Ex-presidente prestou depoimento à Polícia Federal sobre atuação do filho nos Estados Unidos; recurso enviado foi arrecado por doações via Pix
Nesta quinta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal na investigação sobre a conduta de Eduardo Bolsonaro – seu filho – nos Estados Unidos. Em entrevista à imprensa após o interrogatório, Bolsonaro afirmou ter enviado R$ 2 milhões a Eduardo. O ex-presidente disse ter feito isso para “não ver o filho passando dificuldade”. Informações do portal R7.
“Tem o financiamento do meu filho, não financiamento de qualquer ato ilegal. [Eduardo] pediu para mim: ‘Pai, estou com a esposa aqui, uma menina de 4 anos e um garoto de 1 ano — que são meus netos. Pode me ajudar?’. Ajudei, botei um dinheiro na conta dele, bastante até. E ele tá levando a vida dele. Dinheiro limpo, legal, Pix”, explicou Bolsonaro.
“Botei R$ 2 milhões na conta dele, porque lá fora é tudo mais caro, tenho dois netos. Ele está lá fora, eu não quero que ele passe por dificuldades. É muito? É bastante dinheiro. Lá nos Estados Unidos pode nem ser tanto, US$ 350 mil. Mas eu quero o bem-estar dele, e graças a Deus eu tive como depositar dinheiro na conta dele”, continuou o ex-presidente.
Bolsonaro foi questionado pela PF a respeito dos gastos com o filho, que mora em território norte-americano. Esse financiamento viria, segundo ele, de doações de apoiadores feitas via Pix. O deputado federal licenciado é investigado por supostas ações cometidas contra autoridades brasileiras fora do Brasil.
Investigação sobre Eduardo
Eduardo tem afirmado publicamente que busca, junto ao governo dos Estados Unidos, a imposição de sanções contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal. O parlamentar acredita que há uma perseguição política contra ele e o seu pai.
O deputado é investigado por coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A investigação foi aberta a pedido da PGR, que considera que as ações de Eduardo buscam intimidar as autoridades envolvidas nos processos contra o seu pai e aliados.
Depoimento de líder do PT
O requerimento da investigação sobre Eduardo foi apresentado à PGR pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele foi ouvido pela Polícia Federal nesta semana. Durante o depoimento, pediu à PF que o ex-presidente também seja investigado no caso.
Segundo Farias, o deputado está tentando “sabotar, obstruir ou interferir diretamente nas funções típicas do Poder Judiciário brasileiro”, em especial na ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe após as eleições de 2022.
O líder do PT entende que o ex-presidente é “responsável pela captação de recursos sob a justificativa de custear despesas jurídicas e pagar multas, mas com desvio de finalidade declarado, segundo suas próprias palavras, para manter Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e financiar a campanha estrangeira de ataque contra o STF”.
O deputado também pediu o bloqueio imediato das contas de Jair Bolsonaro para interromper possível coautoria material e financeira nos delitos em apuração, diante do risco de dissipação de recursos.
Outra solicitação do petista foi para que Bolsonaro tenha os sigilos bancário e fiscal derrubados. O requerimento preconiza, segundo ele, rastrear valores enviados ao exterior com indícios de desvio de finalidade para supostamente financiar ataques ao sistema de Justiça brasileiro.
Correio do Povo

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