quinta-feira, 23 de maio de 2024

Os desafios da Casa de Cultura Mario Quintana para se reestruturar após enchentes

 Redução do nível da água permitiu realizar primeiras vistorias e limpezas

Começa limpeza da Casa de Cultura Mario Quintana após enchente 

Maria Laura Suñe*

Símbolo de Porto Alegre, a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) é um dos inúmeros espaços culturais que tentam se reestruturar após serem afetados pela enchente histórica. Localizada no centro da cidade, a CCMQ está realizando suas primeiras vistorias e forças-tarefas no local, em conjunto com a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Em razão da enchente ter recuado recentemente, ainda há muita lama, umidade e água, não sendo possível realizar um levantamento exato das perdas.

A diretora da Casa de Cultura, Germana Konrath, conta que foi realizada uma operação preventiva no dia 3 de maio, que consistiu em subir para andares superiores móveis e acervo. Ademais, não se sabe ainda qual o estrago sofrido na parte elétrica do prédio, pois o mesmo ainda encontra-se sem energia elétrica. "O nosso grande apelo é fazer essa força-tarefa para que consigamos reabrir a Casa de Cultura o quanto antes. Não só como um gesto de reabertura para a população, mas também para acolher e nos tornarmos uma referência nesse momento que as pessoas estão precisando de espaços de respiro", desabafa Germana.

A Cinemateca Paulo Amorim, situada no térreo, foi um dos espaços mais danificados dentro da CCMQ. Reformada no ano de 2019, o espaço sofreu o prejuízo com aparelhos de ar-condicionado, carpetes e poltronas de todas as salas - Paulo Amorim, Eduardo Hirtz e Norberto Lubisco. Segundo a diretora da Cinemateca, Mônica Kanitz, será um período de avaliação de danos e reconstrução do espaço. "Todos os dias temos frequentadores ligando demonstrando preocupação conosco. Agradecemos muito o carinho das pessoas, é um apoio importante que irá ajudar a superar essa situação", relata Kanitz.

Mario Quintana retratou as enchentes de Porto Alegre no ano de 1941, "Entrava-se de barco pelo corredor da velha casa de cômodos onde eu morava. Tínhamos assim um rio só para nós. Um rio de portas a dentro. Que dias aqueles! E de noite não era preciso sonhar: pois não andava um barco de verdade assombrando os corredores?", escreveu o poeta. Hoje, 83 anos após a tragédia, o espaço cultural em sua homenagem sofre do mesmo mal descrito pelo poeta, mas sem perder a esperança. "Dá uma sensação de tristeza, mas vislumbrar uma possibilidade de reabertura e saber que a vida tá minimamente normalizando gera um pouco menos de angústia", finaliza Konrath.

*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes









Correio do Povo

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