Teerã rejeita as acusações e defende o uso nuclear para fins civis, sobretudo a geração de energia
O Irã "não está longe" de obter a bomba nuclear, disse o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), horas antes de sua chegada a Teerã para tratar do tema nuclear. Os Estados Unidos e outros países ocidentais suspeitam que o Irã quer obter a arma nuclear. Teerã rejeita as acusações e defende o uso nuclear para fins civis, sobretudo a geração de energia.
"É como um quebra-cabeça, eles têm as peças e algum dia podem juntá-las. Ainda falta para isso. Mas não estão longe, é preciso admitir", disse Rafael Grossi, em entrevista ao jornal francês Le Monde, publicada nesta quarta-feira (16).
Sua visita à capital iraniana ocorre dias antes de Irã e Estados Unidos realizarem uma segunda rodada de diálogos sobre o espinhoso tema nuclear. A AIEA, organismo da ONU sediado em Viena, é encarregada de verificar o caráter pacífico do programa nuclear iraniano. "Não basta dizer à comunidade internacional, "Não temos armas nucleares" para que acreditem. É preciso poder verificá-lo", acrescentou Grossi na entrevista.
O chefe da AIEA se reuniu com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, e na quinta-feira se encontrará com o diretor da Organização da Energia Atômica do Irã, Mohamad Eslami, segundo a agência de notícias Isna. As conversas indiretas entre Irã e Estados Unidos, cuja primeira rodada ocorreu no fim de semana passado em Omã, com mediação do sultanato, continuarão no próximo sábado em Roma, e não em Omã, reportou a TV estatal iraniana.
Abbas Araghchi disse, nesta quarta-feira, que o tema do enriquecimento de urânio "não era negociável" para Teerã.Na terça-feira, o enviado do presidente americano, Donald Trump, Steve Witkoff, instou Teerã a parar de enriquecer urânio como parte de qualquer acordo.
Na véspera, o enviado americano parecia indicar o contrário, quando se absteve de reivindicar o desmonte total do programa nuclear iraniano em entrevista à emissora Fox News. "Temos ouvido posições contraditórias" de parte de autoridades americanas, disse Araghchi, que estará na quinta-feira na Rússia para tratar do tema nuclear.
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, expressou, na terça-feira, sua satisfação com os diálogos recentes com os Estados Unidos, embora também tenha ressaltado sua desconfiança com seus interlocutores. A Rússia é um dos membros de um acordo nuclear internacional assinado com o Irã em 2015, mas que veio abaixo após a decisão dos Estados Unidos de deixar o pacto três anos depois.França, Reino Unido, China e Alemanha também fazem parte do acordo.
AFP e Correio do Povo
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