o seu amor por Diane de Poitiers, Henrique mandou criar o tecto de forma que parecesse um "D" e um "H". No chão encontra-se o resto da majólica quinhentista.

A Capela

A partir da Sala dos Guardas, a Capela pode ser alcançada através de uma porta encimada com uma estátua da Virgem. As abas desta porta de carvalho representam Cristo e São Tomé, e repetem as palavras da dúvida de Tomé no Evangelho de João: «Chega aqui o teu dedo ....Senhor meu e Deus meu!» (João 20:27-28).

As janelas originais desta sala foram destruídas por um bombardeamento em 1944; os modernos vitrais foram feitos pelo mestre vidreiro Max Ingrand em 1954. Na loggia à direita encontra-se uma Virgem com o Menino feita em mármore de Carrara por Mino da Fiesole. Dominando a nave, encontra-se a galeria Real de onde as Rainhas assistiam à missa, a qual exibe a data 1521.

À direita do altar está uma credência finamente entalhada, a qual está decorada com o mote de Bohier.

Foram deixadas inscrições nas paredes da capela pelos guardas escoceses da Rainha Mary Stuart: à direita, "A fúria do homem não cumpre a justiça de Deus" (datada de 1543) e "Não te deixis possuir pelo Mal" (datado de 1546).

Nas paredes existem várias pinturas com motivos religiosos: A Virgem num véu azul por Il Sassoferrato, Jesus pregando frente a Fernando e Isabel por Alonso Cano, Santo António de Pádua por Murillo, e Assunção por Jouvenet.

A capela foi salva durante a Revolução Francesa por Madame Dupin, a qual teve a ideia de a tornar num armazém de madeira.

Quarto de Diane de Poiters

O jardim de Diane de Poitiers.

A sala usada por Diane de Poitiers, amante de Henrique II, tem uma lareira feita por Jean Goujon, um escultor francês da escola de Fontainebleau. Esta peça ostenta as iniciais de Henrique II e Catarina de Médici: "H"s e "C"s entrelaçados que podem ser considerados como formando "D"s de "Diane". O tecto cofrado também contém estas iniciais.

A cama com postes nos cantos data do início do século XVII e a poltrona de Henrique II está coberta com couro cordovês. Por cima da lareira encontra-se um retrato oitocentista de Catarina de Médici pintado por Sauvage.

Duas tapeçarias quinhentistas da Flandres, de tamanho considerável, retratam:

- O triunfo da Força, montada numa carruagem puxada por dois leões, e rodeada por cenas do Velho Testamento. A sentença em latim que se estende ao longo do bordo superior pode ser traduzida como "Ele que ama as dádivas do céu com todo o seu coração, não recua das façanhas que a Piedade dita”.

- O triunfo da Caridade, vista numa carruagem, segurando um coração na sua mão e apontando para o Sol; esta está rodeada por episódios bíblicos. A inscrição em latim desta tapeçaria pode ser traduzida como: "Ele que mostra força de coração em face do perigo, recebe a Salvação como uma recompensa quando morre".

À esquerda da janela fica a Virgem com Menino por Murillo.

À esquerda da lareira, existe uma pintura oitocentista da escola italiana: Cristo espoliado das suas roupas, por Francisco Ribalta, mestre de José de Ribera. Por baixo desta pintura encontra-se uma estante que contém os arquivos de Chenonceau; um dos volumes, que pode ser visto numa vitrine, conserva as assinaturas de Thomas Bohier e Diane de Poitiers.

Gabinete verde

Catarina de Médici, que se tornou regente do reino durante a menoridade de Carlos IX de França, governou o reino a partir do gabinete de Chenonceau. No tecto do século XVI, conservado no seu estado original, podem decifrar-se "C"s entrelaçados. Rodeando a porta encontram-se dois armários italianos do século XVI.

A excepcional tapeçaria quinhentista de Bruxelas conhecida como "Para a Aristolochia", tanto gótica como renascentista, é inspirada na descoberta Américas e das suas fauna e flora: contém faisões, ananases, orquídeas e romãs em prata do Peru, animais e vegetais que até então eram desconhecidos na Europa. A sua cor verde original tem-se tornado azul com o passar do tempo. æ

Vista exterior da Galeria do Castelo de Chenonceau.

Nas paredes encontra-se uma colecção de pinturas, das quais as mais importantes são:

Biblioteca

A pequena sala, habitualmente usada por Catarina de Médici, possui uma vista magnífica sobre o Rio Cher e o Jardim de Diane.

O tecto cofrado de carvalho em estilo italiano data de 1525. Com os pequenos encaixes suspensos, é um dos primeiros deste tipo conhecidos na França. Possui as iniciais dos construtores do palácio: T.B.K. por Thomas Bohier e Katherine Briçonnet.

Por cima da porta fica a Sagrada Família, por Andrea Del Sarto, e de ambos os lados:

Dois medalhões, Hebe e Ganímedes, os copeiros dos Deuses, realçados próximo de Olímpia, são da escola francesa seiscentista.

A Galeria

Interior da Galeria do Castelo de Chenonceau.

A partir do quarto de Diane de Poitiers, uma pequena passagem regressa à Galeria.

Em 1576, de acordo com os planos de Philibert de l'Orme, Catarina de Médici construiu um magnífico salão de baile numa galeria sobre a ponte de Diane de Poitiers. Esta possui sessenta metros de comprimento por seis de largura e é iluminada por dezoito janelas. O pavimento está coberto por ladrilhos de ardósia e o tecto tem as traves expostas.

Esta galeria foi inaugurada em 1577, durante as festividades oferecidas por Catarina de Médici em honra do seu filho Henrique III de França.

Cada extremo ostenta uma bela lareira renascentista, emboar uma delas, a que ladeia a porta sul (porta esta que conduz à margem esquerda do Cher) apenas decorativa.

Os medalhões nas paredes foram acrescentados no século XVIII e representam pessoas famosas.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Monsieur Gaston Menier, proprietário de Chenonceau, instalou a expensas próprias um hospital, cujos diferentes serviços ocuparam todas as salas do palácio.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas tomaram vantagem da localização privilegiada da Galeria, cuja porta sual garantia acesso à zona livre, enquanto que a entrada do palácio se encontrava na zona ocupada.

O Vestíbulo

O vestíbulo está coberto por uma série de abóbadas em cruzaria cujas pedras angulares, destacadas umas das outras, formam uma linha quebrada. As abóbadas estão decoradas com folhagens, rosas, querubins, quimeras e cornucópias. Feito em 1515, é um dos mais belos exemplos de escultura decorativa do periodo renascentista francês.

À entrada, por cima das prtas, dois nichos acolhem as estátuas de São João Baptista, santo patrono de Chenonceau, ao estilo de Luca della Robbia. A italiana mesa de mármore dos caçadores é renascentista.

Por cima da porta de entrada, um vitral de Max Ingrand, datado de 1954, representa a lenda de Santo Humberto.

Cozinhas

Fogão da cozinha do Castelo de Chenonceau.

As cozinhas de Chenonceau estão localizadas na gigantesca base que forma as duas primeiras fundações assentes no leito do rio Cher. Uma ponte atravessa de uma fundação para a outra, conduzindo à própria cozinha. Uma plataforma, ao longo da qual os barcos com mantimentos podiam atracar, é chamada, de acordo com a lenda, de banho de Diane.

A construção é uma sala baixa com duas abóbadas interceptadas. A sua chaminé quinhentista é a maior do palácio, ficando próxima do forno do pão.

A construção servia de:

  • Sala de Jantar: reservada à criadagem do palácio.
  • Talho: no qual ainda podem ver-se os ganchos para pendurar as peças de caça e os blocos para cortá-las.
  • Despensa.

Durante a Primeira Guerra Mundial, as cozinhas renascentistas foram adaptadas com o mais moderno equipamento necessário para que o palácio se transformasse num hospital.

Quarto de Francisco I

Quarto de Francisco I.

Esta sala tem uma bela lareira renascentista, a qual possui o mote de Thomas Bohier na consola: "S'il vient à point, me souviendra" - (Se conseguir construir Chenonceau, serei recordado). Por cima da porta ecoa o brasão de Bohier.

O mobiliário consiste em três credências francesas do século XV e um armário italiano do século XVI, excepcional com a sua madrepérola e caneta-tinteiro entalhada com incrustações de marfim, um presente de casamento oferecido a Francisco II e Mary Stuart.

Na parede está suspenso um retrato de Diane de Poitiers como Diana a Caçadora, por Francesco Primaticcio, um pintor da Escola de Fontainebleau. O retrato foi pintado no Castelo de Chenonceau em 1556; a sua moldura ostentas as armas de Diane de Poitiers, Duquesa de Étampes.

Em ambos os lados estão pinturas de Mirevelt e Ravenstein, elém de um auto-retrato de Van Dyck. Próximo deste fica um grande retrato de Gabrielle d'Estrées como a Caçadora Diana, por Ambroise Dubois. Rodeando a janela está Archimedes, por Francisco de Zurbarán, e Dois Bispos da Escola Alemã do século XVII. À direita da lareira, As três graças, por Van Loo, representa as "Medemoiselles" de Nesle, três irmãs que foram, sucessivamente, favoritas do Rei Luís XV: Madame de Châteauroux, Vintimille, Mailly.

Sala de estar Luís XIV

Em memória à visita que fez a Chenonceau no dia 14 de Julho de 1650, Luís XIV ofereceu, muito mais tarde, ao seu tio César de Bourbon, Duque de Vendôme, o seu retrato pintado por Hyacinthe Rigaud com uma extraordinária moldura de Lepautre, feita apenas de quatro gigantescas peças de madeira - assim como a mobília coberta por tabeçarias de Aubusson tapestries e uma consola em estilo Boulle.

Na lareira renascentista, a Salamandra e o Arminho invocam a memória de Francisco I e da Rainha Cláudia de França.

Rodeando o tecto com traves expostas, a cornija tem as iniciais da família Bohier (T.B.K.). Por cima da consola, "Jesus menino e São João Baptista", por Rubens, comprado em 1889 na venda da Colecção do Rei de Espanha, José Bonaparte, irmão de Napoleão.

A sala de estar também oferece uma bela série de pinturas francesas do século XVIII:

  • Retrato do Rei Luís XV, por Van Loo
  • Princesa de Rohan, por Nattier
  • Retrato de Chamillard, Ministro de Luís XIV e Retrato de Homem, por Netscher
  • Retrato de Filipe V, Rei de Espanha, por Ranc

Nesta sala encontra-se ainda um retrato de Samuel Bernard, banqueiro de Luís XIV, por Mignard.

Samuel Bernard, que era muito rico, foi também o pai de Madame Dupin, cuja graça e inteligência estão enfatizadas no retrato produzido por Nattier. Madame Dupin, avó por casamento de George Sand, foi proprietária de Chenonceau no século XVIII. Uma amiga dos iluministas, foi anfitriã de Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, d'Alembert, Fontenelle e Bernardin de Saint-Pierre.

A sua gentileza e generosidade salvaram Chenonceau da destruição durante a Revolução Francesa.

A escadaria

A partir do vestíbulo, uma porta de madeira do século XVI dá acesso à escadaria. As suas camadas esculpidas representam a Velha Lei (sob a figura de uma dama vendada, com um livro e um bastão de peregrino) e a Nova Lei (com uma face descoberta e segurando uma palma e um cálice).

A escadaria, que conduz ao primeiro andar, é notável pelo facto de ser uma das primeiras escadarias rectas – ou balaústre em balaústre – construída na França com base no modelo italiano. Está coberta por uma abóbada inclinada, com nervuras interceptando em ângulo-recto. As juntas estão decoradas com pedras angulares. Os cofres da abóbada estão decorados com figuras humanas, frutos e flores (certos desenhos foram martelados durante a Revolução).

a escadaria, com duas balaustradas, é interceptada por um patamar formando uma loggia com uma balaustrada, da qual se pode descobrir uma vista sobre o Cher.

Um antigo medalhão muito bonito decora o início do segundo lanço; este representa o busto de uma mulher com o cabelo solto.

Vestíbulo de Catherine Briconnet

O vestíbulo do primeiro andar é pavimentado com pequenos ladrilhos de argila cozida, estampados com a flor-de-lis atravessada por uma lança. O tecto possui traves expostas.

por cima das portas, medalhões de mármore, trazidos de Itália por Catarina de Médici, mostram os Imperadores Romanos: Galba, Cláudio, Germânico, Vitélio e Nero. O conjunto de seis tapeçarias do século XVII representa cenas de caça, de acordo com esboços de Van Der Meulen.

Quarto das cinco Rainhas

O Quarto das cinco Rainhas.

Esta sala recebeu o nome de Quarto das Cinco Rainhas em memória das duas filhas e três noras de Catarina de Médici. Foram elas Margarida de Valois, a Rainha Margot (esposa de Henrique IV), Isabel de Valois (esposa de Filipe II de Espanha), suas filhas, e Mary Stuart (esposa de Francisco II), Isabel da Áustria (esposa de Carlos IX), Louise de Lorraine (esposa de Henrique III), suas noras.

Os cofres do tecto do século XVI exibe os brasões das cinco Rainhas. A lareira é do periodo renascentista.

As paredes estão cobertas por um conjunto de tapeçarias flamengas representando: o cerco de Troia e o rapto de Helena, jogos romanos no Coliseu e a coroação do Rei David.[carece de fontes] Outra tapeçaria mostra um episódio da vida de Sansão.

A mobília é constituida por uma grande cama de dossel, duas credências góticas encimadas pelas cabeças de duas mulheres em madeira polícroma e uma arca de viagem guarnecida.

Nas paredes:

  • Admirando o Homem Sábio, por Rubens, é um estudo para a pintura maior que actualmente se encontra no Museu do Prado;
  • Retrato da Duquesa de Olonne, por Mignard;
  • Apolo na casa de Admete o Argonauta, da Escola Italiana do século XVII.
Quarto de Catarina de Médici

Este quarto possui belas mobílias esculpidas do século XVI e está decorado com uma série de tabeçarias flamengas, do mesmo século, retratando a vida de Sansão. Estas são notáveis pelas suas margens preenchidas com animais simbolisando provérbios e fábulas, como por exemplo a fábula de O Caranguejo e a Ostra ou A Perícia é maior que a Esperteza.

Os ladrilhos da chaminé são renascentistas.

À direita da cama encontra-se o O Ensino do Amor, pintado em madeira por Correggio, do qual a Galeria Nacional de Londres possui uma versão pintada em tela.

Sala de exibição de estampas

Este pequeno aposento, decorado com um tecto e lareira datados do século XVIII, numa parte, e do século XVI, na outra, junta uma colecção de desenhos e gravuras de Chenonceau, dos quais o mais antigo remonta a 1560 e o mais recente ao século XIX.

Quarto de César de Vendôme

Esta sala recorda César de Bourbon, Duque de Vendôme, filho do Rei Henrique IV e de Gabrielle d'Estrées, o qual se tornou proprietário de Chenonceau em 1624.

É digno de nota nesta sala:

  • um belo tecto com traves expostas que suportam uma cornija decorada com cânones;
  • uma lareira renascentista, pintada no século XIX, com o brasão de Thomas Bohier;
  • a janela abrindo para oeste, rodeada por duas cariátides seiscentistas;
  • As paredes suportam um conjunto de três tapeçarias de Bruxelas do século XVII, ilustrando o antigo mito de Deméter e Perséfone;
A viagem de Deméter e Perséfone ao Inferno dá os seus frutos à espécie Humana, Perséfone regressa para passar seis meses na Terra, um simbolo mitológico para a alternância das estações.
A bela guarnição, tipica de Bruxelas, representa as grinaldas de frutos e flores provenientes de cornucópias.
  • a cama de dossel e o mobiliário siescentista;
  • o Retrato de São José, pintura de Murillo situada à esquerda da janela.
Quarto de Gabrielle d'Estrées

Este quarto evoca a memória de Gabrielle d'Estrées, favorita do Rei Henrique IV, e mãe do seu filho ilegítimo, César de Vendôme.

Entre os elementos deste quarto encontra-se o tecto com traves visíveis, o pavimento, a lareira e o mobiliário, todos eles renascentistas.

Próximo da cama de dossel encontra-se uma tapeçaria flamenga do século XVI.

Pendurado nas outras três paredes está um conjunto de tapeçarias muito raro , conhecido como Os meses de Lucas:

  • Junho - Caranguejo.
  • A tosquia do rebanho.
  • Julho - Leão.
  • Caça de falcoaria.
  • Agosto - Virgem.
  • Pagando aos ceifeiros.

Os seus esboços foram feitos por Lucas van Leyden (ou Lucas Van Nevele). Por cima do armário, uma tela seiscentista da Escola de Florença representa Santa Cecília, santa patrono dos músicos. Por cima da porta encontra-se Criança com o Carneiro, de Francisco Ribalta.

Vestíbulo do segundo andar

Este vestíbulo manteve intacto o trabalho de restauro executado durante o século XIX pelo arquitecto Roguet, um dos discípulos de Viollet-le-Duc. É de notar a tapeçaria de Neuilly simbolizando o Cher, no qual está retratada uma gôndola veneziana; a gôndolo foi, efectivamente, trazida para Chenonceau no século XIX, com o seu gondoleiro, por Madame Pelouze, a proprietária dessa época. As duas credências, assim como as pedras do chão, são renascentistas.

Quarto de Louise de Lorraine

O Quarto de Louise de Lorraine.

Depois do assassinato do seu marido, o Rei Henrique III, pelo monge Jacques Clément, no dia 1 de Agosto de 1589, Louise of Lorraine retirou-se para Chenonceau em meditação e oração.

Rodeada por freiras que viviam no palácio como num convento, e sempre vestida de branco em concordância com a etiqueta de luto Real, era conhecida como "a Rainha Branca". O seu quarto tem sido reconstruído em volta do tecto original. Este está decorado com objectos relacionados com o luto: lágrimas de prata, cordões de viúva, coroas de espinhos e a letra grega - l - lambda, inicial de Louise, entrelaçada com o H de Henrique III.

A atmosfera devota e triste da sua sala é acentuada por um Cristo com uma coroa de espinhos e pela cena religiosa – uma pintura em madeira do século XVI – que decora a lareira. A mobilia provém do século XVI.

Os jardins

Os jardins de Catarina de Médici.

Contam-se dois jardins principais: o jardim de Diane de Poitiers e o jardim de Catarina de Médici, situados de um lado e do outro da Torre dos Marques, vestigio das fortificações que precederam a edificação do actual palácio.

À direita fica o jardim de Diane de Poitiers, a entrada do qual é vigiada pela casa de Steward: La Chancellerie (A Chancelaria ), construída no século XVI. No centro do jardim existe uma fonte descrita por Jacques Androuet du Cerceau no seu livro intirulado Les plus Excellents Bâtiments de France (Os mais Excelentes Edifícios em França - 1576). Este jardim é protegido das cheias do Cher por terraços elevados, dos quais se desfrutam belas vistas sobre as margens e sobre o próprio palácio. De uma concepção surpreendente para a época, o jacto de água jorra de uma grande cara talhada em consequência, e cai num vómito dentro de um receptáculo pentagonal de pedra branca.

À direita fica o mais íntimo jardim de Catarina de Médici, com um tanque central, do qual se descobre a fachada oeste.

A troca das decorações florais dos jardins na Primavera e no Verão necessita de 130.000 plantas criadas na propriedade para serem plantadas.

Demarcando o Pátio de Honra, os edifícios abobadados, do século XVI, alojavam antigamente os Estábulos Reais e a quinta dos bichos-da-seda, introduzidos em França por Catarina de Médici. Também a quinta do século XVI e o parque de 70 hectares podem ser visitados.

Ao lado da Grande Avenida de árvores planas, enfrentando as cariátides, um labirinto com dois mil teixos tem sido plantado, invocando o espírito da época de Catarina de Médici, de acordo com um plano italiano datado de 1720.

Referências

  • Garrett 2010, p. 107
  • Garrett 2010, p. 108
  • Garrett 2010, p. 93
    1. Garrett 2010, p. xxii

    Bibliografia

    • Garrett, Martin (2010). The Loire: a Cultural History (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199768394

    Ligações externas

    Commons

    O Commons possui imagens e outras mídias sobre Castelo de Chenonceau

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  • Wikipédia

    Priorado de Sião–História virtual

    Suposto emblema oficial do Priorado de Sião que é parcialmente baseado na flor-de-lis, que era um símbolo particularmente associado à monarquia francesa.[1]

    O Priorado de Sião (em francês: Prieuré de Sion) é um grupo de variadas sociedades tanto verídicas como falsas, das quais se destaca uma sociedade fraternal francesa fundada em 1956 por Pierre Plantard.

    De acordo com as divulgações de Pierre Plantard recolhidas pelos autores anglo-saxónicos Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh e publicadas na obra The Holy Blood and the Holy Grail em 1982, o Priorado de Sião seria uma sociedade secreta fundada em Jerusalém no ano de 1099 e que jurara proteger um segredo acerca do Santo Graal, entendido por estes autores como uma hipotética descendência humana de Jesus Cristo.

    O Priorado de Sião se tornou assunto de controvérsia histórica e religiosa durante as décadas de 1960 e 1980. Durante o período de 1980 foi alegado pelo próprio Plantard que o Priorado não passava de uma conspiração com o objetivo de restaurar a monarquia francesa, porém muitos teólogos e historiadores persistem em crer que há um segredo sob o Santo Graal que envolve o Priorado.[2]

    Índice

    História

    A flor-de-lis retratada no brasão de armas do Papa Paulo VI.

    O Priorado de Sião foi fundado oficialmente como uma associação francesa em 20 de julho de 1956 na comuna de Annemasse.[3] O pedido de autorização de constituição foi efetuado em 7 de maio de 1956, na Sub-Prefeitura de Polícia de Saint-Julien-en-Genevois (Alta Saboia), mediante uma carta assinada pelos quatro fundadores: Pierre Plantard (1920-2000), André Bonhomme, Jean Deleaval e Armand Defago.

    A sede social estava estabelecida na casa de Plantard em Annemasse. O texto de constituição, conforme consta no Journal Officiel, número 167, segundo Pierre Jarnac, é o seguinte: "25 juin 1956. Déclaration à la sous-préfecture de Saint-Julien-en-Genevois. Prieuré de Sion. But: études et entr'aide des membres. Siège social: Sous-Cassan, Annemasse (Haute-Savoie)."

    A escolha do nome faz referência a uma região da cidade Annemasse denominada Mont Sion, onde os fundadores se reuniam frequentemente. A sociedade também fazia uso da sigla CIRCUIT que significa em francês Chevalerie d'Instituições Règles et Catholiques d'Union Independente et Traditionaliste (Cavalaria da Instituição e Regra Católica e de União Independente Tradicionalista).[4]

    Segundo os estatutos do Priorado de Sião os principais objetivos desta sociedade eram:

    "La constitution d'un ordre catholique, destiné à restituer sous une forme moderne, en lui conservant sont caractère traditionaliste, l'antique chevalier, qui fut, par son action, la promotrice d'un idéal hautement moralisateur et élément d'une amélioration constante des règles de vie de la personnalité humaine"[5]

    "A constituição de uma ordem católica, destinada a restituir numa forma moderna, conservando o seu carácter tradicionalista, o antigo cavaleiro, que foi, pela sua acção, a promotora de um ideal altamente moralizante e elemento de um melhoramento constante das regras de vida da personalidade humana".

    Outros estatutos do Priorado também incluem a prestação de serviços de apoio ao Catolicismo Francês e até mesmo os membros fundadores da sociedade se auto-proclamavam aliados da Igreja Católica e descreviam o Priorado como uma autêntica sociedade Católica.

    O Priorado foi oficialmente dissolvido em Outubro de 1956, porém revivido por Plantard entre 1961 e 1963. O Priorado de Sião é considerado oficialmente extinto pelas autoridades francesas já que não apresenta atividade perceptível desde a década de 1950. Segundo a Lei Francesa ninguém detém direitos legais sobre o Priorado de Sião e com o falecer de Plantard em 2000, nenhum cidadão francês possui direitos sobre o nome e estatuto do Priorado.[6]

    Mitologia

    Os Pastores da Arcádia de Nicolas Poussin, também descrita como Et in Arcadia ego pelos membros do Priorado, é associada a esta sociedade.

    De acordo com Pierre Plantard, o principal fundador do Priorado de Sião, esta sociedade teria contado entre os seus membros um grande número de personagens da história parcialmente ligadas ao ocultismo, às artes e às ciências. Dentre estes possíveis membros estão Nicolas Flamel, Leonardo da Vinci, Isaac Newton, Claude Debussy, Botticelli, Victor Hugo, Charles Nodier, Jean Cocteau e outros.

    Segundo Plantard, o Priorado era a organização que influenciara de forma oculta outras sociedades como a Ordem dos Templários, a Ordem de Rosacruz e até mesmo os Maçons. De acordo com Lincoln, Baigent e Leigh, o Santo Graal seria o "sangue real" de Cristo (os autores sugerem como hipótese que a expressão "Saint Graal" seja lida como "sang real"), ou seja, a linhagem dos seus hipotéticos descendentes.

    É frequente ver-se referida a obra de Thomas Malory (1405-1471),[7] como uma prova de que certos autores medievais teriam usado a expressão sangreal no sentido de "sangue real". Neste romance sobre o Graal figura em abundância a expressão sangreal, mas também surge por vezes a expressão saynt greal. Deste modo, fica claro que Malory concatena por vezes as palavras saynt e greal para construir a expressão sangreal, sempre com o significado de "Santo Graal". A decomposição de sangreal em duas palavras distintas, sang e real, é uma invenção recente dos autores Lincoln, Baigent e Leigh, para tentar obter crédito para as suas teorias acerca de uma descendência de Jesus Cristo.

    Nas temáticas do Priorado, majoritariamente compostas por Plantard e pelo seu amigo Phillipe de Chérisey (1925-1985) durante os anos 1960 e 1970, encontram-se também envolvidos outros temas e personagens históricos como a simbologia alquímica, o caso Gisors[8] o padre Bérenger Saunière e a lenda do tesouro de Rennes-le-Château, os pintores Nicolas Poussin (1594-1665) e David Teniers (filho) (1610-1690), o cruzado Godofredo de Bulhão (1058-1100), o Papa João XXIII (1881-1963) e outros. Essencial na divulgação destas temáticas junto do grande público foi o jornalista Gérard de Sède (1921-2004), sobretudo através das suas obras Les templiers sont parmi nous (1962) e L'or de Rennes[9] (1967).

    No que diz respeito ao padre Bérenger Saunière e à lenda do tesouro de Rennes-le-Château, Plantard e Chérisey inspiraram-se na versão romanceada da vida do padre que fora criada por Noël Corbu a partir de 1953, ano em que este inaugurou o Hôtel de la Tour em Rennes-le-Château, no edifício que Saunière chamara de Villa Béthanie[10].

    Chérisey iria compor, nos anos sessenta, dois famosos "pergaminhos" codificados. Estes pergaminhos serviriam, juntamente com uma resenha de documentos forjados (que inclui os famosos Dossiês Secretos) depositada na Biblioteca Nacional de Paris entre 1964 e 1977, para tentar legitimar Plantard como descendente merovíngio e herdeiro do trono de França. Juntamente com Plantard, Chérisey inspirara-se na lenda criada por Noël Corbu de que Saunière descobrira um tesouro com a ajuda de pergaminhos codificados que teriam sido encontrados na igreja de Santa Maria Madalena em Rennes-le-Château, no final do século XIX.

    O mistério de Rennes-le-Château, publicitado inicialmente por Noël Corbu como um fabuloso tesouro para permitir a rentabilização turística do seu Hôtel de la Tour, passaria assim, sob a égide de Plantard e Chérisey, para uma nova fase na qual o carácter monetário de um hipotético tesouro seria desprezado e o carácter secretivo dos pergaminhos codificados surgiria como o verdadeiro mistério a descobrir. Plantard e Chérisey, com a ajuda de Gérard de Sède (durante um tempo, os três foram sócios na partilha dos lucros das vendas dos livros deste último), tudo fariam para adulterar a verdade histórica acerca da vida do padre Saunière, de forma a transformá-lo num ocultista e num esoterista, por outras palavras, numa pessoa influente nas sociedades secretas e no ocultismo francês, chegando a ser inventada uma fantasiosa viagem de Saunière a Paris, na qual o padre teria levado os ditos pergaminhos codificados para serem interpretados pelo erudito Emile Hoffet.

    O historiador local René Descadeillas (1909-1986) é o autor da primeira obra historiográfica sobre as mistificações em torno de Rennes-le-Château, Mythologie du trésor de Rennes (1974). De forma clara, o autor explica como Gérard de Sède e Pierre Plantard começaram a montar o "dossiê" Rennes-le-Château, composto sobretudo de recortes e colagens que misturavam pessoas e factos reais com ficção e fantasia:

    "Em 1965, apareceu na região uma personagem que não estávamos acostumados a encontrar. Era um jornalista, o senhor de Sède. Ele vinha de Paris. Era conhecido por ter, dois anos mais cedo, publicado na editora Julliard um livro, «Les Templiers Sont Parmi Nous», onde ele se tinha esforçado por demonstrar que os Templários, prevendo a interdição da sua ordem, teriam escondido os seus imensos bens no castelo de Gisors, no Vexin. Numa tarde de Março de 1966, ele chegou a Carcassonne depois de uma paragem em Villarzel-du-Razès onde lhe teriam negado, dizia ele, o acesso à biblioteca do falecido padre Courtauly. De que vinha ele à procura? Segundo ele, o padre Courtauly, falecido em 1964, possuía obras raras, nomeadamente uma obra de Stüblein, «Pierres gravées du Languedoc» , indispensável a quem quer que tentasse penetrar no mistério de Rennes. Uma olhada na «Bibliographie de l'Aude», do padre Sabarthès: a obra em questão não figurava nem sob a assinatura de Stüblein, nem sob qualquer outra. Que livro seria este? O senhor de Sède possuía também fotocópias de dois documentos estranhos pela sua disposição e pela sua grafia: eram reproduções dos «pergaminhos» descobertos pelo padre Saunière aquando da demolição do altar-mor da sua igreja. Onde teria ele obtido os originais? Outro segredo. Aparentemente, o autor desta série de disparates tinha tentado imitar uma escrita da Idade Média. Mas a contrafacção era tão grosseira e tão inapropriada que um estudante de primeiro ano não a teria aceite sem exame. Foram submetidos à perspicácia do arquivista departamental cuja opinião foi prontamente sabida. O senhor de Sède procurava ainda duas publicações recentes: MÉTRAUX Maurice, «Les Blanquefort et les origines vikings, dites normandes, de la Guyenne sous la Féodalité», Bordéus, Imp. Samie, 21, Rue Teulère, 1964, brochura de 24 páginas com gravuras, e LOBINEAU Henry, «Généalogie des rois mérovingiens et origine des diverses familles françaises et étrangères de souche mérovingienne, d'après l'abbé Pichon, le docteur Hervé et les parchemins de l'abbé Saunière, de Rennes-le-Château (Aude)», in-fólio de 45 páginas, ilustrações a cores, esgotado, multigrafado, Genève, edição do autor, 22, Place du Mollard."[11]

    Descadeillas, após algumas indagações, conseguiu obter uma informação valiosa sobre estas obras: tanto a de Métraux como a de Lobineau figuravam no Catálogo Geral da Biblioteca Francesa[12]. A obra do pseudo-Lobineau figurava neste catálogo porque foi depositada na Biblioteca Nacional por Pierre Plantard a 18 de Janeiro de 1964. Não satisfeito, Descadeillas pediu mais informações sobre a obra de Lobineau à Biblioteca Universitária de Genebra, bem com à Biblioteca Municipal da cidade: nem um sinal de uma obra com este título por Lobineau. A obra de Métraux, por outro lado, era bem real, mas era sobre a cidade Suíça de Blanquefort, e não tinha nada a ver com Rennes-le-Château. Faltava ainda determinar a origem da obra atribuída a Stüblein, Pierres gravées du Languedoc, que teria pertencido a um tal padre Courtauly, falecido em 1964. Vejamos o que diz Descadeillas:

    "Faltava o «Pierres gravées du Languedoc», por Stüblein, do qual os papéis Lobineau nos davam um aperitivo. A obra permaneceu impossível de encontrar. Não voltámos a pensar no assunto e possivelmente nos teríamos esquecido dela se, no início de Setembro de 1966, o padre de Rennes-les-Bains não tivesse recebido de Paris, em sobrescrito lacrado, de um «termalista desconhecido», uma pequena brochura contendo fotocópias de gravuras parecidas às que figuravam no Lobineau com, à guisa de prefácio, algumas palavras do padre Courtauly . Este declarava em resumo «com o objectivo de ser útil aos pesquisadores» ter extraído da obra de Stüblein as gravuras que diziam respeito a Rennes-le-Château e a Rennes-les-Bains. A estranheza desta brochura, a sua total falta de autenticidade, os propósitos atribuídos ao padre defunto e incapaz de protestar, reforçaram ainda mais a suspeição que tínhamos sobre esta literatura. (...) As «Pierres gravées du Languedoc» são então um mito e, não hesitamos em afirmá-lo, a pequena brochura de extractos fotocopiados imputada ao padre Courtauly que nunca se interessou por arqueologia, é uma falsificação. Como são falsas as reproduções que ela contém: pedras ou lajes contendo sinais cabalísticos, a cabeça esculpida do presbitério de Rennes-les-Bains travestida em Dagoberto, os quadrados mágicos ou ditos mágicos e «tutti quanti». Mas porquê utilizar o nome do padre Courtauly? Porquê escolher este padre de preferência a outro qualquer? Porquê misturá-lo nestas efabulações, neste esoterismo primário? Prestar-se-ia a uma exploração ultrajosa dos seus feitos e gestos? Nada que se pareça: o padre Courtauly permaneceu toda a sua vida o bom e modesto padre de aldeia que ele sempre quis ser, não tendo outra preocupação senão as suas «ovelhas» e as suas homilias dominicais."[13]

    As interrogações de Descadeillas são pertinentes. De onde surgira o interesse de Plantard pelo padre Joseph Courtauly (1890-1964)? O historiador de Carcassonne levanta, finalmente, a ponta do véu, ao falar sobre as “expedições culturais” de Plantard ao Languedoc, altura em que este teria conhecido o padre Courtauly nas termas de Rennes-les-Bains:

    "Como teria este bom e velho padre acabado por ter o seu nome associado a estas efabulações aberrantes? Por que surpreendente concurso de circunstâncias? Ainda nos perguntaríamos se não tivéssemos sabido que nos seus últimos anos de vida, quando estava a banhos em Rennes-les-Bains, ele encontrava frequentemente uma curiosa personagem que começava a ser costume ver por estas paragens desde o final dos anos cinquenta. Ele morava em Paris. Não tinha ligações à região nem relações conhecidas. Era um indivíduo difícil de definir, apagado, secreto, cauteloso, não desprovido de uma eloquência que aqueles que o interpelaram diziam ser imbatível. Ele não seguia um tratamento médico regular. Assim questionava-se sobre as razões das suas aparições repetidas, porque ele vinha mesmo no Inverno. Igualmente, conjecturava-se sobre o interesse que despertavam nele as curiosidades naturais ou arqueológicas, porque não se tratava de um intelectual. Ele intrigava as gentes pela estranheza das suas atitudes: ele ia, calcorreando a região, inquirindo sobre a origem das propriedades, deitando de preferência o olho a matagais ou terras abandonadas que não interessavam a ninguém. Que queria ele fazer? Desbravar estas terras desoladas e nelas lançar a charrua? Vocação bem tardia: ele já não era novo. (...) As suas idas e vindas, as questões que ele colocava a uns e a outros não podiam ficar sem eco. Tinham-no por um maníaco e alguns possivelmente riam mesmo dele sem suspeitarem de que o homem usava todos os estratagemas para constituir um dossiê onde os acontecimentos banais, os pequenos factos, tomavam proporções inesperadas, onde reflexões sem interesse, apreciações precipitadamente feitas, palavras no ar adquiriam tanto mais relevo quanto ele as colocava na boca de pessoas respeitáveis e estimadas pela sua sabedoria, mas talvez enfraquecidas pela idade. Ele não temia em atribuir-lhes declarações que gravava num gravador de cassetes, onde é possível, como se sabe, a quem quer que seja debitar uma história qualquer. Assim atribuiu ele ao padre Courtauly propósitos extravagantes que não concordam nem com a vida nem com o carácter deste padre. Neste ponto, aqueles que conheceram e privaram com o padre são formais. Posto isto, damo-nos conta, pelo próprio jogo das concordâncias, que a mesma personagem era o autor dos papéis Lobineau. Provavelmente estaremos perante um paranóico porque ele próprio inscreveu o seu nome em bom lugar na pretensa descendência do rei Dagoberto II."[14]

    Descadeillas não refere o nome de Plantard, e a razão é simples: escrevendo no início dos anos setenta, precisamente no auge da mistificação do Priorado, o historiador não desejara meter-se em problemas citando o nome de Plantard, mas é evidente que é deste que se trata, porque Plantard apresentava-se como "Pierre Plantard de Saint-Clair, descendente de Dagoberto II", por via de uma linhagem dinástica falsificada que principiava no lendário príncipe merovíngio Segisberto IV (séc. VII).

    Revisão do Mito

    Em 1989, Pierre Plantard, desgastado pela progressiva divulgação em França da natureza fraudulenta da sua criação, decidiu negar a teoria de que o Priorado de Sião dataria de 1099 e teria sido fundado por Godofredo de Bulhão, mudando a data de fundação para o dia 17 de Janeiro de 1681. Segundo esta nova versão de Plantard, o Priorado teria sido criado nesta data, em Rennes-le-Château, por Jean-Timoleon Negri d'Ables.

    Confissão da fraude

    Pierre Plantard confessou perante a Justiça Francesa em 1993 (mais concretamente, ao juíz Thierry-Jean Pierre, no âmbito do processo Roger-Patrice Pelat[15]) ter criado esta sociedade com o objetivo de o legitimar para o trono de França como descendente Merovíngio.

    A exportação da fraude

    Em 1982, Lincoln, Baigent e Leigh, aproveitando a sugestão de Plantard e Chérisey de que os Merovíngios descenderiam da Casa de David, fariam com a sua obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, a sugestão hipotética de que estes monarcas descenderiam de Jesus Cristo. Ao saber desta hipótese, Plantard rejeitou-a publicamente na comunicação social francesa, afirmando que os anglo-saxónicos se estavam a aproveitar das suas teorias[16].

    Numerosos autores acrescentaram detalhes a este mito moderno, mesmo após a revisão do mito em 1989 e a confissão de Plantard em 1993, criando um entrecruzamento sem fim de teorias e contra-teorias. Umberto Eco, na sua novela de 1988 o Pêndulo de Foucault, satirizou o sistema de associação sem provas que constitui o fundamento da pretensa sociedade secreta, e de modo geral, a forma de fazer pseudo-história que pode ser encontrada em tantas obras que se inspiraram na fraude do Priorado e nas teorias de Lincoln, Baigent e Leigh.

    Estrutura

    O Priorado e os Templários

    Segundo Plantard, os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião seriam duas facetas de uma mesma organização: a primeira pública e a última secreta. Plantard afirmava que a Igreja Católica tinha traído os Merovíngios ao legitimar a dinastia carolíngia. Segundo Plantard, o Priorado teria como missão proteger os descendentes da dinastia merovíngia, organizando-se contra a Igreja Católica:

    "… os descendentes merovíngios estiveram sempre na base de todas as heresias, desde o arianismo, passando pelos cátaros e pelos templários até à franco-maçonaria. Com o nascimento do protestantismo, Mazarin em Julho de 1659 fez destruir o seu [dos descendentes merovíngios] castelo de Barberie que datava do século XII (Nièvre, França). Esta casa não tem gerado através dos séculos senão agitadores secretos contra a Igreja…"[17]

    Segundo Plantard, em 1188 o Priorado de Sião ter-se-ia separado dos Templários, passando a operar às escondidas (Plantard chamou a esta separação "corte do olmo"), tornando-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo e pelo Papa Clemente V. Em 13 de Outubro de 1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. Este evento deu origem à superstição do azar nas sextas-feiras 13. Uma lenda diz que na noite anterior à detenção, um número desconhecido de Cavaleiros teria partido de França com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. Uma parte desses navios teria aportado na Escócia e os Templários ter-se-iam fundido noutros movimentos, fazendo sobreviver as seus ideais ao longo dos séculos seguintes.

    A Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião

    Plantard tinha várias razões para escolher o nome "Priorado de Sião" para a sua organização. O seu fascínio pelo esoterista Paul Lecour, fundador do movimento Atlantis, fizera-o entusiasmar-se pela sugestão de Lecour, que recomendara que a juventude cristã francesa rejuvenescesse os ideais da Cavalaria, fundando "priorados" regionais. Perto da casa de Plantard, em Annemasse, ficava a colina do Monte-Sião, o que explica que Plantard chamasse ao seu priorado o "Priorado de Sião". Mas Plantard sabia que, escolhendo este nome, também ganharia a vantagem de poder aproveitar a história de organizações mais antigas.

    Plantard escolheu datar a fundação do seu Priorado de Sião em 1099, na Terra Santa, porque se inspirara na Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião, uma congregação monacal do século XI.

    Diz o investigador francês Pierre Jarnac[18] que a Abadia de Nossa Senhora de Monte Sião, fundada em Jerusalém por Godofredo de Bulhão em 1099, tinha a sua residência de S. Leonardo na cidade de S. João de Acre. Em 1149, aquando do regresso da Cruzada, o rei Luís VII trouxe consigo alguns monges da Abadia do Monte Sião, que se fixaram no priorado de Saint-Samson de Orleães, propriedade da casa de Jerusalém. Esta doação foi confirmada pelo Papa Adriano em 1158. Contudo, na Terra Santa, a Abadia subsistiria por pouco mais de um século, porque uma acta de 1281 dá conta da existência de apenas dois religiosos de coro, que passariam a apenas um, em 1289. Adão, falecido no início de 1291, foi o último abade da Abadia de Nossa Senhora do Monte Sião em S. Leonardo de Acre. Neste ano, os Muçulmanos tomaram Acre aos Cruzados, o que deixou os religiosos de Monte Sião numa situação frágil. Os últimos monges que restava na Abadia mudaram-se para a Sicília, a convite do conde Roger e da sua mulher, a princesa Adelásia, ficando a residir em Saint-Esprit, perto de Catalanizetta.

    Na história desta pequena abadia, nada existe que a relacione com Maria Madalena ou com os Templários, conforme tem sido sugerido pela recente literatura sensacionalista. Plantard simplesmente resgatou alguns dados da história desta pequena abadia para tentar dar mais consistência história.

    O Grão Mestre

    Sir Isaac Newton, acusado por Plantard de ser o 19º Grão-Mestre.

    Leonardo da Vinci, alegado 12ª Grão-Mestre do Priorado de Sião.

    O Priorado de Sião era encabeçado por um Nautonnier, palavra francesa equivalente a Grão-Mestre na língua portuguesa. Outro fato polêmico referente ao Priorado de Sião era a sua liderança, que segundo Plantard seria conferida a grandes nomes da ciência e da cultura mundial. A lista mais provável dos líderes do Priorado de Sião, publicada por Plantard no documento Dossiers Secrets d'Henri Lobineau em 1967, é a seguinte:

    1. Jean de Gisors (1188–1220)
    2. Marie de Saint-Clair (1220–1266)
    3. Guillaume de Gisors (1266–1307)
    4. Eduardo I de Bar (1307–1336)
    5. Joana de Bar (1336–1351)
    6. Jean de Saint-Clair (1351–1366)
    7. Branca de Évreux (1366–1398)
    8. Nicolas Flamel (1398–1418)
    9. Renato d'Anjou (1418–1480)
    10. Iolanda de Bar (1480–1483)
    11. Sandro Botticelli (1483–1510)
    12. Leonardo da Vinci (1510–1519)
    13. Carlos III, Duque de Bourbon (1519–1527)
    14. Ferrante I Gonzaga (1527–1575)
    15. Luís de Nevers (1575–1595)
    16. Robert Fludd (1595–1637)
    17. Johann Valentin Andrea (1637–1654)
    18. Robert Boyle (1654–1691)
    19. Sir Isaac Newton (1691–1727)
    20. Charles Radclyffe (1727–1746)
    21. Príncipe Carlos de Lorena (1746–1780)
    22. Arquiduque Maximiliano Francisco da Áustria (1780–1801)
    23. Charles Nodier (1801–1844)
    24. Victor Hugo (1844–1885)
    25. Claude Debussy (1885–1918)
    26. Jean Cocteau (1918–1963)

    Um documento posterior chamado Le Cercle d'Ulysse identifica François Ducaud-Bourget, um padre católico tradicionalista que Plantard havia caracterizado como o Grão-Mestre após a morte de Cocteau. Plantard é posteriormente identificado como o próximo Grão-Mestre.

    Quando os supostos segredos da sociedade foram tidos como uma conspiração por pesquisadores franceses, Plantard manteve o silêncio. Durante a sua tentativa de recriar o Priorado de Sião em 1989, Plantard procurou distanciar-se da primeira lista de Grãos-Mestres e publicou uma segunda suposta lista de Mestres:

    1. Jean-Tim Negri d'Albes (1681–1703)
    2. François d'Hautpoul (1703–1726)
    3. André Hercule de Fleury (1726–1766)
    4. Príncipe Carlos de Lorena (1766–1780)
    5. Arquiduque Maximiliano Francisco da Áustria (1780–1801)
    6. Charles Nodier (1801–1844)
    7. Victor Hugo (1844–1885)
    8. Claude Debussy (1885–1918)
    9. Jean Cocteau (1918–1963)
    10. François Balphangon (1963–1969)
    11. John Drick (1969–1981)
    12. Pierre Plantard (1981)
    13. Philippe de Chérisey (1984–1985)
    14. Roger-Patrice Pelat (1985–1989)
    15. Pierre Plantard (1989)
    16. Thomas Plantard de Saint-Clair (1989)

    Em 1993, Plantard reconheceu que ambas as listas eram fraudulentas quando foi investigado por um juiz durante o Caso Pelat.

    Na literatura

    O Código da Vinci, o romance mais popular de 2004, e os seus predecessores O Segredo dos Templários de Lynn Picknett e Clive Prince, e O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, de Henry Lincoln, Michael Baigent e Richard Leigh, retomam todos esses temas e constroem teorias de especulação histórica. Estas obras, apesar de populares, têm gerado fortes críticas negativas por parte dos meios académicos. Porém há relatos e provas históricas de que o Priorado de Sião era uma sociedade secreta e que não possuía documentos efetivos de sua existência. A teoria de Michael Baigent engloba vários fatos comprovados historicamente.

    Ver também

    Referências

  • Baigent, Leigh & Lincoln, 1982
  • Bill Putnam, John Edwin Wood, The Treasure of Rennes-le-Château. A Mystery Solved, Sutton Publishers, 2003.
  • lei francesa dos contratos de associação datada de 1 de Julho de 1901
  • [1]
  • Pierre Jarnac, Les archives du trésor de Rennes-le-Château, Éditions Belisane, Nice, 1988, pp. 543.
  • Pierre Jarnac, Les Archives de Rennes-le-Château, Tome II, Editions Belisane, 1988, p. 566.
  • Le Morte d'Arthur
  • Relativo à lenda de uma capela subterrânea sob o castelo normando do mesmo nome, que o jardineiro Roger Lhomoy afirmou ter descoberto em meados dos anos quarenta, mas sem nunca o provar.
  • Título original da primeira edição da Julliard (Paris) datada de 1967. Em 1968 saiu uma segunda edição, na editora J'ai lu, em formato de bolso, intitulada Le trésor maudit de Rennes-le-Château.
  • Ver a obra fundamental de René Descadeillas, Mythologie du Trésor de Rennes (1974), reedição Éditions Collot, Nice, Junho de 1991.
  • Tradução de Bernardo Motta, conforme original em francês na obra de Descadeillas, op. cit., pp. 67-68.
  • Ano de 1964, secção Histoire, p. 508, cfr. Descadeillas, op. cit., p. 68.
  • Tradução de Bernardo Motta, conforme original em francês na obra de Descadeillas, op. cit., p. 69.
  • Tradução de Bernardo Motta, conforme original em francês na obra de Descadeillas, op. cit., p. 76.
  • Os problemas de Plantard com a Justiça francesa no início da década de 90 principiaram em 1989, ano em que Plantard divulga uma "circular" do Priorado de Sião, na qual ele lamentava a recente morte, a 7 de Março de 1989, de Roger-Patrice Pelat. Nesta carta, datada de 8 de Março, Plantard referia-se a Pelat como o «nosso antigo Grão-Mestre». Em 1989, o caso passou despercebido, apenas agitando os diminutos meios esotéricos franceses. Contudo, em 1993, com a eclosão do escândalo financeiro envolvendo Roger-Patrice Pelat, o seu nome saltou para a actualidade política e judicial francesa. O então primeiro-ministro francês Pierre Bérégovoy recebera, em 1986, um empréstimo de um milhão de francos sem juros de Roger-Patrice Pelat para a compra de um apartamento em Paris. A 1 de Maio de 1993, Bérégovoy foi encontrado morto num canal em Nevers, tendo aparentemente cometido suicídio. A Justiça Francesa, pela mão do juiz Thierry Jean-Pierre, conduziu um processo de investigação em torno deste escândalo. No desenrolar do processo, o juiz Jean-Pierre recebeu, pela mão de Roger-René Dagobert, uma cópia da “circular" de Pierre Plantard de 1989, que mencionava o seu arguido como tendo sido Grão-Mestre de uma organização intitulada Priorado de Sião. Em Setembro desse ano, o juiz ordena a detenção e interrogatório de Pierre Plantard: após algumas horas, este confessa à Justiça ter inventado tudo acerca do Priorado de Sião. Uma busca à casa de Plantard revelou um imenso arquivo de documentação forjada durante uma vida inteira. Plantard foi considerado pelo Tribunal como um "mitómano inofensivo". O jornal francês Le Point (n.º 1112, 8-14 de Janeiro de 1994) noticiou o sucedido. Plantard recebeu uma ordem do Tribunal para parar imediatamente com a mitomania e com a propagação da sua farsa. Gravemente abalado com todo este processo, Plantard retirou-se pouco depois para o anonimato, tendo vivido praticamente incógnito, entre Barcelona, Perpignan e Paris, até à sua morte em Fevereiro de 2000. As informações sobre Plantard foram retiradas da obra de Jean-Luc Chaumeil, Le Testament du Prieuré de Sion, 2006.
  • Cfr. entrevista a Plantard feita por Jacques Pradel para a rádio 'France-Inter', a 18 de Fevereiro de 1982.
  • Tradução de Bernardo Motta. Este texto encontra-se num artigo intitulado "Faisons le point…", que se encontra numa forjada reprodução de uma “página 6” da edição de 22 de Outubro de 1966 de um inexistente periódico católico suíço, Semaine Catholique Genevoise. Esta reprodução forjada é parte integrante do conjunto de falsificações depositado por Pierre Plantard na Biblioteca Nacional de Paris (cota FOL LM3 4122), erroneamente atribuído a Léo R. Schidlof, intitulado Henri Lobineau – Généalogie des rois mérovingiens et origine des diverses familles françaises et étrangères de souche mérovingienne, d'après l'abbé Pichon, le Dr Hervé et les parchemins de l'abbé Saunière de Rennes-le-Château (Aude).
    1. Pierre Jarnac, op. cit., pp. 567-575, referindo-se ao artigo de E.-G. Rey, Chartres de l’Abbaye du Mont-Sion – Mémoires de la Société nationale des antiquaires de France, série 5, vol. 8, Paris, 1887.

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